Com o PIB que já não estava empolgando no começo de 2020 e somado à crise do covid-19, o Brasil terá tempos difíceis de acordo com Armando Castelar, coordenador de Economia Aplicada da Fundação Getúlio Vargas.
Mesmo com a pequena reforma trabalhista de 2018, reforma da previdência e agora com o marco do saneamento básico, o Brasil terá dificuldades para voltar a níveis pré-crise do governo Dilma.
“Crescemos pouco em 2017, 2018 e 2019. A recessão do coronavírus veio com o PIB abaixo do que tinha sido em 2014.“, disse Castelar em entrevista para O Globo.
91% do PIB em dívidas:
Com o excesso de gastos governamentais para tentar conter a crise do covid-19, o governo terá um rombo de R$600 bilhões em 2020, estima a Secretaria do Tesouro Nacional. Isso corresponde a 8% do PIB e já é o maior rombo da história brasileira.
Como resultado, o governo pode ter o equivalente a 91% do PIB em dívidas no final de 2020, segundo o banco norte-americano Goldman Sachs em relatório publicado em abril.
“A inevitável deterioração de curto prazo dos saldos fiscais e indicadores de dívida pode aumentar as preocupações dos investidores sobre a sustentabilidade futura da dívida, a menos que as autoridades consigam comprometer-se, com credibilidade, em resolver questões de sustentabilidade fiscal tão logo a pandemia passe.”, afirmou o Goldman.
Com a reforma tributária e administrativas paradas há mais de 1 ano, o governo Bolsonaro está se movendo lentamente na sua agenda reformista, o que preocupa o banco norte-americano.
Retomada apenas em 2024?
O covid-19, que atualmente já deixou 60 mil mortes apenas no Brasil, puxou o PIB brasileiro para baixo no segundo trimestre. Ao ser questionado sobre o crescimento do PIB a partir do terceiro trimestre, o economista prevê uma expansão de 7% frente ao segundo.
“Junho já mostrou uma recuperação em relação a abril, o que não vai impedir queda forte de 10% no segundo trimestre. Não vai recuperar. Depois do terceiro trimestre, vai ser mais gradual, mais lento.”
Mesmo assim, ele deixa claro que esse tombo deixará cicatrizes e só permitirá a recuperação do Brasil para níveis pré-crise do governo Dilma em 2024.
“Uma recuperação da recessão anterior só em 2024”, afirmou o economista
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