Os sistemas produtivos sempre utilizam matérias-primas extraídas da natureza para fabricação de seus produtos, mas quando acaba a sua utilidade este é descartado sem maiores preocupações.
Esse fluxo baseado na “extração, transformação e descarte” é alimentado por um consumo desenfreado, onde os excessos viraram uma regra na sociedade atual. Esse estilo onde gerou alguns resultados, como:
- Produção de 40 bilhões de toneladas de lixo eletrônico anualmente
- Desperdício de 14.965 milhões de toneladas de alimentos no Brasil todos os anos
Mas, será que isso representa eficiência? Os insumos são eternos e infindáveis? Esse lixo vai para onde depois do descarte? Quais são os impactos sobre o ar, solo e recursos hídricos? Por que não reaproveitar os resíduos gerados? As empresas podem fazer alguma coisa a respeito?
Quando esses questionamentos acontecem é inevitável constatar que houve uma mudança de mentalidade: o homem mudou, e o mercado se adapta como consequência. Não é à toa que hoje em dia buscam-se processos produtivos mais circulares, eficientes e responsáveis.
O que é economia circular?
A economia circular é um conceito baseado na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia, onde há a substituição do conceito de fim-de-vida (típico da economia linear), pelo da circularidade em um processo integrado.
Agora, o “lixo” ganha novos ares (erro de design) e os produtos são planejados mais cuidadosamente. A escolha por uma matéria-prima leva a uma destinação, com a possibilidade do seu reaproveitamento e reintrodução a um ciclo produtivo, por exemplo.
Essas melhorias estimulam o dinamismo econômico, pois uma empresa com esse diferencial se destaca no seu mercado. Inclusive, muitos estudos mostram as vantagens que a iniciativa privada tem ao investir em sustentabilidade, inclusive em meio a crises econômicas.
Principais características
É importante frisar que a economia circular está ligada a um modelo focado em melhorias de produtos/processos, otimização no uso de recursos e redesenho de negócios. Seu direcionamento é de longo prazo, onde mudanças sistêmicas podem gerar oportunidades e benefícios de ordem social e ambiental.
Dentre suas principais características estão a minimização na extração de recursos, maximização da reutilização e aumento da eficiência (desenvolvimento de processos e uso de produtos).
Exemplos de empresas que investem em economia circular
Existem muitas companhias que já estão transformando a economia circular em uma realidade, mas à título de exemplo, no vídeo acima, pode-se observar a experiência de uma empresa de impressoras. Através da logística reversa, pega-se de volta os equipamentos descartados e as peças de plástico são transformadas até chegar ao pellet.
Dentre as vantagens obtidas, a organização conseguiu vender esse material a um preço acessível (mais barato que a resina virgem), trabalhou em parceria com as comunidades e desenvolveu produtos mais sustentáveis, segundo a Gerente de Sustentabilidade.
Resíduos, um breve contexto
O problema do lixo está diretamente relacionado à sua produção e à falta de locais adequados para sua destinação, mas a força motriz por trás disso tudo é o consumo. A industrialização e o uso de embalagens descartáveis complementam esse cenário.
Quando se joga um bem ou uma embalagem fora, normalmente, para o consumidor o problema acabou ali. Mas, quando toda uma cidade faz isso diariamente, no final do dia, alguém precisa se preocupar com o coletivo e lidar com essa questão.
Caso ocorra alguma falha nos serviços de coleta, há o acúmulo de lixo nas calçadas, que inevitavelmente ocasiona mau cheiro, sujeira, degradação e atração de vetores.
Por isso é importante repensar os resíduos, e encontrar maneiras que minimizar seus efeitos sobre o ambiente.
Os 4 R’s da sustentabilidade
A sigla 4R é representada por 4 palavras que começam com a letra R: reduzir, reutilizar, reciclar e repensar. O significado por trás dessa sigla é muito importante e será melhor explicado logo abaixo.
Reduzir
É importante refletir a respeito dos recursos naturais que estão sendo usados na fabricação de um produto (matérias-primas, insumos), bem como no volume de materiais que serão descartados (poluentes em geral). Com relação aos usuários, é importante reduzir os excessos (desperdício).
Reutilizar
A ideia aqui é adotar novos hábitos e entender que o lixo muitas vezes pode se converter em uma nova solução, com utilidade. Exemplo: garrafas PET podem virar suporte para plantas, porta-lápis, utensílio para estoque de mantimentos (arroz, feijão, farinha), entre outros.
Os bens de consumo possam ser reutilizados por consumidores, que com criatividade podem explorar novas possibilidades, mas isso também pode vir de empresas ao estender a vida útil de um material.
Reciclar
A reciclagem é a etapa mais trabalhosa e deve ser utilizada, sempre que possível, para reintroduzir um item nas cadeias produtiva e de consumo. O processo da reciclagem consiste em transformar um material antigo, em algo novo, sendo que este pode ter a mesma finalidade ou não.
Investindo nisso, há uma menor demanda por recursos naturais, e os resíduos podem ser transformados em insumos para novos produtos.
Repensar
Neste item, o ponto central é repensar atitudes, comportamentos e padrões de consumo. Sair do automático e refletir sobre o que é efetivamente necessário, tendo consciência das próprias escolhas.
Fontes: Estadão / Eco.nomia / CNI / Plastic Insight / Koleta Ambiental / Fundação Ellen Macarthur / Copagril
LEIA MAIS: