Todo mundo já deve ter ouvido falar na famosa expressão “quem lacra não lucra”. A frase é repetida à exaustão pelos mais conservadores quando alguma empresa realiza uma campanha publicitária considerada ‘progressista demais’. Bem, que o mundo está cada vez mais polarizado e dividido em bolhas, isso já sabemos, mas será que a frase está realmente correta? E será que essas campanhas de boicote funcionam?
Bom, a resposta para isso é não, pelo menos não a primeiro momento, mas existe sempre um porém. Empresas como a Natura e a Magazine Luiza que, aparentemente, entraram na agenda progressista, realmente tiveram aumento no valor das suas ações após as polemicas. A resposta para isso pode estar na frase da ilustre compositora Mc Melody: “Falem bem ou falem mal… Mas falem de mim”.
Magazine Luiza
Após abrir vagas de trainee exclusivas para negros, a empresa de varejo levantou muitas polêmicas nas redes sociais, mas entre críticos e apoiadores, suas ações continuaram.
O preço das ações da empresa parece ter mantido o mesmo fluxo de alta desde as polêmicas ocorridas em setembro, com um aumento de cerca de 12%.
Natura e a propaganda de dia dos pais
O marketing da empresa de cosméticos Natura ousou e chamou o ator trans Thammy Miranda para a propaganda de dia dos pais. De novo, polêmica e inúmeras publicações afirmando “quem lacra, não lucra”.
Os protestos não foram significativos e após a campanha de dia dos país promovida pela empresa, o papel subiu 3,2% até então.
Porém, o preço das ações não é o reflexo perfeito do lucro da empresa, ficando ainda no ar a resposta final para o questionamento inicial. Mas o comportamento dos acionistas já nos diz muito.
Ambas as empresas tiveram melhor performance do que o Índice Bovespa, que mede o desempenho médio das maiores empresas listadas na bolsa.
Essas polêmicas, porém, não são exclusividades do mercado brasileiro e também não afetam somente o mercado de ações.
Outros mercados
Diferente do primeiro título da franquia, The Last of Us 2 dividiu opiniões, com alguns usuários alegando que a inserção de diversidade no jogo foi demasiado forçada.
Mas apesar das críticas, o jogo da aclamada franquia The Last of Us bateu recordes de vendas, superando jogos estabelecidos da família Playstation, como God of War 4 e Spider-Man.
Filmes voltados para o público feminino também tiveram bom desempenho de vendas, mas nem tanto de críticas, com Capitã Marvel e Mulher Maravilha, faturando US$ 821.8 milhões e US$ 1.128 bilhão, respectivamente.
Claro, qualidade ainda é a característica mais importante para a venda de um produto ou serviço. Mas é sempre bom haver representatividade quando há realmente uma demanda de um determinado público. Certamente muitas meninas ficaram felizes ao verem as heroínas nas telas do cinema.
Controvérsias
Notícias ruins que podem afetar os lucros de uma companhia, porém, de maneira geral, é extremamente positivo para uma empresa que pessoas cometem sobre sua marca. Especialmente hoje em dia onde ‘viralizar’ é cada vez mais difícil por conta do número colossal de notícias circulando na internet.
Outro ponto é que as pessoas tem memória fraca, e por isso, as campanhas de boicote podem durar pouco tempo. Além disso, o público progressista é maior do que se imagina, com muitas empresas de olho nesse dinheiro. E se existe algo que movimenta a internet são os memes, e isso realmente impacta o alcance publicitário dessas marcas.
Apesar das piadas, empresas que focam muito em alguma agenda específica podem ter sua imagem manchada pela opinião pública. A partir de 2024, diversidade deverá ser obrigatória no Oscar, e isso gerou muita polêmica e causou discussões. Afinal, o melhor filme de 2019, Parasita, por ser coreano não tinha nenhum tipo de diversidade -apesar de orientais representarem minorias ‘étnicas’ nas novas regras do Oscar-.
Bom, as consequências de uma sociedade cada vez mais polarizada só serão sentidas daqui alguns anos. Focar no público progressista, conservador, libertário ou ser neutro? No final das contas, o lucro vai mostrar às empresas qual melhor estratégia seguir.
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