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Avaliação de Criptomoedas: Monero – Gráfico, wallets e mineração

moeda monero na mão

Monero (XMR) é uma criptomoeda  baseada no protocolo CryptoNote, conhecido pela sua capacidade de ofuscar transações e facilitar o anonimato.

No relatório mostraremos, sem entrar em detalhes matemáticos, o funcionamento das tecnologias e ‘designs’ que em conjunto compõem a base da criptomoeda.

Analisaremos a história, desenvolvedores, casos de uso e concorrência.

  • A história da criptomoeda Monero;
  • Tecnologias usadas e inflação;
  • Carteiras de Monero;
  • Gráfico do Monero;
  • Desenvolvimento e Financiamento do XMR;
  • Concorrência e dicas.

No vídeo abaixo temos uma explicação simplificada (em inglês), sobre o que é Monero:

História e controvérsias do Monero

Antes de qualquer outra análise, é imprescindível conhecer a história do criptoativo.

Monero, inicialmente chamado de BitMonero, foi um fork (cópia do código) com algumas melhorias da moeda Bytecoin. O motivo para o fork era a grande concentração de moedas e a falta de transparência da equipe de desenvolvimento do Bytecoin.

O lançamento do Monero se deu em 23 de abril de 2014, os primeiros meses da criptomoeda foram complicados, pois o projeto não contava  com carteiras para Windows, MacOs e ainda tinha um software de mineração cheio de problemas.

Como o projeto foi uma cópia do Bytecoin, o mesmo software de mineração foi usado, o grande problema é que ele veio com o desempenho propositalmente reduzido. A falha foi encontrada pela comunidade, porém as suspeitas sobre o projeto só aumentou.

O responsável pelo github da Monero e criador da moeda foi um usuário anônimo chamado “thankful_for_today”, pelas primeiras semanas do projeto ele agiu como o líder e ditador sobre o código da criptomoeda.

Quando “thankful_for_today” tentou implementar algumas mudanças que a comunidade não desejava, então, sete desenvolvedores fizeram um fork do blockchain.

Por muito tempo a moeda foi vista como scam, isso devido ao software de mineração que ficou ativo pelos primeiros meses de existência.

Entretanto, o passar dos anos e com a transparência passada por Fluffypony (principal desenvolvedor e propagador do projeto) o mercado começou a reconhecê-la.

Principal desenvolvedor do Monero
Riccardo em entrevista para a CNBC África.

Tecnologias

Monero apresenta uma combinação de tecnologias para atingir o anonimato.  Os diferenciais são:

  • Stealth Address: Permite que o endereço de quem recebe uma transação seja impossível de ser linkado a qualquer endereço público. Isso significa que você pode mostrar sua chave pública sem receios. Quem gera a transação cria um endereço para o recipiente, que é derivado do endereço público fornecido.
  • RingCT: Possibilita que o emissor da transação não seja identificado.
  • Krovi: É o projeto em fase Alpha que permite a conexão de nodes por meio da Darknet (rede anônima), mais especificamente da I2P. Isso significa que qualquer um possa se conectar a rede do Monero sem que seja possível descobrir de onde está se conectando.

Outra parte importante são os endereços do Monero:

  • View Key – Permite que outras pessoas vejam suas transações, algo como “você pode ver, mas não pode tocar”;
  • Private Spend Key – Usada para gastar os fundos;
  • Public Key – Chave que deve ser divulgada para o público;

A estrutura diferenciada das chaves permite algumas funções interessantes. Por exemplo, uma ONG pode disponibilizar sua View Key para garantir a transparência de suas transações.

Processo inflacionário

Diferente do Bitcoin, que hoje é visto como reserva de valor, Monero quer se tornar a verdadeira moeda do mundo digital. Para atingir tal objetivo foi criado o ajuste dinâmico de blocos, um algoritmo com incentivos para o aumento natural da capacidade de transação em momentos de pico.

Gráfico de adaptação do Monero

Acima vemos os gráficos de duas redes, na direita sem o aumento dinâmico de blocos e a segunda com o algoritmo para aumentar o número de transações por bloco.

Apesar do aumento parecer inexpressivo, há um grande alívio na rede durante momentos de pico, criando maior vazão para as transações e em um segundo momento até diminuindo as transações em espera.

A curva de emissão nos mostra que nos primeiros anos de emissão teremos cerca de 86% das moedas mineradas pela próxima década. Há de se acrescentar que diferente do Bitcoin o total de moedas emitidas não termina em determinada data, a partir do ano de 2040 serão emitidas 0.3 XMR/min, para sempre.

gráfico de emissão do Monero (XMR)
Curva de emissão do Monero.

Casos de uso

Essa criptomoeda pode ter vários casos de uso, que vão de ferramentas anti-censura até mineração em páginas da web.

Ferramenta contra censura

Não sendo possível saber para onde o dinheiro vai, Monero acaba se tornando uma ferramenta anti-censura.

Ela poderia ser enviada para o Wikileaks, quando os Estados Unidos bloquearam todas as transferências do sistema bancário tradicional e sem receio da rede ser atacada, pois as autoridades norte-americanas nunca seriam capazes de saber para onde o dinheiro foi movimentado.

