O fundo da Noruega
A Noruega é o país mais desenvolvido do mundo, com um IDH de 0,953 num máximo de 1,0 possível. Além disso, o país possui uma das maiores reservas de petróleo do mundo para uma população de 5 milhões de habitantes e também o terceiro maior produtor atrás apenas de Rússia e Arábia Saudita. Mas o que poucas pessoas sabem é que ela possui o maior fundo do mundo. Nesse post você vai conhecer mais sobre o fundo da Noruega, o maior do mundo.
Como eles conseguiram isso?
Desde os anos 70, o Petróleo se tornou a matéria-prima de maior importância para a indústria norueguesa, que fez a maioria da exploração de petróleo através de uma estatal chamada STATOIL e através de extratoras privadas, mas que pagavam uma pesada quantia de impostos para extrair o petróleo norueguês.
Nos anos 90 foi criado o Fundo Soberano Norueguês, que recebeu um aporte de US$300 milhões de fundos oriundos dos royalties da extração de petróleo. O objetivo desse fundo é garantir às gerações futuras o benefício da exploração do petróleo. Ou seja, financiar programas sociais e políticas públicas quando a extração do petróleo chegar ao fim.
Nenhum centavo do capital do fundo pode ser gasto, apenas os rendimentos desse fundo, que não são poucos. Ao contrário dos Árabes, o governo norueguês não deixou com que esse dinheiro tivesse sido injetado na economia. Enquanto capitais como Dubai parecem exibir uma visão futurista de uma cidade, com edifícios extremamente sofisticados e carros luxosos. Oslo, capital da Noruega, é uma cidade extremamente simples quando comparamos com as capitais dos países árabes.
Conservadorismo e visão do futuro
O governo norueguês pensava, na época da concepção do fundo, que uma economia não poderia ficar extremamente dependente de uma commoditie tão volátil como o Petróleo. Afinal, se o preço do petróleo cair acentuadamente, as receitas ficam comprometidas. Além disso, quando qualquer país descobre uma reserva de petróleo, invariavelmente ocorre um ciclo de expansão nesse setor. Mão de obra e recursos são deslocados para essa área de produção, porque ela é mais lucrativa e os salários são maiores, atraindo mais pessoas e empresas para esse setor.
Esse ciclo pode ser presenciado principalmente no Rio de Janeiro, mais especificamente na região de Macaé, que viu um crescimento acima do comum nos anos 2000. Contudo, com a queda do preço do barril do petróleo, somado à ingerência pública, todo aquele crescimento se esvaiu e investimentos na região foram liquidados ou desfeitos. Atualmente, segundo relatos de moradores, o município virou uma cidade fantasma perto do que era no auge do ciclo do petróleo.
O fundo norueguês funciona justamente para evitar esses ciclos, não é por acaso que é conhecido como um “hedge fund”, concebido com o objetivo de atenuar choques econômicos. Uma vez que não se pode controlar o preço do petróleo, é possível ao menos ter uma reserva de emergência para conseguir atenuar as perdas sem que haja prejuízo social e retração econômica.
Noruegueses com a vida feita e capitalismo de estado
Em setembro de 2018, o fundo alcançou US$ 1 trilhão, acumulando cerca de 1,5% da capitalização mundial. O valor acumulado do fundo renderia cerca de US$200 mil para cada cidadão norueguês caso ele seja dividido igualmente entre toda população. A maior parte do dinheiro está investida em ações das maiores companhias do mundo (66,2%) e o restante está investido em títulos de renda fixa (31,2%) e imóveis (2,6%).
O mais interessante é que para o bem ou para o mal, dependendo da posição política do leitor, o fundo intervém em políticas internas das grandes companhias nas quais ele investe. Por exemplo, o Facebook precisou desenvolver um algoritmo para combater fake news e click baits por solicitação do fundo, que detêm 0,71% das ações da rede social, o equivalente a US$ 3,64 bilhões.
O que temos aqui é um capital sendo gerenciado por um estado como se fosse uma empresa privada, em um modo muito semelhante ao chinês, o que é conhecido como capitalismo de estado. Apesar de a maioria dos recursos desse fundo estarem em ações, o fundo é considerado extremamente conservador.
Além disso, o fundo possui uma lista negra de empresas nas quais ele não investe por motivos éticos, tais como: empresas produtoras de tabaco e envolvidas em corrupção. A JBS, por exemplo, foi removida da carteira depois de se envolver em seguidos escândalos de corrupção.
Fundo Soberano Brasileiro
O Fundo Soberano Brasileiro foi criado com a intenção de amenizar choques econômicos com fim de estabilizar a economia. Foram aportados R$ 14 bilhões que ficaram alocados principalmente em títulos de renda fixa. Contudo, os gestores do fundo resolveram ser um pouco mais criativos e arriscar mais.
A equipe de Arno Augustin comprou nada menos que 12 bilhões de reais em ações da Petrobras. Pagou 29,65 reais pelas ações ordinárias e 26,30 reais pelas preferenciais e passou a ter 3,9% do capital da companhia. Além de não ter absolutamente nada a ver com os objetivos do fundo, esse investimento foi desastroso.
As ações da Petrobras perderam cerca de 40% de seu valor nos dois anos seguintes. Mas foi aí que surgiu o inexplicável. Arno e sua equipe inverteram a lógica mais básica que rege investimentos e decidiram vender tudo. Compraram na alta e venderam na baixa — e perderam 4,4 bilhões de reais.
Desde então, o fundo tem perdido sua importância a ponto de ter sua extinção sugerida por Michel Temer. Contudo, a proposta do presidente foi rejeitada na Câmara, que votou a favor da manutenção do fundo.
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