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Banco Central tem prejuízo aproximado de R$ 566 milhões após comprar ouro

O preço do ouro, um ativo historicamente considerado um porto seguro, passou por um aumento incomum de volatilidade, uma vez que caiu cerca de 5% em questão de algumas horas. Apesar de ter recuperado quase imediatamente, o preço do metal precioso ainda está cerca de 9% abaixo desde o início do ano, enquanto o do Bitcoin subiu 50% (YTD).

Naturalmente, nas comunidades de criptomoedas, isso levantou especulações sobre se o status do ouro como ativo de proteção mais atrativo está em jogo, já que o chamado (por alguns) de “ouro digital” (ou seja, o bitcoin) continua a subir.

Ouro e o Covid-19

O metal amarelo passou por vários ciclos de mercado um tanto atípicos desde o início da pandemia COVID-19.

No ano passado, seu preço em relação ao dólar começou a aumentar bastante, visto que este último estava se depreciando após a impressão maciça de dinheiro. Como tal, o ouro atingiu uma alta histórica no ano passado de quase US$ 2.100/onça.

No entanto, o preço do ativo inverteu sua trajetória naquele ponto e começou a perder valor gradativamente, à medida que a economia mundial iniciava sua lenta recuperação, e o preço do ouro caiu novamente para cerca de US$ 1.800, onde permaneceu por um certo tempo.

Na semana passada, após notícias promissoras dos EUA indicando que o crescimento do emprego realmente acelerou em julho, o metal amarelo caiu mais de 2% em um dia (o mercado identifica menos risco na economia, e nisso tende a correr para ativos mais arriscados, desfazendo parte de posições em ouro). 

Banco Central compra ouro

Em meados de julho, pouco menos de um mês atrás, o Banco Central do Brasil (“BC” ou “BCB”), liderado por Roberto Campos Neto, realizou a compra de 41,8 toneladas de ouro, o que representa um salto de 52,7% no volume de ouro presente nas reservas do BCB, que agora possui um total de 121,1 toneladas.

Antes disso, o BCB havia ficado alguns anos sem adicionar grandes lotes do metal precioso às reservas internacionais.

Essa adição em junho representou a maior compra no mesmo mês desde pelo menos dezembro de 2000, quando começa a atual série histórica compilada pelo BC sobre o perfil das reservas.

Apesar do valor da compra de junho não ter sido divulgado, podemos utilizar a cotação do preço do ouro nas datas de divulgação da compra (quando 1 tonelada custava cerca de US$ 58.271.120,00) e no dia de hoje (quando 1 tonelada custa cerca de US$ 55.635.740,00) para estimar o quanto o BC já teve de prejuízo ou lucro nessa operação.

Fazendo os cálculos, chegamos a um prejuízo estimado de US$ 108.314.118,00, o que daria mais de 566 milhões de reais (baseado na cotação de hoje do dólar).

Reservas internacionais do BCB

Essas reservas internacionais (hoje em cerca de US$ 350 bilhões) normalmente têm o formato de dólares, títulos ou metais preciosos, e ficam alocadas em bancos centrais de outros países, no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco de Compensações Internacionais (BIS).

Elas funcionam como uma espécie de “seguro” contra crises cambiais.

Com a compra de junho, o metal dourado corresponde agora a 1,9% das reservas.

Ao que tudo indica, o BC deve ter aumentado a compra de ouro como forma de diversificação de sua carteira de ativos, buscando uma maior estabilidade. Independentemente de lucro ou prejuízo nessa operação em si, essas compras fazem parte da estratégia do BC, e futuramente podem proteger nossas reservas de eventuais crises financeiras.

Seria muita loucura se o BC passasse a também adotar o “ouro digital” (bitcoin) como parte da sua estratégia, mesmo que num percentual mínimo de alocação?

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