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O papel da arte e da criatividade na construção dos negócios do futuro

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A humanidade vivencia um incrível movimento de transição na forma como as pessoas trabalham e se relacionam. De certa forma, essa mudança vem se desenhando desde a emblemática queda do muro de Berlim, em 1989, quando o então “mundo bi-partido” começou a ceder espaço para uma intrincada rede de conexões globais, que ignora barreiras e fronteiras.

A década de 90 trouxe consigo a exponencialidade da internet, que por sua vez estimulou aos mais atentos e idealistas realizarem discussões e projetos que carregavam na linha de frente o conceito da descentralização. Nesta época, surgia na região da baía de São Francisco, na Califórnia, um grupo de pessoas, os cypherpunks, que pensava como a internet poderia servir como elemento unificador de uma sociedade mais horizontal no que tange ao poder, controle e privacidade.

O final da primeira década do século XXI e os anos que nos acompanharam até hoje mostraram as consequências desses eventos inter-relacionados. Em 2008, veio o Bitcoin, a primeira rede de pagamentos descentralizada do mundo. No mesmo ano, foi lançado o GitHub, um repositório aberto de linhas de códigos de programação, que serviu como catalisador de milhões de aplicações. A partir de então, a descentralização começou a escorrer do mundo virtual para o mundo real.

Todas as grandes cidades do mundo atualmente possuem escritórios de coworking que são compartilhados por milhares de profissionais freelancers, que necessitam apenas de um computador, uma senha de wi-fi e uma caneca de café para trabalharem e atenderem a clientes espalhados por todo planeta.

Um relatório da consultoria Deloitte aponta que, em 2020, 50% da força de trabalho mundial será composta pelos millennials, aqueles nascidos entre a década de 80 e o início dos anos 2000. Essa geração encara a internet como algo tão sine qua non para a sobrevivência humana quanto água, comida e energia elétrica. Estudo feito pela empresa de software Intuit mostra que, também em 2020, 40% dos trabalhadores dos Estados Unidos serão freelancers. Não é preciso pensar muito para concluir que a maioria será composta pelos millennials.

As soluções descentralizadas também já impactam fortemente o mercado financeiro. As 10 maiores empresas do mundo estão estudando ou implementando alguma solução em blockchain, segundo a revista Forbes. O Bitcoin, o Ethereum e diversas outras plataformas descentralizadas são reais ameaças aos modelos de negócio centralizados.

Ethereum: uma análise completa

Como participante dos boards de museus em São Paulo e Nova York, percebo o aumento do protagonismo da arte contemporânea no mundo e na sociedade. De fato, a arte me ajuda a entender o meu tempo. Sinto-me um observador global privilegiado e estou absolutamente convencido que a arte fará a diferença neste mundo descentralizado e aberto que já começamos a experimentar e viver. Os artistas são as principais antenas dessa mudança de paradigma. Eles ajudam as pessoas a compreender e a sentir as diferenças estruturais e também as nuances dessa sociedade meio real, meio virtual e cada vez mais distribuída e diversa.

Compartilho da mesma opinião de Fred Wilson, um capitalista de risco norte-americano e fundador da Union Square Ventures, fundo que detém participação em várias empresas da emergente criptoeconomia. Para ele, os empreendimentos que geram mais valor são aqueles que integram em seus modelos de negócio e gestão os componentes da criatividade e inovação. “A revolução digital está se tornando algo mais sobre criatividade e menos sobre engenharia”, escreveu em seu blog.

Como bem assinala Rita Gunther McGrath, professora da Columbia Business School, a inovação é um processo e com metodologia é possível gerar inovação de maneira constante e sistemática. As tão desejadas vantagens competitivas das corporações estão se dissolvendo em alta velocidade. Por isso, é tão imperativo ser criativo e inovador para criar uma espécie de linha de produção de vantagens competitivas que nascem, se desenvolvem e morrem de forma natural.

A criatividade, a arte e o sensível farão a diferença no mundo e nos negócios. Empresas com times criativos, com diversidade de pessoas, ambientes, nacionalidades, ideias e que saibam trabalhar em conjunto com os engenheiros e desenvolvedores irão gerar transformação e terão mais valor.

Até mesmo no campo das artes temos visto a tecnologia alterar profundamente a forma como expressamos emoções. Basta pensarmos nas aplicações de realidade virtual e realidade aumentada para percebermos que a arte em si também também faz parte da revolução digital que nos ronda. Em Nova York, o New Inc é um exemplo vivo disso. Trata-se de um museu que atua como incubador de projetos que exploram novas ideias que estão na intersecção entre arte, tecnologia e design; um lugar onde artistas, programadores e empreendedores interagem e criam novas mídias e experiências.

Minha convicção é que negócios e pessoas que entendam esta nova dinâmica que envolve criatividade, prazer, trabalho e inovação construirão o futuro e serão destaques nas páginas da história no século XXI.

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