A privatização dos Correios voltou a ser pauta em Brasília após a divulgação de que algumas empresas multinacionais, como Amazon e Alibaba estariam interessadas na compra da estatal.
O vice-presidente da Associação dos Profissionais dos Correios, Marcos César Alves, concedeu uma entrevista à revista EXAME que virou meme no fintwit (a comunidade do mercado financeiro no Twitter) e foi comparada a um texto de stand up comedy.
Em relação a outros indicadores, como passivos, dívidas relativas à previdência e planos de saúde dos funcionários da empresa, ele respondeu:
E quanto aos indicadores dos Correios? De quanto é o passivo, por exemplo?
Não sei dizer.
Há dívidas relativas ao plano de previdência e plano de saúde?
E outras também, como encargos trabalhistas, mas não tenho esses dados.
De certo, realizar o valuation de uma empresa desse porte é uma tarefa árdua e que envolve dezenas de variáveis, como o número de ativos e passivos, dívidas, perspectivas de lucro, riscos jurídicos e outros. Porém, o despreparo do vice-presidente da associação para discutir o assunto beira o cômico.
Dificuldades para o cálculo
Uma das principais dificuldade para se calcular o valor dos Correios é avaliar corretamente o custo real dos passivos e dos ativos empresa. É comum ver imagens de pátios lotados com veículos abandonados. Incluem-se também computadores, equipamentos e dispositivos velhos e sem manutenção que são quase sempre o padrão em repartições públicas, especialmente em cidades pequenas.
As regulares greves (praticamente anuais) da empresa também podem ser um incentivo a menos para um possível comprador.
Esses pontos (e muitos outros) podem desmitificar a velha narrativa de que as estatais brasileiras são vendidas “a preço de banana”. Investir nesses “dinossauros” pode ser um tiro no escuro que deve trazer muitas dores de cabeça para o comprador futuramente.
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