Segundo um relatório recente, cinco dos seis maiores construtores de blocos da Ethereum estão agora em conformidade com as sanções estabelecidas pelo Office of Foreign Asset Control (OFAC) dos Estados Unidos.
Em um cenário marcado pelo aumento da censura e regulamentação governamental das criptomoedas, a Ethereum – uma das principais blockchains da atualidade – passou por transformações significativas.
A decisão destes construtores de blocos de aderir às sanções da OFAC vem após as restrições impostas pelo governo dos EUA sobre transações com Tornado Cash para cidadãos norte-americanos, efetivadas em agosto. Tais sanções tornaram-se um divisor de águas na comunidade Ethereum, intensificando debates sobre censura e autonomia dentro do blockchain.
Entendendo o cenário preocupante do Ethereum
Em um estudo, o pesquisador e analista de dados Ethereum, Toni Wahrstätter, destacou um crescente movimento de censura na rede. Construtores de blocos têm omitido deliberadamente transações que envolvem partes sancionadas pela OFAC. Isso culminou na exclusão de transações Tornado Cash por muitos dos principais players do ecossistema.
Além da omissão de transações, Wahrstätter ressaltou outras formas de censura na pilha validação/contrução de blocos da rede Ethereum. Validadores, por exemplo, têm liberdade para selecionar transações a serem incluídas ou excluídas dos blocos. Outros ainda evitam certificar determinados validadores, enquanto relays têm capacidade para filtrar blocos com base em regras específicas.
Apesar de avanços na área de relays com projetos como Ultra Sound, Agnostic e BloXroute, a censura tem se tornado uma preocupação crescente na rede Ethereum.
A importância da resistência à censura
O estudo de Wahrstätter sublinha a necessidade de resistência à censura para garantir a neutralidade política das blockchains. Para ele, é vital que nenhuma entidade tenha controle sobre mais de dois terços do conteúdo de uma blockchain. A descentralização, portanto, emerge não apenas como um princípio, mas como uma garantia de integridade do sistema.
Felizmente, há soluções emergentes que buscam enfrentar essa questão. Listas de inclusão, por exemplo, podem forçar entidades que censuram a sair do ecossistema ou oferecer a elas a possibilidade de de negar a inclusão de transações sancionadas pela OFAC.
Ainda, a utilização de Mempools criptografados, que cifram os dados das transações enquanto ainda não confirmados, surge como um meio de impedir que partes que censuram visem transações baseadas em seu conteúdo.
O cenário atual e o futuro
No entanto, o panorama ainda é desafiador. Mesmo com a comunidade Ethereum clamando por uma reversão na censura, relatórios mostram que a conformidade com a OFAC está crescendo. Em março, por exemplo, quase um terço dos blocos adicionados ao blockchain Ethereum eram considerados conformes à OFAC.
Em meio a este cenário, o Titan Builder destaca-se como o último grande construtor de blocos a incluir transações sancionadas pela OFAC, mantendo sua postura rebelde e desafiando as restrições estabelecidas.
Enquanto a comunidade Ethereum e as autoridades mundiais continuam em um cabo de guerra sobre a questão da censura, devemos assistir de perto quem vai ganhar essa disputa para melhor alocar nossos investimentos e esforços.