A carteira física de bitcoin e criptomoedas Trezor deu um passo perigoso ao adicionar um novo recurso que promete mais “privacidade” aos usuários.
Nesta quarta-feira (19), a fabricante da carteira física de bitcoin Trezor anunciou oficialmente a implementação do recurso de coinjoin, uma ferramenta para melhorar a privacidade das transações com a criptomoeda.
Contudo, o que era para ser um anúncio extremamente positivo se transformou em um escândalo.
Bloqueio de Onlyfans e apoiadores do armamento civil
A Trezor implementou a parceria com a empresa de carteiras Wasabi Wallet, responsável pelo processo de coinjoin.
Essa provedora de soluções tem uma política de censurar transações indesejadas de bitcoin. Isso inclui qualquer transação de bitcoin suspeita de: comprar munições e armas até mesmo legalmente, ter passado por sites como Onlyfans e outros do setor, comprar qualquer tipo de droga legal ou ilegal e até mesmo fazer doações para entidades jornalísticas censuradas pelo governo.
Além disso, a Wasabi obedece à lista de organizações tidas como irregulares (OFAC) pelo governo dos Estados Unidos, que já incluiu organizações jornalísticas como o Wikileaks.

Transações analisadas por negociadora de dados
E como a Wasabi bloqueia essas transações? Usando uma “negociadora” de dados em blockchain.
A provedora de coinjoin tem parceria com Chainalysis, que compra e vende dados no blockchain do bitcoin para governos autoritários, empresas de vigilância e corretoras de criptomoedas.
Todas as transações da Wasabi são enviadas para essa organização. Por sua vez, a Chainalysis processa os dados e vende as informações de usuários de criptomoedas para tornar a ferramenta cada vez mais eficaz em acabar com a privacidade dos próprios clientes.
Ou seja, além de prover uma ferramenta que será usada para censura, a Trezor também está permitindo que os dados de seus usuários sejam usados por uma empresa de análise parceira da Wasabi.
Trezor bloqueia clientes no Twitter por alertar contra censura
Além de todos os problemas, a Trezor tem bloqueado usuários e escondido respostas com qualquer crítica à parceria no tweet oficial do anúncio.
Um usuário apenas perguntou o motivo da empresa de hardware wallet ter “optado por uma solução que deixa de fora organizações sancionadas pelo governo”, e por isso, ele teve suas perguntas escondidas no Twitter.

Outro usuário sugeriu que a companhia mudasse o nome para “Cenzor“, brincando com a ideia de censurar transações de bitcoin.
Trezor, uma companhia que quer acabar com a privacidade?
A ação da Trezor surpreendeu muitos entusiastas de criptomoedas. Entretanto, em 2022 a empresa quis implementar um processo de identificação obrigatório de endereços de bitcoin.
A repercussão foi tão negativa no Twitter e nas redes sociais que a companhia desistiu.
Será que a empresa voltará atrás dessa vez?