- A crise monetária no Líbano tem gerado hiperinflação e confisco de dinheiro pelos bancos.
- Para sobreviver, cidadãos libaneses precisam minerar bitcoin ou comprá-lo para guardar valor.
Em 2019, o Líbano entrou em uma crise financeira devido a péssimas decisões políticas e monetárias. O país que era o centro bancário do Oriente Médio, virou exemplo perfeito de caso de uso do Bitcoin e outras criptomoedas.
A fé no sistema bancário-estatal acabou
Segundo o Banco Mundial, a crise no Líbano é uma das piores do mundo desde 1850. Cerca de 78% da população vive abaixo da linha da pobreza, enquanto bancos e o governo tentam explorar a população com aumento de tarifas e impostos.
Como resultado, a Lira Libanesa perdeu 95% do seu valor, o sistema bancário entrou em colapso e alguns bancos confiscaram até 85% do dinheiro da população.
A população se revoltou, saiu às ruas, queimou bancos. O governo respondeu com mais sanções, bloqueando até mesmo aplicativos de cotação para que a cotação oficial do dólar para a lira libanesa fosse seguida à força.
Para comprar pão, a população precisa de sacolas de dinheiro. A inflação prevista para 2023 no país é de 178%, maior que a venezuelana.
“Um dos arrependimentos da minha vida foi não sacar todo o meu dinheiro antes da crise”, afirmou o estudante universitário El Chamaa, para a CNBC.
Os bancos libaneses perderam entre US$65 bi e US$70 bilhões, o equivalente a quatro vezes o PIB do país. O governo deu autorização para que os banqueiros roubassem o dinheiro da população para tentar estabilizar o sistema financeiro, o chamado bail-in.
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Líbano: População aposta em BTC e criptomoedas
Com contas bancárias congeladas, compra de dólares extremamente regulamentada e altas taxas para receber e enviar dinheiro para o exterior, a única saída foi o bitcoin e as criptomoedas.
Capaz de contornar sanções, a tecnologia criada por Satoshi Nakamoto começou a circular como grande opção às restrições de capital e uma maneira fácil de guardar valor.
O gestor de marketing, Marcel Younes, contou à CNBC que colocou 70% do seu dinheiro em bitcoin. E não foi só ele, uma pesquisa da ChainAlysis, mostrou um aumento de 120% no uso de criptoativos.
Mesmo sendo proibido o uso de criptoativos como meio de pagamento, diversos negócios mostram a opção nas redes sociais:
“Se você tivesse seu dinheiro no banco no Líbano, já era. Quem sabe quanto disso você verá novamente. Enquanto isso, o bitcoin sobe e desce no mercado global, mas se você tem autocustódia do seu bitcoin, você sempre o terá como um ativo, podendo usá-lo como quiser e enviá-lo para qualquer lugar do mundo.”, afirmou o diretor de estratégia da Humans Rights Foundation.