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Apple poderá apreender carteiras de bitcoin com novo sistema de vigilância?

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A Apple anunciou um novo sistema de monitoramento para toda a linha de produtos da empresa, e ele tem gerado dúvidas e discussões sobre a segurança e privacidade dos usuários. 

No dia 5 de agosto, a Apple anunciou um novo sistema com o suposto objetivo de detectar imagens ilegais de abusos contra crianças ou CSAM, na sigla em inglês. 

A busca e detecção por esse tipo de material não é novidade, já que Google, Facebook e muitas outras empresas usam tecnologias semelhantes para denunciar esse tipo de abuso. A notícia, no entanto, é que a Apple terá controle sobre todas as suas mensagens e fotos mesmo antes de enviá-las para os servidores da empresa, como um grande Big Brother ao vivo no seu celular.

O nível de invasão de privacidade chocou especialistas de todas as áreas. Edward Snowden, ex-NSA, acredita que Apple vai usar seus novos poderes para perseguir usuários de drogas:

“Não importa o quão bem intencionada, a @Apple está lançando vigilância em massa para o mundo inteiro com isso. Não se engane: se eles podem procurar pornografia infantil hoje, eles podem procurar por qualquer coisa amanhã.

Eles transformaram um trilhão de dólares em dispositivos em iNarcs — *sem pedir.*”

Como vai funcionar o novo sistema de monitoramento da Apple?

A empresa ainda não revelou todos os detalhes do novo sistema, mas pelo que sabemos ele será ativado, inicialmente, assim que o usuário ligar o upload do iCloud.

Então, o programa irá começar a monitorar todas as suas mensagens, fotos e conteúdos. Será criado um hash para cada conteúdo e assim que o hash bater com a base de dados obscura da Apple, um certificado será enviado para os servidores da companhia.

Se diversos hashes baterem com a base de dados, então uma pessoa poderá descriptografar os dados do seu smartphone e manualmente olhar o que você está fazendo, para então chamar a polícia. 

Um hash é uma função matemática que retorna valores únicos para cada arquivo diferente. 

“Obviamente, quem decidir o que está nesse banco de dados da Apple poderá definir se o seu smartphone será denunciado. Não há nada de diferente, em termo de tecnologia, entre uma imagem ilegal de abuso e uma imagem política pró-Biden, pró-Trump, pró qualquer político”, afirmou o renomado criptografo Matthew Green. 

Em conjunto com esse programa, uma inteligência artificial baseada em machine learning procurará por conteúdos suspeitos. 

A Apple não revelou se os funcionários que farão a revisão serão terceirizados, se eles terão acesso a todos os conteúdos do celular de cada usuário e se haverá algum tipo de compensação financeira se o algoritmo de machine learning der um alerta falso. 

A companhia afirmou que só usará o sistema para apenas um fim específico e prometeu não abusar de seus novos super poderes. 

Contudo, a Apple já foi pega em muitas contradições ao longo dos anos, incluindo a colaboração com regimes autoritários. 

Apple vai ajudar a apreender bitcoins? 

O pesquisador de Segurança da Informação Dr. Nadim Kobeissi salientou que a Apple já se dobrou a vontade de governos ditatoriais locais que não respeitam os direitos individuais. 

“A Apple vende iPhones sem FaceTime na Arábia Saudita, porque a regulamentação local proíbe chamadas telefônicas criptografadas. Esse é apenas um exemplo de muitos em que a Apple está inclinada à pressão local. O que acontece quando as regulamentações locais na Arábia Saudita determinam que as mensagens sejam escaneadas não para abuso sexual infantil, mas para homossexualidade ou para ofensas contra a monarquia?“, perguntou Nadim.

A Electronic Frontier Foundation também questionou as intenções da Apple e como essa nova tecnologia pode ser abusada para perseguir minorias:

“Tomemos o exemplo da Índia, onde as regras aprovadas recentemente incluem requisitos perigosos para as plataformas identificarem as origens das mensagens e do conteúdo. Novas leis na Etiópia que exigem retiradas de conteúdo de “desinformação” em 24 horas podem se aplicar aos serviços de mensagens.

E muitos outros países – muitas vezes aqueles com governos autoritários – aprovaram leis semelhantes. As mudanças da Apple permitiriam tal triagem, retirada e relatórios em suas mensagens de ponta a ponta.

Os casos de abuso são fáceis de imaginar: governos que proíbem a homossexualidade podem exigir que o classificador seja treinado para restringir o conteúdo LGBTQ+ aparente, ou um regime autoritário pode exigir que o classificador seja capaz de detectar imagens satíricas populares ou panfletos de protesto.”

O paralelo também pode ser aplicado em relação a países que proíbem o bitcoin, como é o caso do Quênia. Será que a Apple ajudará o governo queniano a apreender bitcoins? Basta que a base de dados tenha um endereço de BTC e o match será feito. 

A companhia também poderá ajudar a Receita Federal dos EUA a descobrir novos usuários de bitcoin, assim como terá a capacidade de acessar as chaves privadas de bitcoiners que utilizem um de seus produtos. 

Vale lembrar que o programa já está sendo testado nos EUA em uma pequena parte dos usuários, mas a Apple quer implementar o sistema para o mundo todo. 

E agora, como usar criptomoedas com a Apple?

Não sabemos se a Apple continuará com seu plano de expansão contra a privacidade dos usuários, também não fazemos ideia de como o algoritmo funciona e se a companhia manterá sua palavra. 

As dúvidas são muitas. Por enquanto, os clientes da marca estão a salvo do novo aparato de espionagem da própria empresa, mas a situação pode mudar a qualquer momento.

Com tantas incertezas o melhor a fazer é guardar os seus bitcoins/criptoativos offline e longe do alcance de Tim Cook. Veja abaixo algumas soluções de armazenamento seguro:

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