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Genial: Turquia registra 36% de inflação anual e Chefe de Estatística é demitido

Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia

Cada país tem sua maneira de conter a inflação. No Brasil, criaram várias moedas até chegar no modelo que usamos hoje; na Argentina o presidente é amigo da agência de estatística e manda camuflar os números; já na Turquia, a genialidade do presidente Erdogan vai além das fronteiras macroeconômicas. 

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, demitiu o chefe da agência estatal de estatísticas, depois que dados mostraram que a taxa de inflação do ano passado atingiu uma alta de 19 anos de 36,1%.

“Medida eficiente de combate à inflação. Quero ver o próximo [chefe de Estatística] ter a audácia de bater esse recorde.”, comentou o economista brasileiro Fernando Ulrich no Twitter.

Sait Erdal Dincer, o agora ex-presidente do instituto de estatísticas TUIK, foi apenas o mais recente de uma série de demissões econômicas de Erdogan, que demitiu três presidentes de bancos centrais desde julho de 2019.

Erdogan criticou as altas taxas de juros, que ele acredita causar inflação – o oposto do pensamento econômico convencional.

O número de inflação de 2021 divulgado por Dincer irritou os campos pró-governo e da oposição.

A oposição disse que foi subnotificado, alegando que os aumentos reais do custo de vida foram pelo menos duas vezes maiores.

Enquanto isso, Erdogan teria criticado a agência de estatísticas em particular por publicar dados que, segundo ele, exageravam a escala do mal-estar econômico da Turquia.

Dincer parecia sentir seu destino iminente. 

“Eu me sento neste escritório agora. Amanhã será outra pessoa”, disse ele em entrevista ao jornal de negócios Dunya no início deste mês. 

“Não importa quem é o presidente. Você pode imaginar que centenas de meus colegas poderiam tolerar ou ficar calados sobre a publicação de uma taxa de inflação muito diferente do que eles estabeleceram?” 

“Tenho uma responsabilidade com 84 milhões de pessoas”, acrescentou.

Batalha de juros

Erhan Cetinkaya, 40, que é vice-presidente do órgão de vigilância bancária BDDK desde 2019, foi nomeado sucessor de Dincer.

A agência deve publicar os dados de inflação de janeiro amanhã (3). 

“Isso apenas aumentará a preocupação com a confiabilidade dos dados, além de grandes preocupações sobre as configurações da política econômica”, disse Timothy Ash, da BlueBay Asset Management, em nota aos clientes.

Envolvida em uma crise cambial, a Turquia tem sido perseguida por uma inflação crescente, que atingiu seu nível mais alto durante o governo de 19 anos de Erdogan em dezembro e que uma pesquisa da Reuters na sexta-feira mostrou que deve ter atingido uma alta de quase 20 anos em cerca de 47 por cento em janeiro.

Enquanto isso, o Bitcoin tem se tornado cada vez mais popular na Turquia. É o que mostra o número de consultas no Google para a criptomoeda, que disparou após os últimos desenvolvimentos vindos do país em abril do ano passado. 

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