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Por que congelar preços do Álcool em Gel é uma má ideia

Álcool em gel

Com a pandemia do coronavírus e a extensa divulgação das medidas preventivas que podemos adotar, produtos como o álcool em gel estão se esgotando rapidamente nos supermercados, além de terem preços em alta.

A demanda por álcool em gel e máscaras evidencia o pânico geral que a população está sentindo nessa crise econômica. Por esse motivo, muitos argumentam que ajustar o preço desses produtos para cima seria um oportunismo insensível.

Muito tem se divulgado sobre denunciar ao PROCON estabelecimentos que aumentem os preços do álcool em gel, invocando o inciso X do artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor (CDC).

E, de fato, o PROCON entrou em uma guerra chamada Operação Corona contra estabelecimentos que alterarem o preço dos produtos “para valores abusivos”.

No entanto, tentar proibir a livre flutuação dos preços por oferta e demanda pode ser ainda mais cruel, e neste artigo você vai entender o porquê.

Trocas voluntárias, oferta e procura

Primeiro é preciso entender que em uma troca voluntária, as duas partes necessariamente saem ganhando. Isso pode soar estranho, mas é explicado pela teoria do valor subjetivo.

Quando alguém compra uma máscara por 20 reais, o que ela deixa subentendido é que ele valoriza mais a máscara do que estes 20 reais; enquanto o vendedor, valoriza o contrário.

Podemos saber disso porque se fosse de outra forma, a troca não aconteceria. Isso, pelo menos, acontece na regra geral; pois em algumas exceções os indivíduos fazem por valorizar fatores externos aos meros objetos transacionados, como comprar Mentos de um vendedor ambulante para ter a sensação de estar ajudando.

Enquanto o vendedor tenta lucrar o máximo possível sobre o preço de aquisição, o comprador tenta conseguir o produto pelo menor preço possível. E o valor de mercado é quando esses valores se encontram.

Quando há uma alta na procura, como aconteceu com as máscaras e o álcool em gel, mais compradores competem pela mesma oferta e os vendedores ganham poder de barganha, e podem subir os preços.

Como esses preços podem subir e, até mesmo na escassez do produto, vendedores continuam não perdendo clientes? Simples, os consumidores, de certa forma, passam a enxergam ainda mais valor nestes produtos, logo creem que “vale a pena pagar mais por eles”.

Sinais de mercado e prateleiras vazias

prateleira de supermercado vazia, escassez de produtos

Além do aumento de preço ser uma movimentação normal de mercado, o encarecimento não representa um oportunismo dos vendedores gananciosos, mas uma sinalização útil para todos os agentes do mercado.

Essa diferença nos preços é o que sinaliza, por exemplo, que em alguma região está tendo pouca oferta (preços altos) e em outra está com oferta mais abundante (preços mais baixos).

Essa diferença de preços mostra oportunidades de lucro: comprar barato para vender caro, levar de onde está abundante para onde está escasso, ou seja, levar de onde se menos precisa para onde mais se precisa.

Se os preços do álcool em gel estão encarecendo, chances são de que o mercado está indicando uma escassez desse produto (quem aqui já rodou a cidade atrás de álcool em gel sabe). E ao proibir o “preço abusivo”, se fecha essa janela de lucro que resolveria o problema.

Com os preços congelados, somente uma alma caridosa arcaria com os custos de transporte de produtos de uma região mais abundante para uma com escassez, sem diferença de preços para compensar isso.

Não é uma boa ideia pedir para que o governo nos faça depender de almas caridosas, pois é exatamente assim que ele se vende. Daqui a pouco, até parece que ele é a solução para os problemas que criou. Já pensou?

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