Receber bitcoins sempre no mesmo endereço parece mais cômodo, mas é considerado uma prática ruim para a privacidade. O próprio criador do Bitcoin, Satoshi Nakamoto, foi um dos primeiros a avisar sobre os riscos da reutilização de endereços.
Em um estudo publicado pela BitMEX Research na quinta-feira (3/02), foi revelado que atualmente metade dos endereços que recebem BTC já foram utilizados anteriormente. A métrica já foi pior, alcançando 75% em 2013.
Por que a reutilização de endereços é uma prática ruim?
A reutilização de endereço é quando o bitcoin é enviado no blockchain para um endereço que já recebeu bitcoin no passado. De acordo com o braço de análise on-chain da BitMEX, essa não é só uma prática ruim para a privacidade, como também para a segurança.
“A reutilização de endereços é uma heurística que permite que analistas vinculem usuários individuais a vários pagamentos com um alto grau de certeza (se você usar o mesmo endereço novamente, pode-se presumir que você é a mesma pessoa ou entidade). Portanto, do ponto de vista da privacidade, considera-se fundamental manter a reutilização de endereços o mais baixa possível.”, diz o relatório.
Ao facilitar o trabalho de análises conduzidas por Chainalysis, Elliptic e outras empresas similares, as más práticas de privacidade prejudicam não só o próprio usuário como os demais participantes da rede. Em última instância, a importante característica monetária de fungibilidade do bitcoin é minada.
O que a pesquisa da BitMEX descobriu?
Quando o Bitcoin ainda carecia de bons softwares de carteiras, a reutilização de endereços era absurdamente alta, depois foi gradualmente caindo até os níveis de 50% atualmente. Porém, em 2019 houve mais um pico de más práticas percebidas on-chain, antes de melhorar de novo a partir de 2020.
A reutilização de endereços na mesma transação, em termos gerais, seguiu um padrão semelhante à reutilização total de endereços, talvez cerca de 6 vezes menor em volume.
Essa prática foi praticamente inexistente em 2011 provavelmente porque ainda não existiam carteiras que enviavam o valor de troco das transações para um endereço já utilizado por padrão, além do volume de transações da época ser pequeno.
A BitMEX também analisou o valor das saídas enviadas para endereços que foram reutilizados. E aqui morou a maior preocupação dos pesquisadores.
“Os dados aqui são mais voláteis, como seria de esperar ao usar o valor, no entanto, há uma tendência clara. Houve um crescimento muito forte na reutilização de endereços por valor de transação desde o lançamento do Bitcoin.
O crescimento acelerou acentuadamente desde 2016 e, em 2022, mais de 80% dos gastos com Bitcoin foram enviados de volta para o mesmo endereço de onde vieram na mesma transação. Isso significa que para mais de 80% do gasto por valor, não houve transferência econômica de valor e o gasto foi relacionado à mudança de volta para o remetente ou alguma forma de consolidação de saída.”
A explicação mais plausível foi atribuir esse aumento significativo às corretoras de bitcoin, que são dominantes em termos de valor de transação e têm pouca preocupação com a privacidade.
As exchanges constantemente consolidam suas transações em uma mesma saída ou realizam saques para clientes com grandes quantidades de troco voltando para um mesmo endereço da empresa.
Como conclusão do estudo, a quantidade de reutilização de endereços foi considerada alta e os analistas enxergam muito espaço para melhora. Por outro lado, os dados por volume indicam uma grande adoção real de usuários.
Uma solução simples para esse problema é a criação de PayNyms, que são códigos que podem ser compartilhados apenas uma vez, mas que dão aos usuários diferentes endereços de recebimento.
O PayNym serve como um código especial que nunca muda, ele pode ser compartilhado em público e quando escaneado, ele vai gerar um endereço de bitcoin único e nunca usado. Veja mais sobre essa solução no Review que fizemos no Cointimes sobre a Carteira de Bitcoin Samourai Wallet.
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