Os bancos brasileiros poderão fazer depósitos de dinheiro no Banco Central (BC) – se quiserem – em troca de remuneração. Segundo normativa anunciada pelo BC na quinta-feira (19), o objetivo do depósito remunerado é ajudar no controle da inflação.
Antes da nova ferramenta chamada depósitos voluntários, o BC administrava a quantidade de dinheiro no sistema bancário por meio de operações compromissadas – venda, com compromisso de recompra, de títulos públicos de sua carteira.
Mas a autarquia financeira está precisando de novos métodos de contenção da pressão inflacionária. O jeito foi apelar para a benevolência dos bancos brasileiros.
“Staking” de real
Agora, o BC vai poder receber depósitos voluntários das instituições financeiras mediante remuneração. Esse mecanismo de política monetária impacta diretamente na inflação e na taxa de juros do país, estimulando ou retraindo a economia dependendo do cenário que se apresenta.
De maneira semelhante, o staking – que é o mecanismo de consenso de algumas criptomoedas – diminui a circulação de moeda no sistema econômico aumentando a força deflacionária sobre ele.
O staking só é possível graças ao “mecanismo de consenso” – que são regras que definem a forma em que uma rede cripto deve funcionar. Para o Banco Central, não existe consenso distribuído, o mecanismo é executado pelo presidente do BC e orientado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
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A taxa de rendimento e as condições dos depósitos voluntários, por exemplo, se a vista ou a prazo, serão definidas por ato do BC.
Para garantir a operacionalização do mecanismo, haverá uma primeira rodada de testes com o mercado no dia 25 de agosto, das 15h às 16h, no Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia). Devem participar dos testes as instituições credenciadas a operar como dealers com o Demab (Departamento de Operações do Mercado Aberto).
Você pode acessar a resolução do BC aqui. Não confunda com nenhum whitepaper.
O mecanismo ideal para conter a inflação
Não quero enganar nenhum leitor, esse subtítulo é sensacionalista. Não existe um mecanismo ideal que possa conter a inflação, e se existir, quem precisa colocá-lo em prática é o presidente do BC, Roberto Campo Neto.
A pressão inflacionária deve estar pesando nas costas dele. Pois, segundo o Boletim FOCUS divulgado ontem, a projeção de inflação é elevada pela 20ª semana seguida. O que não é um bom cenário.

A pressão inflacionária continua agindo sobre os bens consumidos no Brasil. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que encontrava-se há 4 semanas em 6,56, aumentou para 7,11.
Além do mais, não é só a inflação que faz pressão, também fazem os políticos brasileiros. Pois quanto mais força eles fazem para aumentar o orçamento das eleições, mais dores nas costas o Campos Neto vai sentir. E se continuar desse jeito, quem vai sentir essa barra pesando nas costas é a população brasileira.
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