A história da economia é algo esclarecedor, estudando o passado podemos entender como o ser humano age no seu dia-a-dia e as implicações econômicas dessas ações.
Hoje vou mostrar como a primeira grande crise financeira registrada foi criada e o que ela tem a nos ensinar em um mundo computadorizado e robótico.
A economia Romana
Quando falamos em crises financeiras logo imaginamos nossos modernos índices caindo, trilhões de dólares sumindo e a fatídica imagens de influenciadores se dando mal.
Porém, no ano 33 DC no Império Romano as coisas não eram tão modernas, contudo, muitos conceitos atuais nasceram nessa época.
Por exemplo, a prática de guardar apenas uma pequena porcentagem do dinheiro depositado no banco era comum no Império. A famosa reserva fracionária.
A desvalorização da moeda, colocando mais prata em moedas de ouro, algo comum no Império, é comparável a ideia de imprimir mais papel-moeda para pagar dívidas.
Diferente do que vemos em filmes, a população do Império Romano vivia miseravelmente. Com um PIB equivalente a 33 bilhões de dólares, o império tinha um PIB per capita pior do que qualquer nação moderna.
Os romanos tinham aquedutos, um exército organizado e construções monumentais, mas eram uma civilização majoritariamente agrária. Ou seja, boa parte da população e do PIB vinham do campo.
A combinação dos fatores acima se uniram para criar a primeira crise financeira.
Enquanto Jesus assustava os vendedores de vinho da Galileia transformando a água, o Imperador Tibério desenterraria uma lei desastrosa.
Adivinha quem causou a crise?
Como falamos, a agricultura era essencial para a economia e um grande orgulho para os romanos. Por isso, Júlio César criou uma lei que obrigava os senadores a investirem parte dos seus ganhos com empréstimos em terras.
Mas sabe aquela lei que ninguém cumpre? Pois bem! A lei de César foi ignorada por muito tempo.
Pouco tempo depois da queda de Júlio César, assumiu Otávio Augusto, e o primeiro imperador teve a brilhante ideia de aumentar a produção agrícola com uma medida simples, diminuir os juros.
Segundo dados de um estudo de Harvard, Augusto diminuiu os juros de 12% para 4% na canetada. Isso te lembra alguém?

Como resultado, os grandes emprestadores tiveram que realocar seus recursos para partes distantes do império. Adicionalmente, o dinheiro que era emprestado começou sair do império para comprar produtos em outras regiões.
Por pressões de moralistas, Tibério teve que desenterrar a lei de César, e, sem surpresa, viu que nenhum dos 600 senadores estavam cumprindo-a.
Foi dado um período para os senadores se adequarem.
Ao mesmo tempo em que essa lei voltava a vigorar, um navio carregando grandes quantidades de ouro de um banco romano naufragou. As colheitas do ano também estavam em declínio.
A explosão da crise
Quando Publius Spencer tentou sacar 30 milhões de sesterces do banco Balbus Ollius, a empresa não tinha todos os recursos e acabou fechando.
Com a nova lei, os senadores (a classe mais rica de Roma) colocou mais pressão nos bancos que acabaram falindo um atrás do outro.
Crise imobiliária
Os bancos que sobraram começaram a pedir a devolução dos seus empréstimos. Como os próprios donos não tinham dinheiro, eles tiveram que vender suas propriedades.
Como resultado, tivemos uma crise imobiliária. O preço dos bens colapsaram e o pânico estava instaurado no império.
A diminuição da taxa de juros na canetada, o barco afundando com milhares de moedas, os senadores sendo obrigados a sacar grandes quantidades e o sistema de reservas confluíram para gerar a primeira grande crise da história.
O primeiro Bailout e Keynes FTW

Para remediar a crise, Augusto enviou para o senado uma ordem ao Banco Central.
Foi decretado que 100 milhões de sesterces fossem tirados do tesouro e distribuídos para bancos de confiança. Nenhum juro deveria ser cobrado por 3 anos.
Estima-se que essa injeção de liquidez equivaleu a ~10% do PIB romano, uma verdadeira fortuna para a época.
Basicamente o imperador injetou dinheiro na economia, não muito diferente do que o Banco Central está fazendo agora e fez em proporções menores na crise de 2008.
Ao reler a história da economia vemos diversas semelhanças com nossa realidade. Os imperadores criando leis horríveis continuam, as injeções de liquidez e até o dinheiro para os bailouts.
Será que não está na hora de um plano B?
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