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7 mil criptomoedas já sumiram e stablecoins não são estáveis, alerta FMI

Criptomoedas sumiram

Em novo relatório sobre a estabilidade financeira global, o Fundo Monetário Internacional (FMI) cita o “rápido crescimento dos criptoativos” como um risco para a economia. No texto, o FMI alerta sobre a “morte” de criptomoedas, instabilidade de stablecoins e riscos dos ativos DeFi.

Os riscos à estabilidade financeira ainda não são sistêmicos, ou seja, problemas nas criptomoedas não levariam ao colapso de todo o sistema financeiro. Possivelmente por isso os economistas do FMI estejam tão preocupados com El Salvador, que recentemente adotou o Bitcoin como moeda oficial.

O bitcoin é uma moeda digital que afasta a necessidade de intermediários para pagamentos. A descentralização, porém, não parece agradar o FMI, que sugeriu aos governos emitirem suas próprias moedas digitais centralizadas.

“Os formuladores de políticas devem implementar padrões globais para criptoativos e aprimorar sua capacidade de monitorar o ecossistema de criptomoedas abordando as lacunas de dados.

À medida que cresce o papel das stablecoins, as regulamentações devem corresponder aos riscos que representam e às funções econômicas que desempenham. Os mercados emergentes que enfrentam riscos de ‘criptonização’ devem fortalecer as políticas macroeconômicas e considerar os benefícios da emissão de moedas digitais pelo banco central.”, sugeriu o relatório.

Das 16.000 criptomoedas já listadas em corretoras, apenas 9.000 existem hoje

Em 2018, o Conselho de Estabilidade Financeira disse que os criptoativos não representavam um risco material para a estabilidade financeira global. De lá para cá, o aumento da capitalização de mercado, a exposição de instituições financeiras e o uso de criptomoedas para pagamentos mudou o cenário.

Gráfico da capitalização de mercado das criptomoedas.
Gráfico da capitalização de mercado das criptomoedas. Reprodução/FMI.org

Esse crescimento, que embora possa beneficiar mercados emergentes, como admitiu o FMI, traz diversos outros riscos, diz o relatório. Por exemplo, os investidores podem perder tudo segurando tokens que vão deixar de existir no futuro.

De 16 mil criptoativos já listados em diversas corretoras, apenas 9 mil existem hoje, disse o relatório citando dados do CoinGecko. Para entender melhor o risco de segurar um token “sem futuro”, leia o artigo “Como é a morte de uma criptomoeda?“, publicado no Cointimes em 2019.

Riscos operacionais que resultam em tempo de inatividade também foram citados, mas, embora seja comum alguma criptomoeda sair do ar temporariamente por algum problema, vale notar que o uptime do Bitcoin é de 99,98%. Apenas dois eventos levaram o Bitcoin a ficar “fora do ar”, um em 2010 e outro em 2013, ambos resolvidos em algumas horas.

Outro fator enfatizado pelo FMI foram as stablecoins, que são atreladas a um ativo subjacente, como o dólar ou euro, eram vulneráveis à volatilidade e às corridas de investidores.

Há alguns meses, os investidores viram o valor de um token financeiro descentralizado chamado de Titan, que fazia parte de um projeto de moeda estável algorítmica da Iron Finance, cair de cerca de US$ 60 para uma minúscula fração de centavo. Como ele fazia parte do lastro de uma stablecoin, ironicamente o preço da moeda estável apresentou instabilidade.

Baleias descarregaram seus tokens no mercado e desencadearam o equivalente a uma corrida aos bancos, com os comerciantes menores correndo para recuperar seu dinheiro. O colapso pegou até o bilionário Mark Cuban desprevenido. “Fui atingido como todo mundo”, ele tuitou na época.

A ação de um investidor em um país pode levar a consequências transfronteiriças se grandes corretoras globais de criptomoedas estiverem envolvidas, e a concentração de stablecoins por fabricantes de mercado também pode desencadear um contágio mais amplo, explicou o relatório.

As stablecoins também foram criticadas por conta da composição de suas reservas – o mais proeminente até agora é o token Tether USD (USDT), que alegou ser totalmente lastreado em dólares americanos, mas grande parte do seu lastro está em dívidas corporativas de curto prazo.

O FMI recomendou que os países colaborem para enfrentar os desafios tecnológicos, jurídicos, regulatórios e de supervisão que os criptoativos podem trazer.

“Onde os padrões ainda não foram desenvolvidos, os reguladores precisam usar as ferramentas existentes para controlar o risco e implementar uma estrutura flexível para criptoativos”, concluiu o relatório.

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