Os padrões monetários globais possuem ciclos, como em qualquer ecossistema econômico e o ciclo do padrão dólar como moeda global pode estar chegando ao fim. A decisão do Banco Central de Israel, aliado dos EUA, é mais uma evidência neste sentido.
Ciclos de padrões monetários globais
Em 1581 o Império Holandês começou a substituir o Espanhol como potência bélica e econômica, transformando sua moeda na principal reserva de valor global, criando um ciclo do padrão do Florim Holandês que durou até meados de 1700.
O mesmo aconteceu com o Império Britânico, que tomou o lugar do Império Holandês, se estabelecendo como potência mundial e transformando sua própria moeda – a Libra – no novo padrão monetário como reserva de valor.
O restante da história vocês já conhecem, que é a ascensão dos Estados Unidos da América e o dólar surgindo como reserva de valor preferida dos países e empresas ao redor do mundo. O padrão dólar vem sendo observado desde então, mas seu ciclo parece estar chegando ao fim, após anos (e décadas) de más decisões financeiras, políticas monetárias destrutivas, arbitrariedade econômica, keynesianismo, corrupção e crises atrás de crises.
Ray Dalio falou sobre estes ciclos em seu artigo “The Changing World Order”.
Padrão dólar pode estar chegando ao fim
Algumas evidências ajudam a demonstrar esta possibilidade, que parece cada vez provável a cada nova notícia relacionada com a situação econômica norte-americana e também do resto do mundo.
Uma destas muitas evidências é a saída de alguns bancos centrais do dólar. Ou pelo menos a diminuição significativa das reservas de empresas e nações em USD.
A notícia mais recente é sobre o Banco Central de Israel, um dos maiores aliados diplomáticos dos EUA, decidiu diminuir sua exposição ao dólar e diversificar entre outras moedas como Yuan (China), Yen (Japão), Dólar Canadense, Dólar Australiano, diminuir sua posição em Euro e aumentar em Libras Esterlinas (Reino Unido) – que já ocupavam o portfólio do BC israelense. Essa é a maior mudança de reservas do BC na última década.

A projeção do tesouro da autarquia, utilizado como reserva de valor para o país, fica o seguinte – para 2022:
- Dólar (USD): 61%
- Euro (EUR): 20%
- Yen japonês: 5%
- Libras esterlinas (GBP): 5%
- Dólar canadense: 3,5%
- Dólar australiano: 3,5%
- Yuan (CNY): 2%
Sendo que em 2020 os fundos eram compostos por 67,4% USD, 30,1% EUR e 2,5% GBP.
O Padrão Bitcoin
Esta tendência de diversificação também pode ser observada em outros países e empresas, principalmente com uma alocação de recursos em Bitcoin (BTC) e outras criptomoedas, que surgem como uma alternativa real e segura de reserva de valor monetária.
Empresas como Tesla, MicroStrategy e tantas outras já começaram a diversificar seu tesouro, saindo do padrão dólar, com menos peso do USD norte-americano e exposição em BTC, ETH, entre outros.
Países como El Salvador e a República Centro-Africana seguem a tendência, tendo iniciado uma exposição em bitcoin através de seus bancos centrais e transformando a moeda digital descentralizada em dinheiro legalmente aceito em sua economia, sujeitos às mesmas regras de qualquer dinheiro local.
O economista e autor Saifedean Ammous descreve parte deste fenômeno no livro O Padrão Bitcoin (The Bitcoin Standard) e explica as características que fazem do BTC o próximo forte candidato a assumir o novo ciclo monetário.
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