O conhecimento sobre a existência do bitcoin está cada vez mais disseminado, e o que vimos acontecer em 2017 foi que o aumento do número de usuários acompanhou o preço da moeda, que chegou a um topo histórico próximo dos US$20 mil, cerca de 1700% de apreciação em relação ao ano anterior.
Foi então que economistas, investidores e observadores passaram a questionar: bitcoin é bolha? Muitos estudiosos acreditam que sim, pois os movimentos de preço tiveram um vigor fora do comum, e se assemelham bastante ao caminho de valorização que as bolhas financeiras do passado tomaram. Qual é, então, a diferença entre o que houve com o preço do bitcoin e uma bolha financeira?
Uma bolha financeira apresenta quatro fases.
1.Discrição
Aqui, o ativo ainda não é muito difundido, e os poucos conhecedores operam mais discretamente. Assim, as oscilações acontecem mais naturalmente, com topos e fundos, e alguns movimentos anormais esporádicos, seja por causa de uma notícia, ou porque houve uma praga na safra de uma commodity específica, por exemplo.
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2.Consciência
Nessa fase, acontece uma valorização um pouco mais expressiva, pois o ativo recebe uma atenção maior dos chamados “money makers” – grandes investidores com boa captação de tendências, que injetam valores altos, e o preço começa a ganhar impulso.
3.Modismo
Nesta fase, a notícia da valorização se espalha, e pessoas com grande interesse especulativo vêm como num efeito manada, trazendo um crescimento anormalmente acelerado. É comum nessa fase a chegada de pessoas que pouco conhecem do ativo e sequer de investimentos, que entram porque ouviram falar que seria possível ganhar dinheiro. Também é comum acontecerem operações com contratos futuros, ou seja, de vendas de um ativo que ainda não foi adquirido
4.Decepção
Aqui, as pessoas começam a realizar seus lucros, as subidas expressivas param de acontecer, a tendência se reverte e, mesmo com algumas corrigidas, o preço cai rapidamente e com ainda mais força que a subida na época do boom.
Para que todas essas fases ocorram, e um movimento financeiro seja caracterizado como uma bolha, há um fator importante a ser considerado: os compradores agem racional e corretamente, mas a base do valor embutido no ativo é falha. Imagine que o valor de mercado (preço médio) de uma garrafa de vinho é 50 reais. Então, um vendedor oportunista oferece a algum cliente desinformado que este vinho está na promoção por 60, porque no mercado só seria encontrado por 90, em média. Então, esse cliente aceita a proposta, e pensa que em revender por 80, pois ainda estaria abaixo do valor de mercado dito pelo primeiro vendedor, e ele receberia um lucro de 20 reais.
E assim, pouco a pouco, a notícia de valorização do vinho se torna conhecida, o vinho se torna um ativo presente nas negociações de mercado futuro, e em diversos portais de especulação e seu preço passa a subir desenfreadamente, sem fundamento sólido. A partir do momento em que se percebe coletivamente a anormalidade daquele nível de preços, chega-se na fase de decepção citada anteriormente.
Para responder à pergunta sobre o que há de diferente entre uma bolha e o bitcoin, comecemos pelo fato de que foi arquitetado para ser uma moeda, ou seja, atuar como reserva de valor, unidade de conta e meio de troca.
A comunidade de criptomoedas costuma utilizar o termo “ouro digital” para se referir à nossa principal criptomoeda da atualidade, pois com tanta volatilidade, ainda não pode ser denominada moeda, visto que não possui as três utilidades citadas acima. E é com esse paralelo que trazemos a primeira razão pela qual não se trata de uma bolha: o bitcoin é escasso, assim como o ouro. Esse fator limitante nos diz que o seu valor um dia se estabilizará. Em economia, se diz que seu crescimento marginal, em quantidade, é negativo. Isto quer dizer que o aumento da oferta de bitcoins via mineração é cada vez menor, até que se estabilizará na quantidade mais próxima possível de seu limite superior: ~21 milhões de unidades, como ilustra o gráfico abaixo.
