Essa edição foi escrita pelo @obrunoliman e a equipe de pesquisa da Wesearch
Mais um mês chega ao fim, e com ele nos aproximamos rapidamente do desfecho de 2025 — o tempo realmente voou! Setembro trouxe sua própria narrativa no mercado cripto, marcada pela recuperação dos fluxos em Bitcoin e pelo enfraquecimento do Ether nos ETFs.
O Bitcoin voltou a testar novas máximas e passou por fortes oscilações, mas se manteve sustentado em patamares de suporte importantes, com destaque para o Realized Price dos STH na faixa de US$ 111 mil, que novamente funcionou como âncora confiável para o preço.
O verdadeiro destaque do mês foi a reversão nos ETFs de Bitcoin, que encerraram setembro com entradas líquidas de mais de US$ 3,5 bilhões, após o saldo negativo de agosto. Esse movimento sinaliza renovação do interesse institucional pelo BTC e reforça sua posição central no mercado.
Já o Ether, que havia brilhado em agosto com entradas recordes de US$ 3,8 bilhões, apresentou em setembro um desempenho bem mais modesto nos ETFs, com fluxos líquidos considerados pífios em comparação ao mês anterior. Esse arrefecimento sugere que, ao menos por enquanto, o apetite institucional pelo ativo perdeu intensidade.
No cenário macro, setembro ficou marcado pelo primeiro corte de juros do Federal Reserve desde 2024, uma redução de 0,25 p.p. que abriu oficialmente um novo ciclo de flexibilização monetária. A decisão veio em linha com o fraco payroll de agosto e a alta da taxa de desemprego para 4,3%, fortalecendo a convicção de que novos cortes poderão vir nas próximas reuniões.
Esse ambiente de juros mais baixos, dólar enfraquecido e maior apetite por risco serviu como combustível adicional para o mercado de criptoativos, consolidando setembro como um mês de retomada do otimismo.
Com esse panorama em mente, é hora de mergulharmos nos números e nas análises em detalhe. A seguir, você confere o relatório completo de setembro, com dados on-chain, fluxo institucional, e projeções para o mercado cripto nos próximos meses.
ETFS SPOT DE BITCOIN VOLTAM A BRILHAR EM SETEMBRO
Setembro marcou um ponto de inflexão importante para o Bitcoin e seus ETFs Spot. Depois de um agosto em terreno negativo, quando vimos saídas consistentes de capital, setembro trouxe uma retomada da confiança institucional. Os fundos encerraram o mês com aproximadamente US$ 3,5 bilhões em entradas líquidas, revertendo a sequência anterior e mostrando que o apetite dos investidores voltou a se concentrar no BTC.
Esse movimento não apenas reforça o papel do Bitcoin como principal porta de entrada para o capital institucional, mas também sinaliza que a correção observada em agosto pode ter servido como “alívio técnico”, permitindo que os players se reposicionassem em níveis considerados atrativos. Além disso, a recuperação nos fluxos ocorre em um cenário macro marcado pelo corte de juros promovido pelo Federal Reserve em setembro, medida que tende a favorecer ativos de risco e, consequentemente, o mercado cripto.
Mesmo sem ter sido o mês mais expressivo em termos de entradas líquidas, setembro consolidou mais um marco histórico para os ETFs de Bitcoin. O destaque ficou por conta do número total de BTC sob custódia dos fundos, que ultrapassou a marca de 1,3 milhão de unidades, estabelecendo um novo all-time high (ATH).
Esse volume representa aproximadamente 6,5% de todo o supply circulante de Bitcoin, reforçando não apenas o apetite institucional pelo ativo, mas também a crescente importância dos ETFs como mecanismo de absorção de oferta no mercado. Em outras palavras, mesmo em um cenário de fluxo líquido mais moderado, o ritmo acumulado desde o início do ano é suficiente para mostrar que esses veículos seguem sendo catalisadores de longo prazo para a liquidez do setor.
SETEMBRO MARCADO POR ALTOS E BAIXOS
Setembro foi ainda mais intenso em termos de volatilidade do que agosto, surpreendendo até quem já esperava um mês agitado. O grande destaque ficou para o dia 21, quando o mercado presenciou um dos piores reveses para posições em long nos últimos anos.
