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Paul Krugman errou sobre a Internet e vai errar sobre as criptos

paul krugman

Paul Krugman está errado, para variar

Ontem o economista vencedor do Prêmio Nobel de Economia, Paul Krugman, teve um artigo publicado no New York Times com a sua opinião sobre as criptomoedas. Ele foi bastante duro e crítico em relação ao uso de criptomoedas e o seu propósito real.

Entretanto, muitos pontos levantados por ele demonstram o seu desconhecimento sobre criptomoedas. Antes de começar a responder os pontos do seu texto, eu vou responder a pergunta que ele deixa no último parágrafo: “Qual problema as criptomoedas resolvem?”.

O problema tecnológico resolvido pelas criptomoedas

Quem estudou superficialmente os fundamentos de qualquer criptomoeda é perfeitamente capaz de entender os problemas que elas resolvem. Começando pelo primeiro problema que as criptomoedas resolvem, que sequer é citado no artigo, o problema do gasto duplo.

A partir da resolução desse problema, é possível eliminar vários problemas inerentes a um dinheiro centralizadoAté então, o problema do gasto duplo só era resolvido através de soluções de pagamentos centralizadas, como PayPal, exigindo mais informações e aumentando os custos de transação em uma negociação.

Ou seja, era necessária a confiança em um intermediário para que a transação pudesse ocorrer com mais confiança, o que aumenta os custos e torna microtransações inviáveis.

O Bitcoin mudou isso completamente em 2008 através de sua tecnologia revolucionária: a blockchain. As transações, por sua vez, ocorrem baseadas em criptografia e matemática avançada. Agora os pagamentos podem ser realizados com a ausência de confiança em um intermediário.

Qualquer tentativa de gastar duas vezes a mesma moeda é sumariamente rejeitada através da verificação de um consenso estabelecido em uma rede mundial de computadores distribuída.

Mas como isso tudo impacta em um pequeno comerciante? Ao realizar uma venda, o vendedor tem a certeza de que aquele pagamento não será estornado de forma fraudulenta, como já ocorre com cartões de crédito.

Além disso, obter informações sobre os seus clientes custa tempo e dinheiro, que podem afetar diretamente na produtividade e rentabilidade de seu negócio. Ou seja, já existem custos de transação significantes com a moeda fiduciária.

Ao estabelecer um meio de pagamentos sem possibilidade de estorno e confiança em intermediários, as criptomoedas ajudam a reduzir os custos de transação que poderiam se tornar significativos para um pequeno comércio.

Existem criptomoedas as quais as transações ocorrem instantaneamente de forma irreversível, por exemplo, como o caso da Nano. Logo, não é válido dizer que os custos de transação com criptomoedas são elevados.

Graças à criptomoedas é possível digitalizar seu dinheiro e enviá-lo para partes mais remotas do mundo em apenas alguns minutos, ou em alguns casos, segundos. Tudo isso sem a necessidade de depender de qualquer instituição financeira ou governamental.

Se isso não for interessante para um meio de troca, então precisaremos redefinir o que é um meio de troca eficiente. Dizer que isso não é revolucionário é a mesma coisa que dizer que a Internet é inútil.

“As pessoas usam dólar porque outras pessoas usam dólar”

Discordo frontalmente da opinião de Paul Krugman em relação a esse ponto. O dinheiro surgiu em nossa sociedade espontaneamente como um meio facilitador de trocaUtilizamos sal, couro, ouro, prata até chegar ao dinheiro fiduciário. Caso você queira saber a história do dinheiro clique aqui.

Atualmente nosso dinheiro perdeu qualquer vínculo com esses bens materiais, seu valor é determinado através de um decreto governamental e leis de curso forçado. As pessoas não utilizam dólar porque todos aceitam dólar, as pessoas o fazem porque precisam. Caso contrário elas iriam para a cadeia por “crime contra economia popular”, seja lá o que isso significa.

Isso torna o dinheiro fiduciário uma fonte perfeita para o governo financiar suas irracionalidades econômicas e criar dinheiro do nada através do que ele chama de “injeção de liquidez”, que é uma forma mais elegante de chamar “impressão de dinheiro”.

“Bitcoin não tem lastro”

Quando não existe mais um vínculo, não há limites para a expansão da base monetária a não ser a hiperinflação. Os bancos centrais podem simplesmente criar dinheiro do nada digitando números em um computador.

Se existe um dinheiro sem lastro na economia real atualmente, este é o dinheiro fiduciário como o dólar, real e Euro, que se tornaram apenas uma simples abstração do que já foram um dia.

Por outro lado, as criptomoedas possuem uma escassez autêntica, baseada na matemática e regras de linguagem de programação. O caso que mais chama atenção é o do Bitcoin, o qual só podem existir aproximadamente 21 milhões de unidades.

Seu processo de produção se torna cada vez mais difícil através de uma inflação previamente planejada. Isto é, a expansão oferta monetária diminui pela metade a cada 4 anos até que ela se torne efetivamente insignificante e incapaz de surtir qualquer efeito.

Ou seja, o lastro do Bitcoin está baseado em criptografia e matemática, que o fazem possuir uma escassez autêntica, semelhante ao ouro. Além disso, o Bitcoin se mostra como um ativo inconfiscável e à prova de censura. Diferente de qualquer dinheiro fiduciário que encontramos hoje em dia.

A criação desenfreada de dinheiro sem lastro, como ocorreu em 2008, através da expansão de créditos sem critério algum, provocou uma grave crise econômica. Tudo isso com total respaldo dos economistas tradicionais, afinal, era uma forma de aquecer a economia americana naquele momento, uma grande irresponsabilidade, apoiada por economistas como Paul Krugman.

Bitcoin é usado para atividades ilícitas

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Mala do Geddel durante apreensão da Polícia Federal em seu apartamento

A imagem acima se tornou praticamente folclórica no Brasil. Essas malas somam 51 milhões de reais de dinheiro em espécie, utilizado principalmente para pagamento de propinas e em esquemas de corrupção.

No entanto, essa é a ponta do iceberg. A Polícia Federal brasileira já recuperou mais de R$11,4 bilhões utilizados no maior esquema de corrupção da história da humanidade. Imagina quantos bilhões de dólares são utilizados no narcotráfico, por exemplo. Até hoje há verdadeiras fortunas em dólar de Pablo Escobar que estão enterradas em grandes campos da Colômbia.

Por outro lado, as transações de Bitcoin são completamente rastreáveis e públicas. Logo, qualquer criminoso estaria criando provas contra si mesmo ao utilizar a moeda digital para fazer lavagem de dinheiro. O que torna a criptomoeda pouco atrativa para o mercado negro.

Além disso, as atividades ilícitas utilizando Bitcoin estão diminuindo cada vez mais, a ponto de se tornarem insignificantes quando comparamos o uso com as moedas estatais. 

Potencial das criptomoedas

Paul Krugman também não considerou a evolução da tecnologia antes de tecer suas críticas. O dinheiro evoluiu tecnologicamente por milhares de ano, até chegar no seu auge, durante a época do Padrão Ouro. Por que tanta pressa assim em rejeitar rapidamente as mudanças propostas pelas criptomoedas?

Antes de fazer uma crítica, é preciso observar o cenário atual e um possível cenário futuro, além, é claro, conhecer o que se propõe a criticar. Talvez muitos pontos criticados hoje já estarão resolvidos no curto-prazo.

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