Se você já está no mercado de bitcoin há algum tempo, já deve ter visto alguém dizer que “o bitcoin cai para cima”. Isso porque embora a criptomoeda esteja apresentando ganhos exponenciais nos últimos anos, os críticos costumam enfatizar somente as baixas.
Aos olhos de quem só acompanha a mídia tradicional, a impressão que se tem é que o Bitcoin só cai, e mesmo assim fica cada vez mais alto.
A alta volatilidade de um mercado que ainda é relativamente novo, se compararmos com a tradicionalidade do ouro ou prata, torna o gráfico do bitcoin uma montanha russa perigosa para traders iniciantes e especuladores.
Mas os ganhos dos hodlers, aqueles que compram e seguram bitcoin independente de suas altas e baixas, tem se mostrado superiores aos investidores de ações, como veremos ao final deste artigo.
E embora inúmeros analistas estejam otimistas em relação ao preço do Bitcoin até o final do ano e para 2021, vou me arriscar a falar do possível cenário de baixa. Em 2017, tivemos uma alta absurda do Bitcoin impulsionada por investidores de varejo que entraram em FOMO (fear of missing out), que no caso seria o medo de perder a oportunidade de ganhar dinheiro.
Porém, o mercado de baixa os pegou de surpresa no início de 2018, fazendo que alguns vendessem com grandes prejuízos. Mas os que seguraram firme na sua tese de compra, com os ganhos de 2020 já estão novamente com lucro considerável.
Enquanto a maioria só se convenceu dos argumentos favoráveis ao Bitcoin quando saiu da boca de investidores institucionais como Paul Tudor Jones, os bitcoiners chegaram as mesmas conclusões anos antes. Não se trata de pura sorte.
Bitcoin ainda tem espaço para subir – e cair também
2020 foi definitivamente o ano dos investidores institucionais, com a Grayscale comprando mais bitcoins do que eram minerados em meados de maio. Hoje, após o PayPal mergulhar de cabeça no mercado de bitcoin, somente ele e o CashApp da Square são capazes do mesmo feito.
De fato o último halving do bitcoin, que aconteceu em 11 de maio deste ano, representou um choque muito forte na oferta de novas moedas em relação à crescente demanda, o que fez o preço subir exponencialmente. Para se ter uma ideia, um investimento no bitcoin traria um retorno 113 vezes maior que um aporte na ibovespa.
Isso significa que se o Bitcoin entrar em um mercado de baixa, ele precisa cair por volta de 76% para ficar no zero a zero com o índice das principais ações brasileiras.
A valorização do Bitcoin foi tão expressiva este ano, que mesmo se o preço cair em 38%, ele ainda terminaria o ano dobrando sua cotação em relação a primeiro de janeiro.
É exatamente por isso que, quando colocamos as coisas em perspectiva, não faz sentido que os críticos se deleitem com correções de preço após gigantescas corridas de touros.
Um exemplo clássico é do economista Samy Dana que criticou o Bitcoin na Rede Globo, e repete que avisou da “bolha de 2017”, antes do mercado baixista.
Mas como demonstra a planilha pública “Samy Dana Avisou“, o economista repete o discurso de que o Bitcoin é arriscado demais desde 2014, quando o preço estava em R$ 1.875 por bitcoin. Desde que ele “acertou” sobre 2017, o preço já subiu 415%.
Além disso, levando em conta que o Bitcoin subiu 200% até a máxima de 2017 desde o aviso “certeiro” de Dana, é complicado saber a diferença entre estar errado e estar certo na hora errada.
Se você é está chegando no mercado de bitcoin agora e caiu de paraquedas no Cointimes, primeiro entenda que isso não é uma recomendação de compra nem venda, e que valorização passada não garante retornos futuros.
Além disso, saiba que grandes quedas são comuns para a criptomoeda, pois é de fato um mercado muito volátil. Mas quando você enxergar a próxima “morte” do bitcoin e perceber que o preço continua alto, vai entender quando dizem que ele “cai para cima”.