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Receita Federal dos EUA estuda invadir carteiras físicas de bitcoin

IRS receita dos EUA

À medida que mais investidores e criminosos adotam carteiras de hardware para proteger seus criptoativos, a Receita Federal dos EUA (IRS) está procurando novos métodos para acessar essas carteiras em investigações criminais.

De acordo com um documento publicado no site oficial da agência tributária em março deste ano, a IRS procura ajuda para hackear as chamadas hardware wallets, carteiras físicas de criptomoedas.

A IRS Criminal Investigation e sua Unidade Forense Digital agora estão pedindo que especialistas encontrem soluções para invadir carteiras de criptomoedas que podem ser de interesse em investigações, afirma o documento.

“A descentralização e o anonimato fornecidos pelas criptomoedas promoveram um ambiente para o armazenamento e troca de algo de valor, fora do alcance tradicional das organizações de aplicação da lei e regulatórias”, diz o documento. “Há uma parte desse quebra-cabeça criptográfico que continua a iludir as organizações – milhões, talvez até bilhões de dólares, existem em carteiras de criptomoedas.”

A segurança das carteiras de hardware apresenta um desafio para os investigadores. O documento afirma que as agências podem estar de posse de uma carteira de hardware como parte de um caso, mas podem não ser capazes de acessá-la se o suspeito não colaborar. Isso significa que as autoridades não podem efetivamente “investigar o movimento das moedas” daquela carteira e podem “impedir o confisco e a recuperação” dos fundos.

É por isso que o IRS deseja que pesquisadores e contratados apresentem soluções para invadir carteiras de hardware. Crucialmente, o IRS não quer uma solução única, mas ferramentas que possam ser usadas de forma confiável em vários casos no futuro.

“O resultado explícito deste contrato é domar a pesquisa de segurança cibernética em processos forenses digitais medidos, repetíveis e consistentes que podem ser treinados e acompanhados em um laboratório forense digital”, diz o documento.

Embora o desejo por uma ferramenta reutilizável faça muito sentido, é também o que torna essa solicitação tão desafiadora, de acordo com Andrew Tierney, um pesquisador de segurança que fez pesquisas sobre carteiras de hardware de criptomoeda.

“As carteiras de hardware estão realmente ficando bastante seguras agora, com muita pesquisa sobre elas. Você pode encontrar problemas em algumas, mas será muito difícil ter exploits prontos para trabalhar contra muitas delas”, Tierney, que também é conhecido como Cybergibbons, disse à Vice em um bate-papo online.

Ele ainda explicou como os fundos podem simplesmente não estar mais na carteira após a invasão. “Se o dono souber que eles estão atacando e puder agir, os fundos podem ser movidos.”

De acordo com a empresa de pesquisa de criptomoedas Chainalysis, cerca de 20% de todo o Bitcoin existente – equivalente a mais de US$ 100 bilhões – está preso em carteiras inacessíveis.

“Há muito Bitcoin perdido por aí, é como o século 21 de navios naufragados com tesouros a bordo”, disse Adrian Sanabria, especialista em segurança cibernética, à Vice.

Receita Federal dos EUA também vai atrás de criptomoedas não declaradas

A Receita Federal do país sinalizou recentemente sua intenção de rastrear e fiscalizar as fraudes relacionadas a criptomoedas de forma ainda mais rigorosa do que no passado. Em março, a agência anunciou a “Operação Tesouro Escondido”, que tem o objetivo de descobrir ganhos de criptomoeda não declarados.

O documento não faz menção a essa operação e não está claro se ela está conectada a ela ou não. Independentemente disso, à medida que mais e mais criminosos escolhem carteiras de hardware para proteger seus bitcoins adquiridos ilicitamente, as autoridades claramente querem métodos para acessá-los para encontrar evidências importantes. Para alguns, no entanto, pode haver soluções mais fáceis e mais baratas.

Segundo Nicholas Weaver, pesquisador sênior do Instituto Internacional de Ciência da Computação da UC Berkeley, essa vontade da Receita é um exagero. “Para a maioria desses dispositivos, a escolha de ‘Dê-nos a senha ou apodreça na prisão por desacato’ pode ser suficiente.”

Veja também: Corretora brasileira tem R$110 milhões bloqueados pela Polícia Federal

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