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O que se aprende ao tentar hackear o Bitcoin

13 whitepaper

Muitos especularam sobre as possíveis maneiras de criar uma fortuna do nada, hackeando transações de Bitcoin. Mas esse desafio pode ser mais custoso do que você imagina. 

Treze anos após a publicação do whitepaper do Bitcoin, são necessários 13 milhões de reais por hora para se realizar um ataque de 51% na rede ou 30.000 anos para você roubar uma chave privada. Ou seja, se você não tem todo esse dinheiro nem todo esse tempo, a coisa mais valiosa que você pode obter da rede de Bitcoin é o conhecimento. 

Por isso, separamos algumas lições que você pode aprender com o whitepaper da criptomoeda que está a 13 anos desafiando os hackers. 

Como criar uma fortuna do nada – só que não

Na verdade, o whitepaper do Bitcoin já mostrava como evitar que um hacker (ou qualquer tipo de invasor) roubasse criptomoedas por meio de alterações no histórico de transações.

Além do mais, a cada dia que passa e a rede de mineradores de Bitcoin cresce, a simples ideia de hackear o sistema torna-se cada vez mais absurda.

No whitepaper do Bitcoin, Satoshi Nakamoto não descarta a possibilidade de que existam invasores que queiram fraudar o sistema. Há sempre alguém ganancioso que quer o maior pedaço do bolo. Na verdade, em 2009, o Bitcoin era uma rede que conectava apenas um punhado de computadores (e não valia alguns centavos).

Quando as regras de consenso do Bitcoin foram escritas, até mesmo um simples espirro no computador de um hacker poderia ser um problema. 

Mas as regras descritas pelo whitepaper foram a chave para fazer as pessoas colocarem seus esforços, e seus computadores, a serviço de um objetivo comum. Quanto mais valioso se torna o bitcoin (BTC), mais segura se torna a rede. 

Leia também: Bitcoin cresce em dominância sobre as alts e também em eficiência 

Vamos então te mostrar por que o rigoroso sistema de segurança do Bitcoin pode ser uma dor de cabeça cruel para qualquer um que tente um hack de rede.

As regras do jogo Bitcoin quebram as ilusões dos atacantes

Um hacker ganancioso não ganharia mais dinheiro com uma fraude ou troca de transações do que minerando Bitcoin honestamente. A rede de mineiros é projetada de tal forma que um invasor acharia muito caro refazer a blockchain “em segredo” utilizando a prova de trabalho (PoW), o mecanismo de consenso da rede.

“O incentivo pode ajudar a encorajar os nós a permanecerem honestos. Se um invasor ganancioso for capaz de montar mais CPUs do que todos os nós honestos, ele terá que escolher entre usá-lo para fraudar as pessoas, roubando seus pagamentos, ou usá-lo para gerar novas moedas. Ele deve achar mais lucrativo jogar de acordo com as regras, regras que favoreçam as moedas mais novas (…) do que minar o sistema e a validade de sua própria riqueza.”

– Whitepaper do Bitcoin

Isso significa que um hacker precisaria de muitos computadores ou mineradores de Bitcoin para criar as condições que permitam enganar a maioria dos mineradores que atualmente trabalham na rede. Ou seja, capturando mais da metade da rede – ataque de 51% – para censurar as transações de outras pessoas ou reverter as próprias transações do invasor, gerando gastos em dobro.

Apenas um estado pode executar um ataque de 51% ao Bitcoin 

Hackear Bitcoin com esse tipo de ataque custaria US$ 2,37 milhões – ou R$ 13,3 milhões – a cada hora, de acordo com a Crypto51

Para se ter uma ideia, você teria que ter 1.273.000 ASIC Antminer S19 Pro em capacidade total para competir contra toda a rede que está conectada atualmente (e que assumimos que eles desejam que o Bitcoin continue a ter o valor que já atingiu). 

Segundo Go Bitcoin, é necessário investir US$ 28.678 milhões na compra de equipamentos de mineração como o Antminer S9 para hackear o Bitcoin atualmente e seu consumo de energia elétrica (no caso dele conseguir todo esse fornecimento de energia elétrica para esse trabalho).

É claro que um ataque dessa magnitude teria consequências imediatas nos mercados. Quem quer que se empenhe na louca tarefa de obter bitcoins dessa forma estaria agindo contra seus próprios interesses, porque suas próprias reservas de criptomoeda seriam desvalorizadas imediatamente. 

Apenas um estado poderia se permitir um ataque dessa magnitude, protegido pelo fato de que apenas os bancos centrais poderiam imprimir dinheiro sem restrições, sem sofrer – tanto – pelo custo. Quem mais poderia estar tão motivado para destruir algo com a consciência de que perderá mais do que poderia ganhar? 

