A credibilidade de Craig Wright – o empresário australiano que controversamente afirma ser Satoshi Nakamoto – sofreu ainda outro golpe.
Depois que uma lista de endereços de bitcoin que Wright forneceu como sendo de sua posse em um processo judicial em curso foi tornada pública, 145 dos endereços foram usados para assinar uma mensagem pública, chamando Wright de “fraude” e deixando claro que ele não os controla.
A mensagem criptografada prova que Wright mentiu
O processo judicial foi movido por Ira Kleiman, irmão do ex-parceiro de negócios de Wright, David Kleiman, e busca metade de 1,1 milhão de bitcoin (cerca de R$ 51 bilhões) que os dois supostamente mineraram nos primeiros dias da criptomoeda, além de propriedade intelectual.
O caso depende de saber se Wright pode provar que ele tem as chaves para o tesouro da criptomoeda.
Embora a lista de endereços tenha sido rapidamente selada novamente pela equipe jurídica de Kleiman, ela ainda existe no Court Listener e parece ter fornecido um meio para outra pessoa identificar um número de endereços nos quais de fato possui as chaves.
Isso, por sua vez, permitiu que eles assinassem uma mensagem com as chaves públicas dos endereços de bitcoin. Leia a mensagem:
“Craig Steven Wright é um mentiroso e uma fraude. Ele não tem as chaves usadas para assinar esta mensagem.
A Lightning Network é uma conquista significativa. No entanto, precisamos continuar trabalhando para melhorar a capacidade on-chain.
Infelizmente, a solução não é apenas mudar uma constante no código ou permitir que participantes poderosos forcem outros. Somos todos Satoshi”.
Alguns dos muitos endereços dos autos publicados no Court Listener são realmente usados para assinar a mensagem.
A mensagem foi trazida à tona no Reddit pela primeira vez, com a alegação de que os endereços são para bitcoin minerados em 2009 e que não foram movidos desde então.
A BitMEX Research twittou que havia tomado “uma amostra aleatória de 20” dos endereços e descobriu que eles não correspondiam às participações da mineradora de bitcoins “dominante” em 2009, que muitos pensam ser Satoshi.
Entenda o processo
Wright alegou no tribunal que seus bilhões em bitcoin foram mantidos para ele nos chamados Tulip Trusts, mas que ele não podia provar seu controle das chaves devido ao privilégio advogado-cliente. Ele foi acusado pelo juiz de “abusar” do privilégio de advogado-cliente de reter documentos e “ofuscar” os procedimentos em outras partes do caso.
Em agosto do ano passado, o juiz também descobriu que Wright havia argumentado de má fé, se perjurado e admitido provas falsas.
Em outro registro em 21 de maio, a equipe de Kleiman entrou com uma ação contra Wright, alegando: “Wright se envolveu em um padrão sustentado de perjúrio, evidência forjada, arquivamentos enganosos e obstrução – isso incluiu o envio de evidências falsas que, se não desmascarado, poderia resultar em requerentes sendo privados de seus dias no tribunal”.
Dizendo que os abusos são “inegavelmente direcionados ao objetivo singular de impedir que os autores prevaleçam no julgamento”, os réus buscam sanções e um julgamento padrão contra Wright.
Wright, por sua vez, espera levar novas testemunhas especialistas ao tribunal, um dos quais é considerado um “psicólogo clínico licenciado que estudou o Transtorno do Espectro do Autismo”.
Se o juiz decidir a favor de Wright sobre esse assunto, o Dr. Ami Klin “testemunhará que ele diagnosticou o Dr. Wright com Transtorno do Espectro do Autismo com altas habilidades intelectuais. O testemunho do Dr. Klin ajudará o júri a entender como essa deficiência afeta o comportamento.”
Outro especialista de Wright testemunharia se David Kleiman “tinha as habilidades e a experiência necessárias para escrever ou contribuir significativamente para o aplicativo de software Bitcoin original lançado em 2009”. A equipe de Kleiman está tentando bloquear as aparências das quatro testemunhas especializadas.