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O que é um CBDC? A moeda digital do Estado vai desbancar o bitcoin?

CBDC o que é

Uma moeda digital do Banco Central, também conhecida como CBDC na sigla em inglês, é uma clara resposta dos Bancos Centrais ao avanço das criptomoedas. Mas será que elas fazem sentido? 

CBDC em uma imagem

Como definir uma moeda digital do Banco Central? 

Elas não são descentralizadas como o Bitcoin, não são privadas como o Monero e atualmente nenhuma conta com tantas funcionalidades e liberdades de contratos inteligentes como o Ethereum.

As moedas digitais dos BCs são semelhantes ao meme do campeão comemorando sua última colocação. Ou a uma cerveja sem álcool, algumas pessoas usam, mas faz sentido?

CBDC em uma imagem

O Banco Central da China tem um bom motivo para criar sua própria moeda digital, o controle. Saber o que todos os cidadãos estão comprando e fazendo é melhor que deixar essa função para empresas como a Tencent. 

Entretanto, a moeda digital mais avançada atualmente não tem o objetivo de obter controle. O CBDC “sand dollars” de Bahamas foi criado por motivos importantes e que mesmo após o lançamento não foram colocados à prova. Por lá, a ideia era emitir uma moeda digital para literalmente levar dinheiro e serviços financeiros para comunidades afastadas, como afirma John Rolle – governador do BC de Bahamas:

“Por causa da geografia da Ilha, é muito difícil fornecer serviços financeiros através de um canal físico. As considerações de custos significaram que os bancos, em alguns casos, se recusaram a atender algumas de nossas “ilhas familiares” rurais. Essas comunidades podem eventualmente sair dessa infraestrutura [digital] para se comunicar e interagir com os provedores tradicionais de serviços financeiros. Isso não é algo que veremos no primeiro dia, mas essa infraestrutura está lá, e a estrutura regulatória está lá. Será possível que as instituições financeiras forneçam serviços com confiança através desses canais digitais, e agora temos a segurança de um mecanismo de liquidação, o sand dollar.”

Mas um dos motivos mais importantes de uma moeda digital é a recuperação financeira em casos de furacões, 

“Após o furacão Dorian [em 2019], os bancos levaram mais de um ano para restaurar suas instalações de filial.” – disse John Rolle  para a Bloomberg.

Enviar remessas para regiões afastadas, diminuir o custo de emissão de dinheiro, facilitar o acesso a serviços financeiros novos com smart contracts e permitir o envio de remessas internacionais, são as principais vantagens de uma moeda digital de um Banco Central. 

Contudo, boa parte dessas vantagens nem sequer fazem sentido em um ambiente extremamente regulamentado como brasileiro, ainda mais quando empresas privadas já estão resolvendo esses problemas. 

Você quer mandar remessas internacionais? A Transfero Swiss com sua stablecoin BRZ pode quebrar esse galho. 

E dar acesso bancário aos mais pobres? O WhatsApp está em 99% dos celulares brasileiros, se o Banco Central parar de bloquear as inovações financeiras do Facebook nós não precisaremos mais gastar dinheiro público com uma CBDC.

Diminuir o custo de emissão do dinheiro? Boa parte do dinheiro em circulação já é digital, utilizando o PIX, TEF e outros sistemas de liquidação. 

Contratos inteligentes? O que eu não consigo fazer como o Ethereum e outras soluções digitais em questão de smart contracts que eu poderia fazer com um CBDC? Nada.

A “criptomoeda” do governo brasileiro

Apesar de não fazer sentido, o governo brasileiro entrou de vez na ideia de buscar uma CBDC própria. Campos Neto, presidente do BC, já até mesmo divulgou as diretrizes para a criação de uma. 

Temos que deixar claro aqui que, apesar do sensacionalismo de diversas matérias, a moeda digital do BC está longe de ser uma criptomoeda, provavelmente não usará blockchain e daremos muita sorte se ela for de código aberto. 

No melhor dos casos, uma CBDC seria apenas um desperdício de dinheiro público. No pior, um sistema de controle estatal à moda chinesa. Quer entender mais sobre CBDCs e stablecoins? Veja nosso vídeo sobre o tema:

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