Enquanto a maioria dos fundos de criptomoeda focam em comprar bitcoin e esperar por grandes valorizações, os urubus buscam aqueles stakeholders de grande porte que estão passando por dificuldade e precisam se desfazer rapidamente de suas posições.
“Estamos pescando onde ninguém mais pesca”, disse Brian Estes, fundador da Off The Chain Capital, um fundo de investimento de US$ 40 milhões.
O fundo com sede na Flórida, nos EUA, se especializou em comprar ativos digitais de grandes investidores que buscam rápida liquidez devido a divórcios, perda de renda ou outras circunstâncias imprevistas.
De acordo com Estes, as baleias chegam a vender seus ativos com mais de 50% de desconto para a empresa. Em março, a Off The Chain adquiriu 1% da Polychain Capital de um ex-funcionário. Em 2019, Estes disse que comprou uma participação na empresa de capital de risco Digital Currency Group de um titular que precisava resolver o divórcio.
Atualmente, o fundo está negociando a compra de cerca de 1% da BitPay de um vendedor interessado e outra participação na exchange americana Kraken.
“O que fazemos é comprar ativos envolvendo blockchain a preços de liquidação de vendedores motivados”, disse Estes.
E existem muitos deles, mesmo com os preços de criptomoedas disparando novamente e setores como finanças descentralizadas, ou DeFi, atingindo picos de euforia.
Nos últimos anos, os investidores compraram bilhões em centenas de fundos de risco e milhares de projetos e startups do criptomercado que podem levar anos para amadurecer e não são fáceis de vender rapidamente.
O fundo também é o maior comprador dos créditos dos credores da Mt. Gox, pessoas que perderam bitcoins no famigerado hack de 2014 e precisam do dinheiro o mais rápido possível.
Além disso, a Off the Chain também afirma que descobriu uma maneira de “empacotar” moedas de bitcoin e ethereum em investimentos semelhantes a ações e vendê-los por meio de corretoras de valores.
De acordo com o CEO da empresa, o Bitcoin não precisa se valorizar para que eles obtenham lucro, apenas conseguindo esses descontos eles já ganham cerca de 40 a 60% em um ano.
A estratégia da Off The Chain difere de muitos outros fundos de cripto, que simplesmente investiram dinheiro no Bitcoin. Até julho, os fundos de criptomoeda registraram retornos acumulados de 57,2% no ano, de acordo com o rastreador de dados da indústria CryptoFundResearch, enquanto a Off The Chain retornou 93% durante no mesmo período, disse Estes.
O fundador da companhia começou em 1990 como corretor de ações institucionais na A.G. Edwards & Sons. Em 2004, ele iniciou sua própria empresa de consultoria registrada.
“Aprendi sobre o Bitcoin em 2014″, disse Estes. “Vindo das finanças tradicionais, pensei que era apenas uma fraude. Depois do hack do Mt. Gox, meus instintos de valor entraram em ação, comecei a fazer a devida diligência. Li o white paper do Satoshi e passei a entender.”
Estes vendeu sua empresa e começou a investir em startups de Bitcoin e criptomoedas, como Coinbase Inc., Digital Currency Group e Polychain. Já a Off The Chain foi iniciada por seu filho de 16 anos, mas com a sua orientação e o dinheiro da família. O fundo cresceu de 500 mil dólares para US$ 10 milhões no final de 2017.
Quando seu filho foi para a faculdade, Estes comprou o fundo e o abriu para investidores externos em agosto de 2019. A Off The Chain exige que seus 90 sócios limitados concordem com um período de indisponibilidade de um ano. A estrutura busca permitir que o fundo evite o destino dos muitos “vendedores desesperados” que encontram.
“Todos os nossos ativos são semilíquidos, exceto pela propriedade da GP em Polychain”, disse Estes. “Se fôssemos forçados a vender, precisaríamos aceitar valuations menores, mas planejamos manter nossos ativos até que se tornem totalmente líquidos. 50% do nosso portfólio estará 100% líquido em seis meses.”