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Começa a COP 27 no Egito, evento da ONU que discute a crise climática

Começou ontem (06/11) na cidade egípcia de Sharm El Sheikh a 27ª edição da Conferência das Partes (COP 27), organizada pelas Nações Unidas.

O evento vai acontecer entre os dias 6 e 18 de novembro, e a pauta são as mudanças climáticas e como os países podem reduzir suas emissões. Além disso, outras questões também são objeto de negociação, como a criação de um fundo para financiar os efeitos do aquecimento global sobre as nações mais vulneráveis.

Neste ano, o pavilhão do Brasil tratará do tema “Energia, Indústria, Agro e Investimentos Verdes” e será conduzido por membros do Ministério do Meio Ambiente e da iniciativa privada. Joaquim Leite, ministro da pasta, confirmou presença e destacou que o principal objetivo é chamar atenção para a produção de energia limpa. 

Já o presidente recém-eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve chegar ao Egito apenas no dia 14, e vai acompanhado de Marina Silva (Rede), Simone Tebet (MDB), Randolfe Rodrigues (Rede) e Renan Calheiros (MDB).

Lula foi convidado pelo presidente do Egito, Abdel Fatah al-Sissi, para participar da reunião e já tem uma série de compromissos agendados, entre eles, o lançamento de uma agenda de transição climática para os governadores amazônicos.

O que é a COP 27?

Trata-se de uma Conferência que acontece todos os anos, onde líderes mundiais se reúnem em algum lugar do mundo para debater a crise climática, e reduzir o volume de emissões. 

Essa reunião é conhecida por Conferência das Partes justamente em uma alusão aos membros, que assinaram um primeiro acordo climático, na década de 90.

Objetivos da COP 27

Buscar soluções para a crise climática, em especial, fechar acordos para limitar o aumento da temperatura global.

O atual modelo econômico utiliza fontes fósseis (petróleo, carvão, gás natural) como principal insumo energético. A consequência disso é a liberação de gases do efeito estufa na atmosfera, que contribuem com o quadro de aquecimento global.

Diversos estudos indicam que a temperatura do planeta já aumentou 1,1ºC, mas isso pode subir para 1,5ºC. Tentando evitar esse último acréscimo, em 2015 foi criado o Acordo de Paris

Agenda da COP 27

Neste ano os debates serão sobre: 

  • Redução das emissões;
  • Ajuda às nações a respeito das mudanças climáticas;
  • Garantir apoio técnico e financiamento para os países em desenvolvimento.

Também serão retomadas algumas questões da COP 26, como o financiamento dos países em desenvolvimento atingidos pelos problemas climáticos, estabelecimento de um mercado global de carbono e reforço dos compromissos para redução do uso do carvão.

Inclusive, esse apoio às nações em desenvolvimento podem gerar pontos de divergência entre os grupos, pois desde 2009 cogitava-se a possibilidade de aportar R$ 512 bilhões por ano (até 2020), mas nada foi concretizado e a questão postergada.

Esse pagamento por “perdas e danos” (compensação pelos impactos climáticos sofridos pelos países em desenvolvimento) é um assunto que está sendo capitaneado pelo Paquistão, que padeceu com intensas chuvas este ano. 

Já os países desenvolvidos, por outro lado, temem ser forçados a pagar pesadas indenizações, e isso ser considerado uma espécie de “confissão de culpa”. Há muita resistência quanto a isso, mas Estados Unidos e União Européia já sinalizaram uma abertura para o diálogo.

Por fim, é importante ressaltar que antes da reunião, os países que estão participando do evento deveriam apresentar seus planos climáticos, mas só 15 países fizeram isso.

Compensação por perdas e danos

O presidente da COP 27, Sameh Shoukry, acredita que deve-se chegar a uma conclusão sobre esse item até 2024, mas o tom desse debate deve transmutar da “responsabilização e compensação” para a “cooperação e facilitação”. O avanço desse item é considerado determinante para o sucesso do evento, ou não.

Participantes da COP 27

Mais de 200 países foram convidados para a reunião, e cerca de 90 chefes de estado confirmaram presença. Nomes importantes como Vladimir Putin (Rússia), Xi Jinping (China) e Joe Biden (Estados Unidos) merecem uma atenção especial.

Vladimir Putin não participará pessoalmente da COP 27 por causa da Guerra contra a Ucrânia, mas enviará um representante; a China não vai comparecer, muito embora seja responsável por 27% das emissões globais. Já o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desembarca no Egito no dia 11 e ficará por lá apenas um dia.

Além dos chefes de estado, o evento também conta com a participação de cientistas, diplomatas, jornalistas, membros da sociedade civil e empresas.

Impactos da Guerra da Ucrânia

O continente europeu aplicou diversas sanções contra a Rússia, em uma tentativa de frear o conflito contra a Ucrânia. Em retaliação, Vladimir Putin reduziu o envio de gás para Europa e isso ocasionou uma crise energética, dada a dependência econômica sobre o insumo (40%).

Como consequência, os europeus têm recorrido ao carvão para manter suas atividades industriais e a calefação. Apesar da direção que essa situação tomou, a Agência Internacional de Energia acredita que isso pode levar a um aumento na demanda por soluções pró-ambiente (investimento em energias renováveis).

Primeiras declarações da COP 27

António Guterres (secretário-geral da ONU) no 2º dia de evento: 

“Estamos na luta de nossas vidas. E estamos perdendo. As emissões de gases de efeito estufa continuam crescendo. As temperaturas globais continuam subindo. E nosso planeta está se aproximando rapidamente de pontos de inflexão que tornarão o caos climático irreversível”. 

“Estamos em uma estrada no caminho para o inferno climático com o pé no acelerador” 

“Perdas e danos não podem mais ser varridos para debaixo do tapete. É um imperativo moral. É uma questão fundamental de solidariedade internacional – e justiça climática”

“Aqueles que menos contribuíram para a crise climática estão colhendo a desordem semeada por outros.”

Emmanuel Macron (presidente da França) no 2º dia de evento:  

“Estados Unidos e China devem responder a este desafio, já que os europeus são os únicos que pagam” [… para ajudar as nações mais pobres contra os efeitos do aquecimento global]

Os grandes países emergentes “têm que abandonar rapidamente” o carvão como fonte de energia

Al Gore (ex-presidente dos Estados Unidos) no 2º dia de evento: 

Este lembrou das enchentes no Paquistão, das ondas de calor na Europa e do crescimento das áreas inabitáveis.

Fonte: O Globo / Agência Brasil / G1 / Metrópoles

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