Os Bancos Centrais bateram recorde de compras trimestrais de ouro no Q3 de 2022, ajudando a demanda do metal precioso a crescer 28% a mais (excluindo OTC) com um total de 1.181 toneladas negociadas. Apesar disso, investidores relutam em investir no metal, entenda o porquê.
Demanda nos Bancos Centrais dispara
De acordo com o relatório “Gold Demand Trends Q3” a demanda por ouro retornou a níveis pré-pandemia com um crescimento de 18% no Q3 de 2022 em comparação a 2021.
O principal fator de alta se deve ao uso em joias (em verde no gráfico abaixo) que chegou a 523 toneladas, subindo 10% anualmente. O mercado também viu um crescimento de 36% na demanda de ouro para fabricação de moedas e barras (em roxo no gráfico).
“A Índia gerou grande parte da recuperação global da joalheria. Os consumidores urbanos foram o motor da demanda indiana no terceiro trimestre, incentivados pelo retorno aos níveis de atividade econômica pré-COVID. Os consumidores rurais estão também mais cautelosos, pois sua inflação ultrapassou a de seus pares urbanos.” – afirma o relatório.
Mas quem está mais sedento por ouro que os indianos são os Bancos Centrais.
O gráfico acima mostra a participação dos Bancos Centrais na demanda total do metal, sendo a maior trimestralmente no registro de dados do World Gold Council desde o ano 2000. Inclusive, desde o começo de 2022 até o momento a compra líquida dos BCs totalizaram 673 toneladas, a maior desde 1967.
Boa parte dessa demanda vem de países emergentes como Turquia, Uzbequistão e Cazaquistão. O Brasil foi o terceiro maior comprador de ouro em 2021, dobrando as reservas do ano anterior.
Devo comprar ouro? Alguns investidores fogem do metal
Apesar da demanda em alta por moedas, joias e nos Bancos Centrais, alguns investidores estão correndo do ouro.
A demanda no Q3 por investimentos em ouro caiu 47% yoy para 124 toneladas. Isso ocorre devido à redução de interesse dos investidores de ETFs; esses investidores são afetados pela força do dólar e aumento dos juros globalmente.
“A demanda de investimento divergiu em diferentes prioridades. Investidores de varejo compraram ouro como reserva de valor em meio ao aumento da inflação global, enquanto os investidores de ETF em ouro reduziram suas participações diante do aumento das taxas de juros globais.” – afirma o relatório.
Os pequenos investidores estão comprando mais ouro para se proteger da inflação que subiu globalmente, já os institucionais e aqueles que operam em bolsa de valores estão aproveitando a alta dos juros para comprar títulos do tesouro.
Apesar disso, se vermos um aumento na inflação, o relatório acredita que poderemos observar um aumento na venda de ouro pelo varejo:
“…um aperto nos rendimentos reais das famílias à medida que a inflação morde e os riscos de recessão também estão presentes uma maior probabilidade de venda em dificuldades, particularmente para grupos de baixa renda.”
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