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Comprar um Tesla com Bitcoin não faz o menor sentido, entenda

veículo elétrico da Tesla

A notícia de que a Tesla passou a aceitar bitcoin como forma de pagamento foi tão animadora que alguns entusiastas trocaram o sonho de adquirir uma Lamborghini por um carro elétrico de Elon Musk quando a moeda atingir novos patamares.

Infelizmente, comprar um Tesla com bitcoins não é interessante para o comprador, apenas para a empresa automobilística. E o motivo não é simplesmente que a compra seria basicamente trocar um ativo que está se apreciando por um que se deprecia com o tempo, a chave deste mau negócio está nos “Termos e Condições” da compra.

As “leis de limão”

Em um artigo para o Coindesk, o jornalista JP Koning explica que, nos EUA, existem leis para garantir que os compradores de carros com defeitos de fabricação recebam um reembolso ou uma recompra. Em documento intitulado “Owners Rights Notification“, a Tesla fornece a seus clientes uma longa lista de seus direitos legais, inclusive sobre esses regulamentos conhecidos como “leis de limão”.

As leis podem variar de estado para estado, mas no geral, se você compra um carro de US$ 50.000, por exemplo, e ele vem com defeito, o fabricante tem direito a algumas tentativas para repará-lo. Porém, se ele não tiver sucesso a lei pode ser acionada para que o consumidor receba de volta os 50 mil dólares.

“Portanto, quando a Tesla vende um carro novo de $ 50.000, não está apenas vendendo um pedaço de metal, plástico, borracha e uma bateria. Também está vendendo a você um relacionamento de longo prazo com Elon Musk. Ou seja, você está comprando a promessa dele – um IOU (sigla para “eu devo a você”) de vários anos em seu nome – de reembolsar $ 50.000 em dinheiro quando as condições das leis de limão do seu estado forem acionadas.”, diz Koning.

Porém, a história muda de figura quando o pagamento é realizado em bitcoins. Nesse caso, o comprador deve aceitar que, em caso de acionamento das leis de limão, a Tesla se reserva o direito de reembolsar o cliente em BTC ou a quantidade de dólares equivalente ao preço do produto na data da compra.

Uma captura de tela dos termos e condições de BTC da Tesla.

“Cara eu ganho, coroa você perde”

A justificativa para isso, é claro, é a volatilidade do Bitcoin, e o cliente deve assumir o risco da variação de preços da criptomoeda. Mas faz sentido assumir esse risco?

Se algum consumidor precisar do reembolso de seu carro elétrico de US$ 50.000, a Tesla tem duas alternativas: devolver exatamente a mesma quantidade de bitcoins pagos pelo carro ou 50 mil dólares em moeda fiduciária.

Se você for azarado o suficiente para pegar um carro com defeito, acabar precisando do reembolso e o Bitcoin tiver subido, pode ter certeza que você receberá um cheque de 50 mil dólares. Já se o preço do BTC estiver mais baixo, certamente receberá a mesma quantidade de moedas que pagou pelo carro, mas valendo menos.

De acordo com a revista focada em carros MotorBiscuit, a Tesla não é conhecida pela confiabilidade de seus carros, então a necessidade de um reembolso pode não ser tão incomum quanto parece. E para quem paga em bitcoin, é um excelente jogo para a empresa.

Enquanto os clientes bitcoiners arcam com todos os riscos de quedas no preço do bitcoin, a Tesla tem todos os benefícios de um possível aumento de preços. É uma aposta onde “cara eu ganho, coroa você perde.”

Outro caso de perca para o cliente é se ocorrer mais um fork como o Bitcoin Cash ou Bitcoin Gold, eles podem acabar ficando com a Tesla no caso de um reembolso. Fazendo com que o hodl seja sempre preferível, mas ainda assim a ideia de ter um carro que dirige sozinho é tentadora para quem está tendo retornos altos com Bitcoin.

Quer um Tesla? Você pode simplesmente comprar com dólares ou esperar por termos mais justos e amigáveis aos bitcoiners.

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