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O papel moeda representa um risco à economia?

dólar

Para os indivíduos que nasceram em uma época onde moedas fiduciárias são dominantes, parece normal deixar que o governo administre o sistema monetário à maneira que ele acredita que vá beneficiar a economia.

Hoje, o dólar toma a frente da economia mundial: todos os negócios feitos no mundo, queira você ou não, têm o dólar como referência e isso significa que, caso algum momento o governo americano adote uma postura que acabe prejudicando sua moeda, o efeito será sentido em todos os cantos do mundo.

Tomar a decisão errada já parece normal por parte dos governantes americanos, tanto que muitos especialistas transcendem suas análises a respeito da economia e acabam atribuindo as causas das crises ao sistema econômico, que seria o capitalismo. Todavia, sempre que analisamos a fundo o que aconteceu em períodos de crises nos deparamos com a intervenção estatal.

A exemplo disso, a crise do dólar em 1978 foi precedida por uma intervenção por parte do presidente Nixon, que em 1971 decidiu abandonar a conversão de ouro em dólar, ato que praticamente decretava a autonomia e autoridade do Estado para administrar a moeda do país.

Você já se perguntou os motivos pelos quais enfrentamos constantes crises nos sistemas monetários da atualidade? Para começar, vamos dar uma olhada primeiramente no estilo de moeda que é adotada hoje por todos os países do planeta: o papel moeda.

A origem do papel moeda

O papel moeda apareceu primeiramente na China, durante a dinastia Tang (618-907) e era popularmente conhecido como “dinheiro voador”, pois diferentemente dos metais que eram complicados de carregar durante uma longa viagem, esse dinheiro de papel literalmente “voava com a brisa dos ventos”. O uso desse dinheiro foi até por volta de 1455, devido aos efeitos inflacionários que essa moeda causava.

As vantagens de adotar o papel como moeda eram basicamente três: (1) o custo de produção seria menor; (2) a quantidade de moeda em circulação poderia ser facilmente modificada, a fim de facilitar a necessidade de fazer negócios; (3) a quantidade poderia ser facilmente alterada para estabilizar o preço da moeda.

Porém, somente na Europa ocidental, quando os governos começam a detectar um aumento significativo de papéis de certificação que garantiam aos seus possuidores uma quantidade de ouro ou prata em algum banco, foi que começaram a imaginar um sistema monetário onde a moeda seriam papéis e não metais preciosos e a partir do século XVIII, os governos europeus já obrigavam os cidadãos a aceitarem os certificados em suas negociações.

Ouça sobre a origem da moeda:

https://cointimes.com.br/podcasts/conexao-satoshi-03-o-senhor-das-moedas-a-sociedade-do-bitcoin/

O papel moeda é contra o livre mercado

Como vimos anteriormente, o papel moeda surgiu diretamente do sistema monetário que utilizava como moeda metais preciosos (ouro e a prata) e para que ele viesse a ser utilizado por todos, somente através da coerção estatal. E esse é um dos pontos que mostra o porque de moedas fiduciárias serem contra o sistema de livre mercado.

Antes da existência da moeda, os negócios realizados entre os indivíduos eram baseados na troca direta, popularmente conhecida como “escambo”. Todavia, esse método não era o mais prático, pois dele surgiam dois problemas básicos: a indivisibilidade e a ausência da coincidência de desejos.

A questão da indivisibilidade trata da dificuldade de fazer negócios de grandes proporções. Imagine que Felipe tem um arado e está disposto a trocá-lo por várias coisas, como por exemplo, ovos, pães e mudas de roupas. E como ele poderia fazer isso? Dividiria o arado para cada um dos comerciantes que produzem os produtos que ele deseja? Não seria uma atividade muito prática.

Sobre a coincidência de desejos, onde fica ainda mais claro que a troca direta é um sistema confuso, imagine que existem dois indivíduos querendo negociar, Ronaldo e José. Ronaldo produz cadeiras, enquanto José produz manteiga. José deseja adquirir algumas cadeiras, porém não estamos falando de um sistema onde o dinheiro existe.

Sendo assim, para que José consiga trocar seu produto pelo de Ronaldo, terá de ter a sorte de que ele terá interesse em adquirir manteiga, caso contrário, o negócio não será realizado. O que poderia ser feito, caso Ronaldo estivesse interessado em algo que não fosse manteiga?

A solução para os problemas da troca direta só seriam solucionados quando as trocas passassem a ser indiretas, ou seja, haveria um produto que Ronaldo e José estariam dispostos a adquirir e assim nascia nossa concepção de “dinheiro”. Sendo um produto/mercadoria que ambos aceitariam, assim José poderia vender sua manteiga pelo dinheiro da época e assim poderia adquirir algumas cadeiras de Ronaldo.

Utilizando esse meio de troca, muitos objetos acabaram por ser utilizados como dinheiro, como por exemplo o tabaco na Virgínia colonial, açúcar nas Índias ocidentais, sal na Etiópia, gado na Grécia antiga, pregos na Escócia e em casos mais atuais, cigarros em presídios.

Então com o passar dos séculos, as mercadorias mais comercializadas acabariam se tornando os meios de troca preferidos dos homens, sem a necessidade de intervenção de algum governante. E para essa função, os homens escolheram o ouro e prata. Ambos eram facilmente comercializados, não apenas por serem utilizados em ornamentos, mas também porque resistiam bem ao tempo, eram fáceis de se armazenar e, provavelmente o detalhe mais importante do ouro e da prata: eram escassos.

O papel moeda, além de ser aceito apenas através de vias autoritárias por parte do Estado, não são escassos. A qualquer momento, o Banco Central dos países pode imprimir inúmeras quantidades de cédulas, consequentemente fazendo com que o preço delas diminua e causando um aumento significativo no preço das mercadorias naquele território. Enquanto o ouro e prata eram o dinheiro ideal, os homens estavam livres do risco de ter o valor do seu dinheiro tão reduzido.

O dinheiro estatal já perdeu a batalha contra criptomoedas

O colapso do sistema monetário

Maduro comendo em restaurante famoso
Maduro comendo em restaurante turco famoso, enquanto a população passa fome

Quando falamos de “colapso”, pode vir à cabeça do leitor a infeliz situação da Venezuela: inflação em 1.000.000%, pessoas passando fome, um caos social declarado. Mas colapso que tratamos será a confiança perdida nas moedas fiduciárias. Isto é, as pessoas tenderão a escolher moedas mais confiáveis para manter suas reservas e realizar seus negócios.

Veja que, independente da moeda, sendo ela fiduciária/papel moeda, o poder de compra delas está diminuindo. O que você podia comprar há 50 anos com 10 dólares, não é o mesmo que hoje em dia. A mesma lógica serve para o real, em 2000 os preços aparentavam ser muito mais acessíveis do que hoje.

Portanto, desperta uma necessidade para saber como evitar futuras crises, sejam exclusivas do nosso território, com o real, ou crises internacionais por causa do dólar. E uma solução que cabe a nós é adotar cada vez mais as criptomoedas. Elas podem evitar a tirania governamental e evitar desastres semelhantes da Venezuela com os Bolívares ou, com o Brasil com os planos Cruzados e Cruzeiro.

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