Como mencionado em nossa série “Bitcoin e Investimentos”, o bitcoin não rende juros ou dividendos, diferentemente de aplicações em renda fixa ou ações, por exemplo. Neste sentido, 1 btc sempre será 1 btc, independentemente de quanto tempo você o guarde.
Pensando por este lado, o bitcoin possui mais características em comum com o ouro, por exemplo, do que com ações. O ouro é um bem escasso, assim como o bitcoin, e se você comprar 1 barra de ouro, ela sempre será 1 barra de ouro. O ouro é reconhecido como uma boa reserva de valor, e a opinião de muita gente é que o bitcoin também cumpre bem esse papel, sendo chamado por alguns de “ouro digital”.
Assim como em qualquer outro mercado, é possível especular com o ouro e bitcoin. Ambos possuem suas cotações de mercado, que são determinadas pela lei da oferta e demanda. O intuito deste texto é calcular o retorno mensal do bitcoin.
Obviamente é impossível prever o retorno que o bitcoin dará, mas podemos analisar o histórico de preços e retornos passados para definir seu retorno médio e sua volatilidade (representada pela dispersão – desvio padrão – dos retornos em relação à média).
RETORNO E VOLATILIDADE
Caso você já tenha intimidade com estes termos, pode pular e ir direto para análise de dados.
O retorno basicamente é a valorização que o bem teve em determinado período de tempo. No caso, analisaremos o período de 1 mês. Para calcular o retorno líquido:
Onde ri= retorno líquido, Vf = valor final (cotação do bitcoin no momento da venda), Vi = valor inicial (cotação do bitcoin no momento da compra).
O retorno médio é o somatório de ri dividido pela quantidade de observações:
A volatilidade, por sua vez, é uma medida de dispersão dos retornos em relação à média. No caso, a volatilidade será mensurada através do desvio padrão (σ) dos retornos em relação ao retorno médio:
ANÁLISE DE DADOS
Os dados analisados foram retirados do Yahoo Finance, desde julho/2010 até o dia 24/abril/2018, e filtrados na frequência mensal, já que o objetivo é determinar o retorno mensal médio do bitcoin.
O primeiro passo para calcular o retorno mensal médio é medir o retorno mensal de cada um dos períodos. Como o histórico é desde 2010, ao todo são 94 observações de retorno mensal. Plotei os dados em um gráfico para a visualização ficar melhor:
O eixo X representa as datas e o eixo Y representa o retorno mensal, em percentual, do bitcoin. Podemos perceber que o ponto mais alto no gráfico é próximo ao ano de 2014, onde o retorno mensal do bitcoin ultrapassou a marca dos 400%. Para ser mais preciso, este foi o retorno do bitcoin do dia 30/09/2013 até o dia 01/11/2013, onde a cotação saiu de 211,16 dólares para 1205,66 dólares, apresentando um retorno líquido de 470,94%.
Aplicando os retornos obtidos à fórmula do retorno médio, chegamos ao número 0,237309045, o que indica um retorno médio de aproximadamente 23,73% ao mês. Atenção: este resultado não significa que o bitcoin valorizará 23% todo mês, esta é uma mera análise do histórico de comportamento do ativo.
O desvio padrão é responsável por mostrar como os dados de retornos anteriores se comportam em relação à média, ou seja, quais seus desvios em relação à média. Como já podemos observar pelo gráfico, há uma discrepância muito grande entre os retornos mensais do bitcoin. Ao calcular, o resultado obtido é σ = 0,70695476361, indicando que o comportamento esperado destes retornos é de ±0,70695476361 em relação à média de 0,237309045.
Através destes dados é possível constatar que, apesar de apresentar um retorno médio mensal extremamente alto, o bitcoin também se mostra um ativo com alta volatilidade, como podemos observar pela dispersão dos retornos mensais em relação à média, tanto no gráfico quanto no valor de seu desvio padrão. Diante disto, faz sentido reforçar que bitcoin é um ativo de altíssimo risco, mas que faz total sentido entrar em seu portfólio de investimentos na hora de diversificação.