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Bitcoin se torna alternativa para Argentina economicamente fraca

Argentina Bitcoin

Em meio a inflação alta, enormes dívidas e outros problemas econômicos, o Bitcoin bate novas altas históricas na Argentina, com a cotação cerca de 84% mais cara que no resto do mundo. Na Ripio, uma as maiores exchanges de bitcoin da Argentina, o BTC é negociado a 2,9 milhões de pesos argentinos (cerca de 35 mil dólares).

Um outro dado que comprova o crescimento das criptomoedas no país é a quantidade de usuários da corretora. Desde o início do ano até hoje, ela saltou de 400 mil clientes para cerca de 1 milhão. Conforme Juan Mendez, o diretor de marca da Ripio revelou à Coindesk, cerca de 70% dos usuários são argentinos, enquanto o restante vem principalmente do Brasil.

Já o volume da exchange cresceu em dez vezes desde o ano passado. “Estou com a bolsa desde o início e nunca vi esse tipo de crescimento. Isso é maior do que o pico de operações e demanda de 2017”, disse Mendez.

Veja também: Bitcoin dispara para R$165.000 na Argentina com criação de imposto

Argentinos buscam o Bitcoin como alternativa

O que você faz quando sua moeda está desvalorizando rapidamente? Sem pensar duas vezes, a resposta de muitos seria comprar o máximo de dólares que você pudesse para proteger suas economias. Porém, o governo argentino limitou a compra de dólar, e acabou por tornar o Bitcoin a melhor segunda alternativa.

Diferente da maior parte do mundo, na Argentina as pesquisas por “bitcoin” no google já estão quase alcançando o pico anterior de 2017.

pesquisas no google para Bitcoin na Argentina. Fonte: Google Trends

Junto com a Ripio, outras exchanges de criptomoedas que operam na Argentina tiveram um crescimento recorde em 2020, com algumas experimentando altas históricas nos volumes de negociação na segunda metade do ano.

A exchange Bitso, com sede no México, que expandiu as operações para a Argentina em fevereiro deste ano, já viu um aumento de 68% nos volumes de negociação na plataforma no terceiro trimestre de 2020 em relação ao segundo. A mudança da Bitso para a Argentina também ajudou a plataforma a ultrapassar a marca de 1 milhão de usuários no início deste ano.

A plataforma de negociação de bitcoin ponto a ponto (P2P) LocalBitcoins também teve um aumento de 547% no volume de negociação entre agosto de 2019 e agosto de 2020, com uma alta de mais de US$ 1 milhão em bitcoins negociados na segunda semana de agosto deste ano.

Outra plataforma P2P, a Paxful, teve um volume de negociação quase inexistente nos últimos cinco anos, mas as negociações aumentaram este ano, registrando um aumento colossal de 60.641% de setembro de 2019 e setembro de 2020.

O crescimento sem precedentes nas negociações argentinas se reflete em uma tendência regional mais ampla, já que LocalBitcoins e Paxful também registraram altas recordes em várias nações da América do Sul, incluindo Chile, Colômbia e Bolívia. Os negócios na região estão tão bons que, na quarta-feira, a Bitso levantou US$ 62 milhões para financiar sua expansão para o Brasil.

O aumento no uso de criptomoedas está ocorrendo em um cenário de devastadoras consequências econômicas da pandemia COVID-19, com o Banco Mundial declarando a América Latina e o Caribe as regiões mais “atingidas” do mundo.

Em vez de impedir o uso de criptomoedas, a combinação da corrida do preço do bitcoin, as economias inflacionárias criadas por países que tentam desesperadamente mitigar os efeitos da pandemia e a pressão por pagamentos digitais mais rápidos (especialmente para remessas internacionais) impulsionaram a adoção na América do Sul este ano.

Dentro desse cenário, a Argentina se destaca.

Em comparação com economias hiperinflacionárias como a Venezuela – cuja economia deve encolher 6,8% em 2020 – a Argentina parece ainda pior para o desgaste, em parte graças a uma longa e complicada história econômica. Em maio, o governo perdeu o pagamento de US$ 503 milhões em juros sobre títulos em dólar emitidos sob a lei de Nova York, colocando o país em seu nono calote de dívida soberana em sua história.

O PIB do país deve contrair 12% este ano, com quase metade de sua população vivendo na pobreza.

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