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Polícia Federal está atrás do “golpista mais burro do ano”

ratinho claudio e amaury junior

A Polícia Federal (PF) deflagrou hoje (05) uma investigação complexa contra crimes financeiros em Curitiba/PR que envolve o grupo Bitcoin Banco. 

90 policiais federais nas ruas de Curitiba

Um mandado de prisão preventiva, quatro mandados de prisão temporária e vinte e dois mandados de busca e apreensão, todos expedidos pela 23ª Vara Federal de Curitiba/PR. 

Houve a decretação judicial de sequestro de imóveis e bloqueio de valores para desestabilizar a organização criminosa que atuava como corretora de criptomoedas, segundo a acusação.  

Os acusados captavam recursos de investidores desta plataforma, mas desviavam para benefício próprio. O prejuízo aos investidores atinge a cifra de 1,5 bilhão de reais. Cerca de 7.000 investidores foram lesados. Quanto aos responsáveis, responderão pelo crime de estelionato, lavagem de dinheiro e outros. 

Os bens foram apreendidos pela polícia nesta manhã, conforme anunciado pelo Delegado Paci, presidente da investigação, na coletiva de imprensa da Superintendência Regional da Polícia Federal no Paraná hoje (05):

De acordo com o que apontou o Delegado Federal “Eles são suspeitos. Mas os precedentes deste caso são comuns a golpes já aplicados. [O Bitcoin Banco cresceu muito de] 2017 a 2019 pela negociação de criptomoedas e o volume. A característica do grupo era fingir uma imagem de sucesso. Refletia no modo como se apresentavam os líderes [Claudio Oliveira] dessa organização criminosa”. 

Precedentes do caso: Em maio de 2019, o grupo bloqueou os saques de todos os saldos dos clientes na sua plataforma. Obtiveram valores milionários de várias pessoas. A explicação que a empresa omitiu aos clientes é que havia sofrido um ataque hack e por cautela resolveu bloquear os saques. 

Ela protocolou então, na polícia do Paraná, um Boletim de Ocorrência alegando ter sido vítima do ataque cibernético. O inquérito não teve êxito por cerca de 6 meses, por que o grupo e seus administradores não cooperaram com as investigações. 

Paralelamente, no período em que o inquérito ficou parado, o grupo negava-se a pagar seus investidores.

O primeiro inquérito foi arquivado por falta de provas, mas foi usado de base para o segundo inquérito que prova que o denunciante havia atacado os seus clientes, e também que as provas para o suposto “hack” não se sustentavam.

“Com a conclusão do inquérito que lhes favorecia, e a abertura de um novo inquérito que, em tese, lhe atribuiria culpa por diversos crimes. [A empresa] Fez uma manobra e iniciou um processo de recuperação judicial na vara de falências aqui de Curitiba”.  Esse foi o fôlego para continuar não pagando as suas vítimas, como disse o Delegado.

A recuperação judicial deu certo e esse foi o fôlego para a empresa continuar a não resolver o problema das suas vítimas. 

O grupo oferecia como garantia às vítimas lesadas, uma carteira com 7.000 BTC (R$ 1,187,253,390,00) que estaria sob sua custódia para a indenização do suposto hack. 

Retornando às suas atividades, o grupo movimentou mais alguns milhões de novos clientes que também não conseguem mais sacar o saldo na plataforma. 

Após denúncias ao poder judiciário, o grupo foi intimado a apresentar a propriedade da carteira de bitcoins. Em resposta, o grupo apresentou dados de outra carteira, contendo endereços com os 7.000 BTC e alegaram ser de sua propriedade, valendo da inexperiência do poder judiciário. 

“Ao longo do processo judicial o grupo passou a se desfazer de patrimônio, vendendo veículos, jóias e valendo-se de laranjas para movimentar recursos e operar à margem da contabilidade oficial”, complementou o Delegado. 

O Rei do Bitcoin

O rei do Bitcoin, é um indivíduo que já foi preso por uma investigação da Suíça em Portugal, foi extraditado nos anos 2000 para a Suíça e para o Brasil retornou alguns anos depois. Mesmo assim, ele se fazia valer da sua falsa imagem de sucesso para extorquir dinheiro de investidores.  

Para aqueles que chamam o conglomerado de pirâmide financeira ou fraude, o empresário —que está com parte dos bens bloqueados pela Justiça— deixa um recado. Ele disse em trechos da entrevista concedida ao UOL, ano passado. 

“Se eu for golpista, acho que sou o golpista mais burro do mundo, pois não fugi e ainda chamei a Justiça para vir ver meu golpe”.

O golpista mais burro do ano
Claudio Oliveira, conhecido como o ‘rei do bitcoin’ – óleo sobre tela, 2021

Para entender melhor a história de sucesso do “Rei do Bitcoin”, segue a lista de notícias do Cointimes:

  • Em maio de 2019, a Delegacia de Estelionato de Curitiba recebeu denúncia do Grupo Bitcoin Banco (GBB) sobre um esquema de fraude que vinha fazendo saques duplicados, valendo-se de uma vulnerabilidade na plataforma de operações de compra e venda de criptomoeda.
  • Dentro do pedido de recuperação há uma lista com mais de 6 mil clientes, com uma dívida somada de R$617 milhões, se a lista estiver correta.
  • Em setembro de 2019, o deputado Áureo Ribeiro (Solidariedade/RJ) já estava coletando assinaturas para abrir a CPI das criptomoedas. “O Bitcoin Banco está com o dinheiro de várias pessoas que investiram nessa empresa e que estão com o dinheiro preso”.

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