A primeira intervenção bem-sucedida contra o financiamento de atividades terroristas por meio de criptomoedas foi anunciada pelo Ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, no dia 27 de junho de 2023.
A ação conduzida pelo National Bureau for Counter Terror Financing (NBCTF) de Israel interceptou cerca de US$ 1,7 milhão em criptomoedas ligadas ao Hezbollah, um grupo terrorista do Líbano, e à Força Quds do Irã, ambos conhecidos por apoiar e financiar o Hezbollah. Nessa operação histórica de segurança nacional, as ferramentas de detecção no blockchain foram essenciais.
Apreensão histórica
A operação do NBCTF destacou-se como um marco na luta contra o financiamento de terrorismo por criptomoedas, expondo detalhes sobre como o Hezbollah e outros grupos terroristas se utilizam das criptomoedas.
Desde sua formação, o Hezbollah vem sendo financiado em grande parte pelo Irã, mais especificamente pela Força Quds do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC), geralmente através de intermediários sírios. Essa apreensão revelou que parte dessa atividade migrou para o financiamento por criptomoedas.
Mas como esse financiamento funcionava?
Segundo a empresa de análise ChainAlysis, o financiamento seguia um padrão de transferência de fundos de facilitadores financeiros para serviços de troca e corretores de balcão (OTC), e, posteriormente, para endereços controlados pelo Hezbollah em exchanges (corretoras) convencionais.
A ação do NBCTF concentrou-se em carteiras controladas por Tawfiq Muhammad Said Al-Law, operador baseado na Síria. Al-Law colaborou com operadores de alto escalão do Hezbollah, como Muhammad Qasim Al-Bazzal e Muhammad Ja’far Qasir (ambos sancionados pela OFAC), para gerenciar a infraestrutura de financiamento em criptomoedas do Hezbollah.
Com a ajuda do gráfico da Chainalysis Reactor (imagem abaixo), foi possível visualizar o movimento dos fundos através da carteira de Al-Law, passando primeiro pelos facilitadores financeiros, depois para uma carteira controlada por Al-Law e, finalmente, para um endereço de depósito controlado pelo Hezbollah em uma exchange mainstream.
Um total de 40 endereços foram apreendidos pelo NBCTF nesta operação, dos quais quatro foram congelados pelo Tether, emissora do USDT.
Essa operação do NBCTF é relevante não apenas pelo ineditismo da apreensão de criptomoedas do Hezbollah e da Força Quds, mas também por ser um dos primeiros exemplos de financiamento ao terrorismo via criptomoedas conduzido por atores estatais sofisticados utilizando a tecnologia de empresas de rastreamento como a Chainalysis.