Com o uso de Krovi torna-se mais difícil a censura por meio de provedores de internet, governos ou empresas privadas que por algum motivo espiem a conexão do usuário. Como I2P é uma rede P2P de roteamento, os dados passam por diversos nodes e torna-se praticamente impossível saber qual é a atividade de determinado usuário.

Privacidade para empresas

Se uma empresa utilizar moedas com a mesma tecnologia do Bitcoin, seria muito fácil para qualquer competidor analisar onde as moedas estão sendo usadas e ter uma ideia do número de vendas, clientes, localização e outros dados importantes.

Monero resolve um dos grandes problemas da adoção de criptomoedas por empresas. Como é impossível rastrear as transações é mais provável que uma organização acabe aceitando Monero ou utilizando da tecnologia para pagar fornecedores, escapando da análise tanto do sistema financeiro, quanto de competidores.

Mineração em páginas

Os serviços de mineração em página da web utilizam Monero, pois a criptomoeda permite mineração de GPUs e CPUs.

Diversos projetos para doação de cripto utilizam essa técnica, como é o casa da página “Lets Hope” da Unicef.

Os exemplos acima são apenas alguns casos de uso, futuramente, segundo entrevistas do principal desenvolvedor da moeda, será possível criar assets virtuais, dando a possibilidade do lançamento de ações e ICOs na plataforma.

Como minerar Monero?

A partir do dia 30/11/2019 o Monero passa a ser minerável por hardware caseiro, ou seja, você poderá usar a CPU da sua casa para minerar como se fosse um hardware especializado.

Você pode começar testando sua cpu baixando o software xmrig. Com ele você não apenas vai poder ajudar a rede, como também ver o desempenho da sua máquina.

Veja abaixo o resultado para algumas CPUs. Deixe seu resultado nos comentários para ajudar outros usuários.

Mineração de Monero

Quais as wallets do Monero?

A criptomoeda Monero tem como principais carteiras:

  • Monero Wallet Oficial: Disponível para Linux, Windows  e MacOs;
  • Monerujo: Carteira de Monero disponível somente para Android;
  • MyMonero: Carteira leve disponível para Linux;
  • Edge: Carteira para Android e IOS, com suporte a multi-assinatura e outras criptomoedas;

As carteiras físicas Ledger e o modelo Trezor T oferecem suporte ao Monero.

Gráfico do Monero

Você pode checar o gráfico do XMR em tempo real nas seguintes fontes:

Desenvolvedores e financiamento

Monero não tem um fundador conhecido, porém conta com diversos desenvolvedores talentosos, muitos deles atuam no desenvolvimento do Bitcoin.

O principal core dev é @fluffypony, conhecido desenvolvedor sul-africano. Outros grandes contribuidores são Usher, smooth, luigi1111 e NoodleDoodle.

4 desenvolvedores do Monero
Desenvolvedores do Monero.

É importante ressaltar que a comunidade financia equipes de desenvolvedores para implementarem algumas funcionalidades ou melhorarem certos aspectos da criptomoeda, o levantamento dos recursos é feito completamente pela comunidade. Isso pode ser visto como um aspecto positivo, mas também é preocupante, pois o sistema depende dos usuários para implementar melhorias tecnológicas de extrema importância.

Segundo Ricardo “Fuffypony”, a ideia para aumentar o número de desenvolvedores é ter cada vez mais negócios envolvidos no levantamento de fundos, assim como acontece na Linux Foundation.

Aparentemente a estratégia deu certo, recentemente diversas empresas e fundos contribuíram para a composição da sidechain Tari.

Em suma, Monero tem uma equipe de desenvolvimento talentosa e uma comunidade forte.

O design permite um crescimento natural e cria incentivos para aliviar momentos de pico na rede, agindo muito mais como verdadeiro dinheiro do que uma reserva de valor.

Concorrência e outras criptomoedas

A principal concorrente do Monero é a Zcash, visto que a Verge foi hackeada diversas vezes em 2017. Como métrica vamos utilizar o número de nodes e quantidade de transações.

No momento que escrevo, o Monero tem 1745 nodes e cerca de 7 mil transações nas últimas 24 horas. A Zcash conta com apenas 194 nodes e cerca de 3 mil transações.

Recomendações

Monero é o Panamá das criptomoedas, assim como no país da América Central ele pode ser utilizado para lavagem de dinheiro, elisão fiscal ou até mesmo para manter a privacidade.

A privacidade é um fator importante e determinante para o futuro das transações monetárias.

Diversos grupos e fundos de investimentos já mostraram interesse nas características de privacidade que as criptomoedas podem proporcionar.

O grupo de investimentos Digital Coin Group é um dos que apostam em moedas privadas, mas creem no sucesso da Zcash e ZenCash.

O projeto apesar de ter a contribuição de grandes nomes da comunidade de criptomoedas, não tem um processo de financiamento bem definido, o que pode comprometer o desenvolvimento da criptomoeda a longo prazo.

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