Pelo terceiro dia seguido, o real brasileiro é a moeda que mais perde terreno para o dólar numa lista das 33 divisas de mais liquidez do mundo. Às 11h40, o dólar subia 1,12%, aos R$ 4,0803, após máxima do dia, de R$ 4,0903.
O avanço é bem mais intenso que o observado contra o rand sul-africano e contra o peso argentino, que aparecem logo atrás do real dentre os piores desempenhos.
De acordo com operadores, a piora da percepção de risco no exterior é amplificada internamente pela deterioração das expectativas em relação ao governo do presidente Jair Bolsonaro.
Hoje, na máxima, o dólar tocou o maior nível intradia desde 26 de setembro, a duas semanas do primeiro turno da eleição presidencial, de R$ 4,0938.
Alguns profissionais de mercado comentam, entretanto, que não está claro se o Banco Central (BC) já tem motivo para intervir no mercado.
O gestor de um fundo multimercado destacou que a alta do dólar hoje acompanha a piora dos emergentes, em geral, e que há motivo concreto para a piora da percepção de risco no Brasil, a exemplo das derrotas do governo no Congresso ao longo da semana.
Por isso, em sua avaliação, o mercado teria de acomodar esse novo cenário nos preços.
Outro profissional reconhece que há um descolamento do real em relação aos pares, o que poderia ser um sinal de difuncionalidade do mercado. A despeito do salto do dólar, o Ibovespa opera em alta.
Ainda assim, o profissional vê que o salto do dólar pode ser motivo para exportadores entrarem no mercado e ajudarem em um reequilíbrio de preços.
De: Marcelo Osakabe e Lucas Hirata, jornalistas da Valor.