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Você realmente sabe onde está o seu dinheiro?

Cofre com dinheiro

A queda do Silicon Valley Bank no início de março reacendeu as dúvidas sobre a solidez do sistema bancário mundial em proteger os depósitos de milhões de pessoas. E com isso, uma incerteza acerca do futuro econômico e sobre onde realmente está o dinheiro. 

Eu sei que a resposta aparentemente óbvia é que o dinheiro dos correntistas está guardado nos bancos, mas na realidade a coisa não funciona assim. E te explico com uma pergunta: o que acontece se muitas pessoas decidirem sacar seus depósitos simultaneamente e os bancos não tiverem liquidez suficiente para atender a essas exigências?

O Banco Central dos Estados Unidos (FED) reagiu à crise financeira anunciando novas medidas econômicas para o sistema financeiro. Mais de US$ 300 bilhões foram injetados no mercado para ajudar os bancos por meio de uma nova linha de crédito que aceita títulos, títulos lastreados em hipotecas – os mesmos que desencadearam a crise do subprime em 2008 – e outros instrumentos financeiros como garantia valorizada a preço nominal e não a preço de mercado, que cede 100% do seu valor nominal em crédito aos bancos que o solicitem. 

Apesar desta política ser completamente artificial e violar o livre mercado, ela nos mostra como o dinheiro dos correntistas continua vulnerável às decisões de governos e instituições financeiras que não necessariamente cuidam do bem-estar das pessoas e que muitas vezes só beneficiam a alguns.

Mitos escondidos sobre os bancos

Existem muitos mitos sobre o sistema bancário que são divulgados pela imprensa, mídia especializada e até universidades. O primeiro deles é que os titulares de contas bancárias possuem seus depósitos, enquanto na realidade os depósitos bancários são simplesmente uma promessa de pagamento futuro do banco ao titular da conta.

Como qualquer outro ativo financeiro, o dinheiro também é uma obrigação ou responsabilidade financeira da instituição que o cria. No caso de depósitos, os bancos são obrigados a convertê-los em dinheiro mediante solicitação do titular da conta. No caso do dinheiro é algo diferente, já que se paga com ele mesmo”* 

O segundo mito é que muitos ainda pensam que os bancos emprestam dinheiro aos seus depositantes, mas a verdade é que, ao emitir um empréstimo, eles o criam do nada e colocam um dinheiro novo na economia, que não existia antes. Os bancos são responsáveis ​​por criar a maior parte do dinheiro existente hoje.

Os bancos criam dinheiro principalmente concedendo crédito. Sempre que um banco concede um empréstimo, credita o montante emprestado na conta de quem o solicitou, aumentando automaticamente o número de depósitos na economia e, consequentemente, o montante de dinheiro”.*

E esses mesmos bancos, caso não consigam entregar o dinheiro às pessoas que dele necessitem por não terem liquidez suficiente, devem obtê-lo através da venda dos seus ativos, com créditos no Banco Central ou, em último caso recurso, requerendo a intervenção do Estado que detém a garantia estatal dos depósitos, situação em que o dinheiro dos contribuintes é utilizado para reembolsar os depositantes até ao limite de R$250 mil reais.

Até que ponto é legítimo que o dinheiro dos contribuintes seja usado quando um banco se torna insolvente?

Bitcoin dá confiança ao dinheiro

O Bitcoin nasceu em 2008 como uma moeda global que não pode ser falsificada ou adulterada e não depende de nenhum órgão central para seu funcionamento. E as criptomoedas foram criadas para desenvolver um novo padrão de confiança, no qual nenhuma instituição ou pessoa podem intervir na sua produção.eu abastecimento. 

Como a crise atual afeta o preço de ativos considerados menos seguros, como ações e moedas, as pessoas têm se voltado para os ativos digitais como alternativa, o que aumentou o preço das criptomoedas. 

Assim como em 2008 com a crise do subprime, o Bitcoin está cumprindo seu papel original como um ativo digital descentralizado que não pode ser controlado por governos, bancos centrais ou entidades governamentais. Desta forma, ele, a Ethereum e outras criptomoedas estão se tornando uma verdadeira forma de dinheiro legítimo, enquanto o sistema de reservas fracionárias está perdendo cada vez mais legitimidade.

E a proposta desse texto não é ser um manifesto para acabar com o dinheiro tradicional, mas sim uma análise sobre a importância e emergência de termos mais opções na hora de decidir onde queremos realizar transações e poupar nossas economias. E a função mais poderosa das criptomoedas é essa: ser uma alternativa à instabilidade do sistema bancário tradicional. 

Crises financeiras já aconteceram no passado e diante do cenário atual, irá acontecer no futuro. E para que isso não se repita precisamos ter autonomia sobre o uso do nosso dinheiro a qualquer momento, sem depender das decisões dos governos no poder.

Por Rafael Meruane, cofundador da CryptoMarket.

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