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O Bitcoin salvará os bancos – Entenda como

Menina de Wall Street x Touro

Já percebeu como muitos bancos mudaram sua atitude em relação ao Bitcoin nos últimos meses?  Títulos como “Banco alemão com mais de 200 anos criará fundo de bitcoin”, “banco que chamou bitcoin de ‘esquema’ lança plataforma de cripto”, “banco francês investe na LN do Bitcoin”, estão cada vez mais comuns e não é atoa. O Bitcoin pode ser a última esperança para os bancos. 

Mas a criptomoeda não está formalizada na ideia de “seja seu próprio banco”? Como os bancos podem lucrar com o bitcoin? E por que o BTC pode ser a última esperança desse setor? 

China ditando moda com CBDC

Antes de responder todas essas dúvidas vamos para a China. Por lá, o Partido Comunista desenvolveu um moeda digital que já é usada pelo equivalente a uma cidade de São Paulo inteira, coisa pequena para os chineses, mas grande o suficiente para entendermos como as coisas podem se desenrolar. 

Os chineses não criaram apenas uma moeda digital (CDBC), eles desenvolveram o sonho de todo economista defensor da teoria moderna do dinheiro, ser capaz de controlar milimetricamente os juros e todas as condições monetárias do mercado. Que tal diminuir os juros? Em vez de colocar liquidez nos bancos privados e esperar pelo melhor, agora o governo pode emprestar diretamente para a população com as taxas que bem entender via CBDC. 

App da carteira da moeda digital chinesa
Carteira da moeda digital chinesa

Investimentos? É só baixar o app do Partido Comunista e investir nas ações das empresas do ‘povo’.

Nesse novo mundo a conta bancária privada virou coisa do passado, suas compras são todas monitoradas com acesso direto do Banco Central da China. Se você for um bom cidadão poderá ganhar o privilégio de viajar, pegar um trem ou fazer uma compra qualquer. Além do mais, o PCC agora faz loteria diretamente pelo app da sua moeda digital, para quê Tele Sena se temos o poderoso Partido? 

Conta bancária, investimentos, sorteios, empréstimos… Não se engane, Estados Unidos, União Europeia e até mesmo o Brasil também pretendem criar a própria moeda digital. Depois que ela for lançada bastará um apertar de botão para as principais funções bancárias desaparecerem e irem parar nas mãos do BC. 

Bitcoin salvará os bancos?

Sobrou o quê para os bancos? Sobrou o bitcoin e as demais criptomoedas, os únicos ativos sem influência direta das políticas monetárias governamentais. 

“As pessoas pensam que os bancos odeiam o Bitcoin; Não, eles odeiam quando uma forma de dinheiro ou ativo financeiro escapa de sua capacidade de rehipotecá-lo e/ou cobrar comissões para negociá-lo. Também é provável que não seja a ameaça existencial aos bancos que algumas pessoas acham que é. O evento de nível de extinção para bancos comerciais não é Bitcoin ou qualquer outro ativo digital privado, é o seu governo doméstico permitindo que a população mantenha contas diretamente com o Banco Central”

Arthur Hayes, CEO da Bitmex.

Os banqueiros mais sagazes já entenderam a mensagem e estão investindo para ter participação neste mercado.

Como a moeda que prega “seja seu próprio banco” pode dar lucro aos banqueiros? Onde existirem comissões para negociação de bitcoin haverá um banco de investimento com uma cotação do BTC, segundo Arthur Hayes.

Bancos podem ganhar com Exchanges de bitcoin

Muitos acreditam que a parte mais lucrativa do bitcoin vem dos seus mineradores, nada mais longe da verdade. As exchanges de criptomoedas lucram com taxas de trade, saque, staking, savings e uma miríade de produtos novos lançados quase mensalmente. 

Estamos passando por uma fase de consolidação das corretoras. Muitas farão IPOs como a Coinbase, outras receberam investimentos privados como o Mercado Bitcoin e o Banco Plural e algumas exploram venda de tokens em blockchain como a Binance, Crypto.com e BitcoinToYou.

O poder das corretoras de criptoativos vai muito além do financeiro. Via staking elas conseguem comandar as principais decisões na política de diversos blockchains. Além disso, elas agregam grande capital intelectual, já que as pessoas cansadas do sistema bancário tradicional estão nas criptos. 

Resta saber se os bancos serão espertos suficientes para comprar as corretoras com desconto ou vão esperar até elas fazerem IPOs, se tornarem bancos e tomarem parte dos seus clientes millennials e da geração Z.

Lightning Network

Usar bitcoin como moeda é algo inviável, as taxas são altas e o tempo de confirmação é enorme. Aí entra a tecnologia da Lightning Network, uma segunda camada do bitcoin perfeita para os bancos.

A LN funciona por meio da imobilização de capital na cadeia principal, ela necessita de muita liquidez para garantir transações entre duas partes não conectadas diretamente (explicamos mais sobre a LN aqui). Esta camada precisará de hubs com muitos bitcoins para se tornar economicamente viável, estes grandes hubs usam seus btcs e ganham pequenas taxas por transação.

Advinha só, os bancos são especialistas em ganhar dinheiro como intermediários usando da sua liquidez.

De repente, os bancos voltam ao seu papel de intermediários, mas agora sem a capacidade de confiscar dinheiro. 

As novas “contas bancárias”

Isso nos leva a terceira maneira dos bancos ganharem muito dinheiro com o bitcoin. Atualmente a criptomoeda tem sérios problemas de UX, a experiência do usuário precisa ser melhorada para que sua avó possa usar bitcoin como usa o WhatsApp.

Não se surpreendam se daqui uns anos surgir uma Bitcoin Wallet by ‘Seu Banco Favorito Aqui’. 

Seguros contra hacks, armazenamento frio e staking serão oferecidos como serviços adicionais. 

Sidechains

O Bitcoin é péssimo em privacidade, velocidade de transação, taxas e não conta com diversas funções de concorrentes. Empresas como a Blockstream se aproveitam dessa falha para vender blockchains auxiliares, chamadas de sidechains, com outras funções mais avançadas. 

Há diversos tipos de sidechains e múltiplas maneiras de criá-las. As mais famosas no bitcoin são a Liquid e a RSK. Alguns bancos podem até mesmo fazer reservas fracionárias de btc se desejarem. 

Mais uma vez, os bancos ganham nas taxas de transação e fornecendo estrutura e equipamentos para instituições parceiras ou até mesmo clientes rodarem nós nesses blockchains auxiliares.

O Bitcoin não veio necessariamente para destruir os bancos e sim para reinventá-los e talvez até mesmo salvá-los da completa extinção. O cataclismo de uma moeda digital do banco central não parece tão distante, nem mesmo o clima político para diminuir o papel bancário. 

Se coloque na posição de um banqueiro bilionário, é mais fácil investir alguns milhões nessas fintechs de cripto ou esperar por elas devorarem sua clientela?

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