Itaú, Bradesco e Santander lucraram R$ 69,4 bilhões em 2021. É o maior valor nominal da história; um crescimento de quase 35% em comparação a 2020.
O levantamento leva em consideração o lucro líquido recorrente das empresas – divulgado nesta semana em relatórios para os acionistas. O resultado do lucro líquido recorrente de cada um dos bancos no 4º trimestre foi o seguinte:
Bradesco: R$ 6,61 (-2,76%);
Santander Brasil: R$ 3,88 bilhões (+0,07%);
Itaú Unibanco: R$ 7,159 bilhões (+32,87%).
O Itaú foi o banco com maior lucro: R$ 28,879 bilhões. Também registrou o maior crescimento em relação ao ano anterior, com 45% de alta.
Os 3 bancos que estão listados na B3 conquistam resultados financeiros muito positivos mesmo em meio a desaceleração econômica. Algo que é recorrente no país.
Durante todo o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, os bancos lucraram oito vezes mais (279,9 bilhões de reais) do que durante o mandato de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso ( 34,4 bilhões de reais). Estes números constam em levantamento feito pelo jornal Valor Econômico com base em dados dos 50 maiores bancos, mas que não incluem o primeiro semestre do governo FHC.
Quando a economia brasileira vai bem, os bancos vão bem. Porém, quando a economia vai mal, alguns bancos parecem ir melhor ainda – sabe por quais motivos?
Oligopólio
A baixa competição entre os bancos brasileiros potencializa a concentração do setor no país. Isso restringe o mercado e os efeitos são sentidos diretamente nas pessoas físicas e pequenas empresas, pois estes 4 ou 5 bancos proeminentes possuem uma parcela muito maior do mercado.
Sem uma concorrência acirrada, as taxas não caem. Em um mercado concentrado é mais simples observar as ações da concorrência e, por vezes, o mercado fica engessado pois ninguém quer ganhar menos com suas taxas. Esta realidade está mudando com a chegada dos bancos digitais disputando com taxas cada vez menores.
“As pessoas pensam que os bancos odeiam o Bitcoin; Não, eles odeiam quando uma forma de dinheiro ou ativo financeiro escapa de sua capacidade de rehipotecá-lo e/ou cobrar comissões para negociá-lo. Também é provável que não seja uma ameaça existencial aos bancos que algumas pessoas acham que é. O evento de nível de extinção para bancos comerciais não é Bitcoin ou qualquer outro ativo digital privado, é o seu governo doméstico permitindo que a população mantenha contas diretamente com o Banco Central” – Arthur Hayes, CEO da Bitmex.
Spread Bancário
Assim como toda mercadoria, o dinheiro também tem um preço. Por isso no setor bancário, os bancos brasileiros faturam com a diferença entre o valor arrecadado para captar dinheiro e o que cobram para emprestá-lo à pessoas físicas e jurídicas através de empréstimos.
Essa diferença é chamada de spread bancário e o preço inicial cobrado pelo dinheiro é em grande medida baseado na taxa básica de juros (Selic). O Brasil é conhecido por ter um dos maiores spreads do mundo.
De acordo com o Banco Mundial, entre 2003 e 2017, as taxas e os spreads têm sido consistentemente mais altos na América Latina e Caribe (ALC), África Subsaariana (AFR) e em muitos países da Europa e Ásia Central (ECA), enquanto eles têm sido tipicamente mais baixos no Leste Asiático e Pacífico e no Oriente Médio e Norte da África (MENA).
Seleção de crédito
Quando os bancos brasileiros selecionam quais pessoas podem ter acesso ao crédito, seja ele um cheque especial, consignado ou pessoal, na verdade estão protegendo o lucro – uma vez que é difícil conseguir crédito através da análise de score e cadastro positivo.
Como há ainda muita burocracia, os riscos dos clientes não restituírem o valor devido diminui consideravelmente. Além disso, todos os investimentos feitos, seja em renda fixa ou variável, através dos bancos brasileiros são reinvestidos trazendo retornos maiores que a inflação de modo que aumentem ainda mais seus lucros.
Demissões
Com o avanço da tecnologia a tendência é que os bancos migrem cada vez mais para as plataformas digitais e diminuam os custos com as agências, toda essa operação gera lucros e esta diferença não é repassada para os clientes de forma que as tarifas continuam as mesmas aumentando ainda mais as receitas dos bancos.
Serviços
Um dos serviços mais rentáveis dos bancos brasileiros é o cartão de crédito. Que possui um juros – em modo rotativo – de 253,2% ao ano, que é a média do mercado. A inadimplência do consumidor gera altos rendimentos ao setor uma vez que o cliente paga mais de um terço do valor que utilizou.
Juros altos
Quem já ficou pendurado por causa do juros do cheque especial sabe como esse tema é desesperador para o brasileiro. Recordando que em junho de 2019, o Banco Central definiu a menor taxa da SELIC, desde 1997, para 6,0%, enquanto os juros do cheque especial cobrado pelos bancos brasileiros chegou a bater 322,23% ao ano, de acordo com o Banco Central em junho de 2019.
Os bancos brasileiros tentam justificar as altas taxas usando como argumento o cenário de recessão vivido pelo Brasil. Fazendo com que o setor fique na defensiva evitando perdas. Por isso, uma dica para não se comprometer com as altas taxas de juros dos bancos é construir a sua própria reserva de emergência.