Outra semelhança com o ouro é que este apresentou problemas de logística, quando se tratava de valores mais elevados. O bitcoin, apesar de ser escasso e se mostrar uma ótima maneira para remessa de valores, sofre com o entrave estrutural da escalabilidade. Se somente uma parcela ínfima o transaciona e ainda assim há demora relativa, e fees (taxas) maiores para quem deseja passar à frente na confirmação do blockchain, a utilização da criptomoeda em larga escala e rotineira (mesmo com as soluções superficiais como o segwit) parece distante.
Um terceiro ponto de convergência entre bitcoin e ouro é que ambos são economicamente atrativos para comerciantes. E são atrativos porque há confiança no valor do ouro, já com relação ao bitcoin, enquanto reserva de valor, estamos vendo a confiança aumentar cada vez mais – mesmo após a queda de preços dos últimos meses. Principalmente porque as taxas baixas de transação o tornam bastante atrativo: se um restaurante aceita cartão de crédito, por que não incluir também o bitcoin como forma de pagamento, e ainda economizar cerca de 2% nas taxas?
Externalidade de rede e o valor intrínseco a uma moeda
O valor de uma moeda que tem confiança é explicado pelo que os economistas chamam de Externalidade de Rede. Esse termo explica que esse valor existe e é cada vez mais sólido à medida que mais pessoas utilizam a moeda em questão. É a partir da Externalidade de Rede que se explicam a aceitabilidade e valoração de moedas como o dólar, por exemplo: se ninguém acreditar nele, não terá mais valor. O mesmo ocorre com o ouro.
É também esse conceito que o aumento que tem acontecido no preço do bitcoin, pois à medida que mais pessoas o conheceram, caíram as incertezas e o medo de adquiri-lo, maior seu preço. Estas variáveis seguravam, portanto, o potencial de valoração da criptomoeda.
Hoje, cada vez mais pessoas estudam e entendem seu conceito, transacionam com ele, e o aceitam enquanto reserva de valor. Talvez não possamos chamá-lo de moeda, por enquanto, uma vez que, das 3 funções exercidas por uma moeda propriamente dita – reserva de valor, unidade de conta e meio de troca -, a terceira ainda não é efetiva.
No entanto, como o ouro funcionou até que surgisse meio de pagamento mais avançado estruturalmente – papel-moeda e sistema bancário e financeiro -, a tecnologia do blockchain trazida pelo Bitcoin já trouxe o fundamento técnico para que novas tecnologias mais avançadas resolvam seu problema de escalabilidade – talvez até com uma outra criptomoeda mais evoluída. Enquanto isso, o “ouro digital” pode continuar existindo e sendo aceito enquanto reserva de valor e unidade de conta, e uma revolução para uma economia tokenizada pode já ter se iniciado.
Todo esse comparativo com o ouro nos desenha várias razões para que o preço do bitcoin tenha aumentado extraordinariamente, e a partir de agora, a expectativa é de um mercado de criptomoedas cada vez mais maduro, que dificilmente levará o bitcoin a um pico tão exorbitante. E muito provavelmente seu preço chegará, isso sim, a um equilíbrio, à medida que sua oferta de moeda se aproxima dos 21 milhões.
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Matéria com boas explicações só que a conclusão foi a mais idiota possível:
‘dificilmente levará o bitcoin a um pico tão exorbitante’
Isso, somente se voce nao acredita no bitcoin e acredita que todos devem largar em breve ou que ele jamais crescerá acima do que se encontra hoje.
Segundo algumas estatísticas, mesmo em no pico de dezembro, havia entre 2 a 5 milhoes de usuarios de bitcoin, mesmo que arredondasse pra cima 7 milhoes de usuarios, isso é 0.1% da população e devido ao numero limitado e escasso do bitcoin, quanto mais procura existir, maior será o valor.
Entao imagine se um dia 10% da população utilizar bitcoin, isto é, mais de 100x o numero aproximado dos dias de hoje? Isso sendo bem conservador, pois há quem acredito, que o bitcoin possa exterminar as moedas fiduciária em um futuro nao muito distante, podendo chegar o dia em que talvez uma parcela muito grande da população mundial tenha interesse em utilizar e adquirir o bitcoin, se este dia chegar, espere bitcoin acima de $1 milhão de dólares.