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4 conselhos de Satoshi Nakamoto, o criador do Bitcoin

1050 Bitcoins foram movimentados. Os bitcoins permaneceram inativos por mais de 10 anos, estaria Satoshi Nakamoto movimentando as moedas?

A figura de Satoshi Nakamoto ainda é um mistério, mas é inegável que o pseudônimo era muito inteligente e deixou, além do software do Bitcoin, uma série de reflexões e conselhos.

O criador da criptomoeda não simplesmente apresentou seu projeto para o mundo e sumiu, como alguns podem pensar. Ele fundou o fórum BitcoinTalk e foi ativo até dezembro de 2010, respondendo dúvidas e reunindo contribuidores para o Bitcoin se tornar cada vez mais descentralizado e robusto.

No site Instituto Nakamoto, você pode ver todas as interações públicas deste desenvolvedor anônimo na página “The Complete Satoshi“. Vale lembrar que o Bitcoin ainda estava em outro estágio de desenvolvimento, e muita coisa mudou, mas abaixo reunimos quatro bons conselhos de Satoshi que possuem imenso valor até hoje.

1 – Acumule alguns bitcoins

Ainda na lista de emails de discussão sobre criptografia, o criptógrafo Dustin Trammell disse que o Bitcoin chamou sua atenção por não precisar de intermediários de confiança para a realização das transações, mas o “verdadeiro truque” seria fazer com que as pessoas realmente valorizem os bitcoins para que se torne moeda.

Em resposta, Satoshi afirmou que “[O bitcoin] poderia começar em um nicho estreito, como pontos de recompensa, tokens de doação, moeda para um jogo ou micropagamentos para sites adultos. […] Pode fazer sentido apenas acumular alguns caso dê certo. Se muitas pessoas pensam da mesma maneira, isso se torna uma profecia auto-realizável.”

Quando o assunto é dinheiro, estamos inevitavelmente falando de confiança. No final das contas, o Bitcoin acabou vingando como uma moeda bem sucedida porque as pessoas acreditaram que isso poderia se tornar realidade. Uma pessoa só poderia aceitar BTC como forma de pagamento se ela enxergasse que mais alguém aceitaria esse ativo como valioso no futuro.

Considerando que esse comentário foi feito em 16 de janeiro de 2009, quando as moedas de bitcoin ainda não possuíam valor monetário, “acumular alguns” se tornou um excelente conselho. Mas se o futuro do Bitcoin for a adoção em massa, talvez juntar algumas frações ainda seja uma boa sugestão.

2 – Não reutilize endereços

Ao contrário do que costumava ser dito na mídia tradicional, o Bitcoin é uma rede completamente transparente e as transações podem ser rastreadas, mas não existe necessariamente um vínculo entre endereços e identidades – o que torna o Bitcoin pseudo-anônimo. No paper introdutório do Bitcoin, Satoshi explicou sobre a privacidade dos endereços.

Mesmo com todas as transações públicas, Nakamoto diz que “a privacidade ainda pode ser mantida interrompendo o fluxo de informações em outro lugar: mantendo as chaves públicas anônimas. O público pode ver que alguém está enviando uma quantia para outra pessoa, mas sem informações que vinculem a transação a ninguém.”

“Como um firewall adicional, um novo par de chaves deve ser usado para cada transação para evitar que sejam vinculadas a um proprietário comum. Alguns links ainda são inevitáveis com transações de várias entradas, que necessariamente revelam que suas entradas eram de propriedade do mesmo proprietário. O risco é que, se o proprietário de uma chave for revelado, a vinculação poderá revelar outras transações que pertenceram ao mesmo proprietário.”

Como ele resumiu em uma publicação no BitcoinTalk, o importante é entender que “para maior privacidade, é melhor usar endereços de bitcoin apenas uma vez.”. Dessa forma, quem for lhe enviar valores não fica sabendo seu saldo e você não possui a identidade facilmente ligada as movimentações de todas as moedas juntas. O uso da rede Tor, que dificulta o rastreio do seu IP também era aconselhada por Satoshi para aquelas pessoas que rodam o nó completo de Bitcoin.

3 – Mineração é um desperdício de energia? Desperdício é não ter Bitcoin

As alegações de que a mineração de Bitcoin não passam de um desperdício são antigas. Um post de agosto de 2010 chamado “A cunhagem de bitcoin é termodinamicamente perversa” foi respondida por Satoshi.

É a mesma situação com o ouro e a mineração de ouro. O custo marginal da mineração de ouro tende a ficar próximo ao preço do ouro. A mineração de ouro é um desperdício, mas esse desperdício é muito menor do que a utilidade de ter ouro disponível como meio de troca.

Acho que o caso será o mesmo para o Bitcoin. A utilidade das trocas possibilitadas pelo Bitcoin excederá em muito o custo da eletricidade usada. Portanto, não ter Bitcoin seria um desperdício líquido.

O proof-of-work, protocolo responsável pelo alto gasto energético relacionado a mineração de Bitcoin, cumpre uma função muito importante que é de manter a rede segura e descentralizada. E quanto maior for o custo energético para produção de novas moedas, com a entrada de novos mineradores no mercado, maior será o custo para atacar a rede com mais da metade do poder computacional dela.

Veja também: O Bitcoin não é inimigo do meio ambiente, como aponta a mídia tradicional

4 – Não confie em terceiros

Sua proposta inicial sempre foi muito clara, diferente de outras falhas tentativas de criar uma moeda digital, como a DigiCash, o Bitcoin buscou se tornar um meio de pagamento de ponto a ponto, sem a necessidade de um intermediário de confiança.

Para Satoshi, só assim o dinheiro seria realmente seguro. Em publicação na Fundação P2P, ele diz que “a raiz do problema com a moeda convencional é toda a confiança necessária para fazê-la funcionar. O banco central deve ser confiável para não desvalorizar a moeda, mas a história das moedas fiduciárias está cheia de violações dessa confiança”.

“Os bancos devem ser confiáveis para manter nosso dinheiro e transferi-lo eletronicamente, mas eles o emprestam em ondas de bolhas de crédito com apenas uma fração na reserva. Temos que confiar neles nossa privacidade, confiar neles para não permitir que ladrões de identidade suguem nossas contas”, continua Nakamoto.

Mas quando estamos pensando no ecossistema atual do Bitcoin, vemos que um massivo número de moedas estão sendo custodiadas com os prestadores de serviço como exchanges, muitas vezes alvos de hackers. Além disso, alguns usuários movidos pela ganância abrem mão da custódia para esquemas duvidosos que prometem altos lucros em pouco tempo.

O problema, porém, é a possibilidade de nunca mais ter acesso aos seus fundos. Não negligencie a segurança dos seus bitcoins, usufrua da possibilidade de realizar a própria custódia com segurança e evite “a raiz do problema” da moeda tradicional com o Bitcoin.

Leia mais: CEO do Twitter arrecada R$ 14,5 milhões com um único tweet, veja como

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