Carlos Eduardo de Freitas, economista e ex-diretor do Banco Central do Brasil, fez fortes declarações sobre o futuro da economia brasileira nesta terça-feira.
Em declarações ao OAntagonista, Freitas criticou fortemente o programa Renda Cidadã do presidente Jair Bolsonaro:
“O governo dá a impressão de que abdicou, de uma vez por todas, do desenvolvimento econômico. A economia vai ficar estagnada e o governo vai fazer assistencialismo para evitar uma situação social caótica. Ou seja, a própria ideia de Renda Cidadã é péssima.”
Segundo ele, a contabilidade criativa do governo para furar o teto de gastos passa uma péssima imagem para os investidores, o que pode acabar impactando a geração de emprego no pós-pandemia.
De acordo com o economista Fernando Ulrich, da Liberta Investimentos, o governo não vai cortar nenhuma despesa para implementar o Renda Cidadã. Em vez disso, deve se postergar ou diminuir os pagamentos dos precatórios, outra dívida do governo.
“A dívida permanece, não é redução de gasto. O mercado então tá dando o seguinte recado para o governo: ‘Olha, não colou. Para nós investidores isso significa ainda problemas fiscais, não é solução para os gastos que continuam elevados e algo precisa ser feito. Se não, a curva de juros vai aumentar mais ainda’.”
disse o Ulrich.
Como resultado das medidas, o Ibovespa caiu 2,41% ontem e hoje continua no negativo (0,49%). Enquanto o dólar teve alta de 1,42% e já está sendo negociado a R$5,67.
Bitcoin, proteção contra irresponsabilidades do governo
O clima de irresponsabilidade fiscal amedronta o mercado financeiro tradicional. Contudo, um pouco distante da Faria Lima um grupo de investidores comemora a alta do dólar.
São os bitcoiners, acumulando alta de 69% do começo do ano até agora, o criptoativo foi impulsionado pela desvalorização do real, que no primeiro trimestre foi a pior moeda do mundo em relação ao dólar.
Assim como na Argentina e Venezuela, investidores brasileiros estão se protegendo dessa desvalorização investindo em uma moeda forte, o bitcoin.
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