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Destaques do terceiro dia de COP 27

O tema “financiamento climático aos países em desenvolvimento” voltou a ser objeto de atenção na COP 27, mas dessa vez através do primeiro-ministro de Antígua e Barbuda, Gaston Browne – que falou pela Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS).

Gaston frisou a importância da justiça climática e demonstrou abertura para judicializar o tema, se necessário. Lembrou também a promessa não cumprida de injetar US$ 100 bilhões/ano nas nações em desenvolvimento, e responsabilizou a indústria petrolífera pela elevação do nível do mar/mudanças climáticas. Pediu, inclusive, que estas paguem uma espécie de imposto global de carbono sobre seus lucros.

Aliança dos Pequenos Estados Insulares na COP 27

Esta Aliança existe desde 1990 e possui 39 membros distribuídos entre o Caribe (Cuba, Jamaica, Haiti), Pacífico (Papuá-Nova Guiné, Tuvalu, Timor Leste) e África, Oceano Índico e sul do mar China (Maldivas, Singapura, Cabo Verde). Logo abaixo pode-se observar em detalhes sua distribuição geográfica no globo.

Fonte: AOSIS

Segundo o site, seu papel é representar os interesses dos seus estados (insulares e costeiros de baixa altitude), no que se refere às mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável e negociações.

Tuvalu e Vanuatu, que também são membros desse grupo, demonstraram interesse em um acordo de não proliferação de combustíveis fósseis, justamente em virtude do aumento do nível das águas sobre seu território.

Energia fóssil: um dilema entre nações na COP 27

Conforme já noticiado pelo Greentimes, a Europa tem recorrido a fontes fósseis (carvão) para driblar o embargo russo, e assim sobreviver ao inverno e manter suas atividades econômicas.

Apesar disso, diversos líderes mundiais já enfatizaram que a guerra na Ucrânia não pode ser um motivo para atrasar os compromissos climáticos, como Pedro Sánchez (Espanha), Al Gore (EUA) e Emmanuel Macron (França).

Inclusive, este último declarou que pretende reduzir pela metade suas emissões até 2030, e isso será feito através de investimentos em energia limpa. Portugal, por sua vez, acredita que os efeitos dessa guerra foram minimizados por uma aposta em renováveis há 15 anos.

Como nem todas as nações do mundo pensam dessa mesma forma, Moçambique já sinalizou não ter interesse em abrir mão do gás natural no médio prazo. 

Posicionamento da África na COP 27 

Alguns representantes do continente africano afirmaram que a época do colonialismo somado ao momento atual (crise climática), os coloca em uma posição de duplo prejuízo. Afinal, em suas palavras, os países mais ricos devem pagar pelos danos que as nações mais pobres já estão sofrendo, especialmente aquelas localizadas no hemisférios sul.

No mais, há líderes que reforçam a importância da unidade africana dentro da COP 27, especialmente no que se refere aos combustíveis fósseis, pois alguns defendem que o uso desse recurso pode levar ao crescimento econômico.

Ambiguidade dos EUA na COP 27

Até o momento, os Estados Unidos mostraram uma certa ambiguidade sobre o financiamento climático. John Kerry, informou que o presidente Joe Biden irá avançar com a agenda climática independente do resultado das midterms, e a expectativa é que o Congresso concorde com esse financiamento.

Mas acrescentou que “mesmo que não o façamos, pessoal, o presidente Biden está mais determinado do que nunca a continuar o que estamos fazendo. A maior parte do que estamos fazendo não pode ser mudada por mais ninguém”.

Apoio financeiro já alcançado através da COP 27

Michael Bloomberg e John Kerry anunciaram um investimento de 1,5 milhão de dólares para que as cidades ao redor do mundo possam alcançar um patamar de emissões zero (pago pelo Departamento de Estado e a empresa Bloomberg). A iniciativa é chamada de Sub National Climate Action Leaders’ Exchange (SCALE).

O Banco Mundial anunciou o Global Shield Financing Facility, onde 170 milhões de euros serão disponibilizados para ajudar os países atingidos pelas mudanças climáticas.

Memorandos de entendimento na COP 27

Israel e Jordânia assinaram um memorando de entendimento no qual vai haver uma troca de água por energia limpa, onde este último vai exportar 600 megawatts de energia solar (capacidade), mas receberá 200 milhões de metros cúbicos de água dessalinizada. 

Já os Emirados Árabes Unidos e o Egito devem desenvolver, em parceria, um parque eólico terrestre com capacidade de 15 GW – maior projeto desse estilo no mundo.

Declarações da COP 27

Pedro Sánchez, primeiro-ministro da Espanha

“A guerra da Ucrânia não pode ser uma desculpa para atrasar compromissos, mas um impulso para acelerar a transição”

Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA no governo Bill Clinton

“As nações ricas do mundo não deveriam ser enganadas pela absoluta necessidade de responder à falta de energia fóssil causada pela cruel guerra lançada pela Rússia na Ucrânia, como desculpa para trancar compromissos de longo prazo com ainda mais dependência e vício em combustíveis fósseis”.

António Costa, primeiro-ministro de Portugal

“Portugal, que começou a investir em energias renováveis ​​há 15 anos, é um exemplo de como investir na transição garante que estamos mais seguros de uma emergência de combustível”

Kausea Natano, ministro de Tuvalu

“O aquecimento dos mares está começando a engolir nossas terras – centímetro por centímetro. Mas o vício do mundo em petróleo, gás e carvão não pode afundar nossos sonhos sob as ondas”

Filipe Nyusi, presidente de Moçambique

“Queremos continuar, a médio prazo, a usar os recursos naturais como o gás natural, menos poluente, gerador de financiamento de ações de adaptação e resiliência climática”

“Estamos a trabalhar no binômio equilíbrio e desenvolvimento”

Ma’ruf Amin, vice-presidente da Indonésia

“Não há outra escolha que não seja a cooperação, não houve progresso no último ano, e não basta aumentarmos a ambição [meta] se não implementarmos”.

William Ruto, presidente do Quênia

“África contribui com menos de 3% da poluição responsável pelas alterações climáticas, mas foi mais gravemente afetada pela crise que se seguiu”.

Emmerson Dambudzo Mnangagwa, presidente do Zimbábue

“Devemos falar a uma só voz e agir como um bloco de vítimas do clima. Só então é provável que ganhemos o dia e garantamos um planeta saudável para as gerações presentes e futuras.”

Macky Sall, presidente do Senegal

“Sejamos claros, somos a favor da redução das emissões de gases de efeito estufa. Mas nós, africanos, não podemos aceitar que nossos interesses vitais sejam ignorados”

Fontes: AOSIS / Folha de São Paulo / Um Só Planeta-Globo / Euronews / G1

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