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Conheça o Banco Central que pode ser comprado na Bolsa de Valores

banco central da suíça

Praticamente todos os países modernos têm um Banco Central responsável pelas políticas monetárias do país, mas apenas um permite que você seja compre ações dele no mercado acionário.

Assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e um sistema financeiro sólido”, esta é a missão do Banco Central do Brasil, um banco completamente controlado pelo governo brasileiro e de propriedade do Estado. Contudo, esse modelo completamente estatal não é regra para todos os bancos centrais.

Nos Estados Unidos, por exemplo, o BC de lá (FED) tem uma estrutura público-privada. Isso significa que o conselho para tomada de decisões econômicos importantes é decidido por indicados pelo presidente/congresso e também por 12 bancos privados. 

Eu exeplico mais sobre este modelo norte-americano no texto “O dólar é uma fraude?”, no qual comparo os padrões de lançamento de criptomoedas com a história do dólar. 

O Banco Central mais esquisito do planeta:

Mas apesar de diferente, nada se compara ao Schweizerische Nationalbank ou Banco Central da Suíça.  Com sede em Zurique e conhecido como SNB, ele também é responsável por “manter a estabilidade da moeda”, “controlar o sistema econômico” e ultimamente tem se aventurado em ações nada ortodoxas.

Primeiramente, o SNB é o único banco central do mundo com ações listadas na bolsa de valores de seu país. Cerca de 40% dele está disponível para negociação na bolsa, enquanto 15% está nas mãos de bancos privados e o resto é do governo.

Com o valor de mercado de apenas US$400 milhões, o Banco Central da Suíça tem mais de US$170 bilhões em ações de grandes empresas norte-americanas como Apple, Amazon, Alphabet(Google) e outras. E ele consegue ter tanta influência e dinheiro por dois motivos: sua moeda e a condição fiscal do país.

O ouro das moedas fiat

Poucas pessoas sabem, mas a Suíça é o país que proporcionalmente mais exporta na Europa. Chocolates deliciosos, relógios e marcas de luxo são conhecidos produtos desse país dos alpes, contudo, não são esses os maiores responsáveis pela exportação e sim ouro e medicamentos.

        Ranking de exportações por produto na Suíça | Fonte: World Exports

Com tantas exportações, o pequeno país de 8,5 milhões de habitantes se tornou a nação com a terceira maior quantidade de reserva em moeda estrangeira do mundo superando o Brasil com 200 milhões de habitantes, Índia com 1 bi, Rússia e só ficando atrás de China e Japão.  

Mas com uma diferença gritante entre eles, enquanto o Japão tem mais de 200% do PIB em dívida e a China quase 50%, os suíços têm apenas 32,54% e uma dívida controlada.  Como resultado das altas exportações, confiança global e controle fiscal, o franco-suíço (CHF) virou o ouro das moedas estatais.

Em 1 ano, a CHF subiu 8% perante o dólar. No mesmo período, a moeda brasileira (BRL) caiu quase 40%.  Para evitar uma alta ainda maior, o BC resolveu imprimir milhões de CHF para trocá-los por dólar e investir em títulos de dívida e empresas norte-americanas. 

Já foram impressos mais de 1 trilhão de francos-suíços, com CHF 850 bilhões apenas em 2020 e mesmo assim, o SNB precisou diminuir a taxa de juros para – 0,75%, a menor do mundo. Mostrando como a demanda é alta por um dinheiro de qualidade.

Problemas em investir no Banco Central da Suíça

Apenas com ações de empresas norte-americanas o BC suíço lucrou em 2019 US$50 bilhões. Entretanto, esse dinheiro não vai para os bolsos dos acionistas e sim é distribuído aos poucos entre estados e o governo federal. 

Os investidores do Banco Central só recebem no máximo CHF 25 milhões  ou 50 francos por ação , um retorno de apenas 0,28% por ano. Em outras palavras, as ações deste banco funcionam como uma dívida perpétua de alta segurança. E o pior, os acionistas não têm direito a voto.

Mesmo se você não quiser investir no banco central suíço, eles com certeza vão te atrair pelos baixos impostos. Atualmente, o sistema tributário de alguns cantões (espécie de estados suíços) está passando pela maior reforma da história, como resultado, o país se tornará o paraíso fiscal mais barato do mundo até o final de 2020.

A Suíça já atrai grandes empresas do setor de criptoativos para o cantão de Zug, apelidado de Vale das Criptomoedas – que conta com bancos totalmente integrados ao mercado de criptoativos, bankers em montanhas criados para guardar as fortunas dos “cripto-bilionários” e toda a infraestrutura legal para acolher todo tipo de fintech. 

E aí, você investiria no esquisito Banco Central da Suíça ou gostaria de levar sua empresa para lá?  Deixe nos comentários sua opinião.

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