O desafio fica mais difícil a cada 10 minutos

A chance de um hacker conseguir enganar a rede de mineradores diminui à medida que aumenta o histórico de blocos adicionados acima das transações que ele deseja modificar. 

Além disso, um hacker só poderia modificar secretamente suas próprias transações “recentes”, porque o restante dos nós nunca aceitaria um histórico de novas transações que não correspondesse a seu próprio registro no blockchain.

Mesmo assim, isso é tão improvável que Satoshi Nakamoto comparou essa expectativa delirante ao conceito estatístico de “ruína do jogador“. Um apostador persistente que começa a jogar com déficit, mesmo com “crédito ilimitado”, acabará falindo, não importa quantas estratégias de aposta use. 

Isso significa que um invasor que começa a competir contra mineradores de Bitcoin tem mais probabilidade de perder simplesmente começando a minerar blocos mais tarde. É como se você tivesse menos capital logo quando “inicia sua aposta”.

Na corrida para tornar seu blockchain aceito como válido (incluindo suas transações manipuladas), espera-se que o invasor tenha menos oportunidades de minerar ou validar o bloco de transações que a cadeia honesta.

“Dada a suposição de que [a cadeia honesta é maior do que a cadeia do invasor], a probabilidade diminui exponencialmente à medida que aumenta o número de blocos que o invasor precisa alcançar. Com as probabilidades contra ele, se ele não avançar no início, suas chances ficam cada vez menores à medida que ele fica para trás.”

– Whitepaper do Bitcoin

Não importa o quanto ele tente. As chances de um invasor usar o software Bitcoin para replicar secretamente um blockchain e, eventualmente, substituí-lo pelo blockchain público são mínimas.

No whitepaper do Bitcoin tem até uma demonstração matemática do declínio progressivo da sorte de alguém que tentou hackear o Bitcoin dessa forma.

Cheque sem fundo de bitcoin

Outra pergunta que você pode fazer é a seguinte: e se o hacker tentar pagar alguém com um “cheque sem fundo”, usando o mesmo bitcoin para pagar mais pessoas ao mesmo tempo?

O Bitcoin é projetado para evitar que qualquer pessoa duplique os gastos, que é como esse tipo de fraude é conhecido. Este sistema anti-hacking descrito no white paper do Bitcoin consiste em criar um “carimbo de data e hora” em cada transação. 

O objetivo é ter “um sistema para os participantes concordarem em um único histórico da ordem em que [as transações] foram recebidas”, como diz o white paper. 

Como o objetivo da rede é manter o máximo possível de cópias do histórico de transações para que ninguém possa alterá-las, a segurança do Bitcoin baseia-se na cooperação. Assim, quem recebe uma transação, só “precisa da prova de que, no momento de cada transação, a maioria dos nós concordou que foi a primeira recebida”.

Então não seria possível manipular um código de transação? – você pode se perguntar novamente

Não, não é possível. Cada transação em Bitcoin usa um algoritmo de criptografia conhecido como Sha-256, que foi projetado pela NSA e pelo Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) e é um padrão de segurança criptográfico usado em todo o mundo. 

Esse método pega as informações de cada transação e as transforma em uma sequência de 256 bits ou 64 caracteres, conhecida como hash.  Isso significa que qualquer informação de letra e número colocada na “máquina” criptográfica do Bitcoin torna-se um item único. 

Uma das funções desse algorítimo é gerar endereços de Bitcoin e também as chaves para identificar o dono desses endereços. Claro, por ter essas chaves exclusivas (as chaves privadas), você também pode provar que possui as criptomoedas armazenadas lá, e não qualquer pessoa que tente colocar as chaves aleatoriamente em uma carteira Bitcoin.

É praticamente impossível tentar encontrar a chave privada de alguém jogando números aleatoriamente. Na verdade, é tão improvável que, com um quatrilhão de tentativas, o invasor teria 0,681892% de chance de encontrá-lo. Se ele tivesse um milhão de computadores procurando um endereço Bitcoin privado a cada segundo, levaria até 30.000 anos para encontrá-lo. 

Boa sorte!

É tudo milimetricamente calculado

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Embora existam condições hipotéticas que podem não ser exatamente consideradas hacking, o Bitcoin está preparado para impedir que alguém tente tirar vantagem dele. Na rede que depende do consenso entre os participantes, tudo é milimetricamente calculado. 

O Bitcoin sempre escolhe a cadeia mais longa ou aquela com a maior prova de trabalho como verdadeira, evitando qualquer gasto em dobro. 

Sendo assim, o custo econômico do hack, as probabilidades contra ele, o nível de processos criptográficos em cada transação e a descentralização da rede são motivos suficientes para provar a solidez desta invenção que no dia 31 de outubro completou 13 anos de história.

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