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Empresa de tecnologia estabelece salário mínimo de US$70 mil: o que aconteceu?

Dan Price estabelece salário mínimo

Em 2015, o chefe de uma empresa de processamento de cartão de crédito tomou uma decisão bastante inusitada. Ele reduziu seu salário em US$ 1 milhão por ano e hipotecou suas duas casas para dar um considerável aumento para todos os seus funcionários.

E o aumento não foi de acordo com as funções de cada um na empresa, em vez disso, Dan Price, CEO da Gravity Payments, quis estabelecer um salário mínimo de US$ 70 mil por ano.

Ao discordar da decisão, alguns executivos da empresa pediram demissão. De acordo com eles, a empresa estava a caminho de perder a competitividade e portanto, espaço no mercado.

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Dinheiro compra felicidade

Supostamente, Price tomou essa decisão baseado em um estudo dos economistas Daniel Kahneman e Angus Deaton, que estabelece uma relação entre renda e felicidade.

O estudo definiu que um salário de 75 mil dólares por ano deixaria as pessoas mais felizes. “Mais dinheiro não necessariamente compra mais felicidade, mas menos dinheiro está associado à dor emocional”, concluiu Kahneman.

Apesar disso, o chefe da empresa optou por oferecer 70 mil dólares anuais de salário para os funcionários, alegando que tinha se enganado com o valor real da pesquisa.

Um experimento socialista?

Rush Limbaugh, um radialista conservador ilustrou a atitude como um experimento socialista que iria falhar. Porém, tudo ocorreu em um ambiente corporativo e voluntário. Daria mesmo para chamar de socialismo?

Algumas das motivações de Price foram a crescente desigualdade social e o alto custo de vida de Seattle, sede da sua empresa. Ao fazer uma caminhada com sua amiga, ela contou que o preço dos aluguéis estava aumentando, o que dificultava o pagamento das contas.

Price se emocionou com a situação, e então, irritado com a desigualdade, decidiu que ele fazia parte do problema. Milionário e com mais de cem funcionários, adotou o discurso de que empregados são explorados por seus patrões para manter luxos.

Alegadamente, a partir de 1995 o 1% mais rico dos EUA passou a superar os 50% mais pobres em renda anual, uma disparidade enorme. Em 2015, os CEOs ganham cerca de 300 vezes mais que o trabalhador médio.

No entanto, de 1990 a 2015 o número de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza (com US$ 1,90 ou menos por dia), caiu de 1,9 bilhão para 735 milhões. Ou seja, a parcela de pobres na população mundial caiu de 36% para 10% neste período.

Portanto, não é verdade que uma crescente desigualdade signifique um aumento da miséria. Aliás, quando alguém enriquece, essa pessoa costuma levar as pessoas próximas juntas para uma situação econômica mais confortável.

Apesar disso, em uma nobre atitude de caridade, Price achou que deveria abdicar de todos os seus luxos para prover uma melhor condição de vida para os seus empregados. Hipotecou suas casas, vendeu suas ações e se desfez de suas economias para investir no que ele achava mais valioso, seus colegas de trabalho.

O resultado foi muito positivo, a empresa passou a produzir mais e acabou dobrando o número de pessoas empregadas. Mais de 10% deles conseguiram comprar casas próprias, antes o número não passava de 1%.

Aumentar o salário mínimo é algo positivo?

No mesmo período, a cidade de Seattle queria ter o maior salário mínimo dos EUA, aumetando em 15 dólares. Os proprietários de pequenos negócios foram contra, alegando que teriam que fechar suas portas e parar de contratar.

Porém, o experimento de Price provou que o aumento do salário mínimo é benéfico, e os donos de pequenos empreendimentos eram apenas ganaciosos, certo? A meu ver, não mesmo.

O CEO da Gravity Payments é o proprietário da empresa, ele é responsável pelo pagamento dos seus funcionários, decidir aumentar o salário mínimo ali foi uma atitude voluntária. Além disso, ele tinha “gordura” para queimar e conseguiu fazer isso, o que foi impressionante.

Mas ao Estado tentar realizar a mesma coisa, ele apenas delega a responsabilidade para todos os patrões pagarem mais. Enquanto uma boa parte, realmente não consegue.

No Brasil, por exemplo, 58% dos donos de negócios tem uma baixa renda de até 2 salários mínimos. O “patrão médio” não é o milionário ganancioso que paga pouco aos empregados porque quer.

Ao elevar demais o salário mínimo, o que o governo pode acabar fazendo é cortar os primeiros degraus da escada do desenvolvimento pessoal no mercado de trabalho.

Não só dificultando o desempregado a encontrar um emprego, mas também reduzindo as possibilidades de um pequeno empreendedor a escalar seus negócios.

Mas qual a sua opinião sobre a experiência do CEO da Gravity Payments e o salário mínimo? Queremos ler seu comentário abaixo!

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