Foram liquidados quase US$ 3 bilhões em longs, contra cerca de US$ 626 milhões em shorts.
Essa discrepância mostrou a predominância de posições compradas altamente alavancadas que foram varridas em um único movimento, configurando um verdadeiro dia sangrento para os otimistas.
Setembro foi marcado por uma verdadeira batalha entre longs e shorts, refletindo a elevada volatilidade que dominou o mercado ao longo do mês. Em diferentes momentos, vimos as duas posições alternarem a predominância, com um flip constante entre compradores e vendedores alavancados.
Esse cenário ilustra bem o clima de incerteza: os longs ganharam força em alguns períodos, principalmente quando o preço do Bitcoin ensaiava novas recuperações, mas logo em seguida eram varridos por ondas de liquidações, abrindo espaço para que os shorts dominassem temporariamente o book.
Vale destacar a importância do Transfer Volume Momentum, que mais uma vez mostrou precisão em setembro. O indicador chegou a cair abaixo da média móvel de 365 dias, um comportamento raro, mas que historicamente neste ciclo tem sinalizado excelentes pontos de entrada no Bitcoin.
Na ocasião, o indicador tocou a média quando o BTC estava na faixa dos US$ 109 mil, zona que já era monitorada por estar pouco abaixo do Realized Price dos Short-Term Holders (STH). Logo em seguida, vimos uma reação expressiva: o ativo voltou a ganhar tração e alcançou recentemente a marca dos US$ 123 mil.
E FALANDO EM ALTCOINS…
Falando agora das altcoins, setembro foi o mês em que o tão comentado Altseason Index finalmente atingiu o patamar clássico de uma altseason.
Esse indicador mede o percentual das 50 maiores criptomoedas (excluindo Bitcoin e stablecoins) que estão superando o desempenho do próprio Bitcoin nos últimos 90 dias. Quando o índice ultrapassa os 75 pontos, considera-se que o mercado entrou oficialmente em uma fase de dominância das altcoins.
Em meados de setembro, o índice chegou a 80 pontos, seu maior nível de 2025, marcando o primeiro retorno a essa zona desde dezembro do ano passado.
Mesmo com o Altseason Index marcando oficialmente uma temporada de alta para as altcoins, o sentimento do mercado não refletiu aquela euforia que vimos em dezembro de 2024. Embora várias alts tenham superado o desempenho do Bitcoin, o movimento foi mais contido e sem o mesmo efeito dominó observado no ciclo anterior.
Uma das explicações pode estar na Dominância por Open Interest (OI) — indicador que mede a proporção de contratos futuros abertos entre Bitcoin, Ether e o grupo “Others” (demais altcoins). Em setembro, o “Others” chegou a 37%, empatando com o Bitcoin, o que à primeira vista parece expressivo. No entanto, esse número ainda está bem abaixo dos 44% registrados em dezembro de 2024, quando vimos um deslocamento massivo de capital especulativo para o mercado de altcoins.
Outro ponto relevante de setembro foi a queda no interesse do varejo, algo que ficou evidente ao analisarmos os dados do Google Trends. Depois de um agosto marcado por forte curiosidade e buscas intensas por termos ligados ao universo cripto, setembro mostrou um arrefecimento claro no engajamento popular.
As principais palavras relacionadas a projetos cripto que ainda mantiveram algum destaque foram:
- Hyperliquid, com 83 pontos, impulsionada pela crescente visibilidade do seu ecossistema DeFi;
- Bybit, com 64 pontos, refletindo o aumento das discussões sobre sua expansão institucional e novas listagens;
- Solana, com 53 pontos, sustentada pelo otimismo em torno das melhorias de rede e do avanço do ecossistema Firedancer.
Nos vemos na próxima edição, onde analisaremos os efeitos do relatório de payroll de outubro, os novos movimentos de ETFs e as possíveis reações ao cenário macro com juros mais baixos.
O quarto trimestre promete ser decisivo e, como sempre, estaremos aqui acompanhando cada bloco, cada dado e cada sinal de reversão desse fascinante mercado.
Bons Ventos,
Time de Analistas Cripto da Wesearch
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