O Bitcoin foi publicado como uma ideia em 2008, durante o auge da crise do subprime. Apesar de ser recebido com bastante ceticismo, o projeto foi percebido por alguns como uma tentativa de criar uma moeda verdadeiramente forte como o ouro.
Inclusive, acredita-se que suas características imutáveis poderiam ter impedido a crise de 2008 de acontecer. Então sendo o Bitcoin uma solução de moeda autêntica, à prova do controle estatal, ele está blindado contra crises globais?
Em um início de crise, vamos analisar o que aconteceu na prática com a bolsa brasileira e com o Bitcoin, durante o Corona Day e esta segunda-feira negra.
Corona Day, segunda-feira negra, bolsa e bitcoin
Em meio a sinais de uma crise de liquidez no mundo todo, é possível que esses dias de baixa não representem toda a queda que a bolsa vai sentir.
Mas em meio ao que houve, já podemos fazer uma comparação da performance do Bitcoin como um investimento e do índice bovespa.
Há dois meses, nós publicamos uma análise do economista Adeilton Filho, onde ele discorre sobre como a próxima crise poderia afetar o Bitcoin.
Na análise foi prevista uma inicial queda do Bitcoin correlacionada à queda da bolsa, afinal a especulação dos investidores representam boa parte da formação de preço do criptoativo.
A preparação para a queda da bolsa começou no dia 25 de fevereiro, quando o primeiro caso do novo coronavírus foi confirmado no Brasil. Devido ao Carnaval, a bolsa de valores só abriu na quarta-feira de cinzas (26), em uma forte queda.
Ficando conhecido como Corona Day (fazendo alusão ao Joesley Day), o Ibovespa desabou 7%, dando início a um certo pânico no mercado de ações. Enquanto isso, o Bitcoin também apresentou queda, cerca de 5,6%, apenas uma quarta-feira normal para um bitcoiner.
Mas então houve a falta de acordo na reunião da OPEP+, e a expectativa de mais queda no mercado, sendo a Petrobras a principal prejudicada, que derreteu 28,5%, o IBOV no entanto desabou 12,17%.
Com essa queda, o mais importante indicador do desempenho médio das ações do Brasil enxergou níveis não vistos desde o final de 2018.
Do Corona Day até esta segunda-feira (9), o bovespa enxerga uma desvalorização de 24,26%. Enquanto isso no mesmo período, o Bitcoin desvalorizou “apenas” 14,75%.
Além de cair bem menos, os níveis alcançados pelo BTC foram recentemente vistos em janeiro deste ano. Apesar de uma trajetória muito mais volátil, a performance do Bitcoin vem superando de longe as ações brasileiras.
Por outro lado, o milenar e tradicional ouro vem se provando como um excelente hedge, valorizando 1,7% neste período turbulento.