A exchange de bitcoin Kraken cresceu rapidamente nos últimos anos e chegou a 3200 funcionários, mas alguns estavam atrapalhando a produtividade da companhia, de acordo com o CEO Jesse Powell.
Ao invés de estar demitindo uma parcela do seu pessoal por conta do inverno cripto, como fez a Gemini, Mercado Bitcoin, Coinbase e outras corretoras, a Kraken está contratando. No entanto, ofereceu “ofertas para sair” para funcionários que não estejam de acordo com as políticas da empresa.
Em entrevista à Fox Business, o CEO da Kraken disse que sentiu que sua empresa estava sendo “atacada” por dentro. Isso porque a produtividade foi prejudicada com discussões internas que envolviam alguns dos novos contratados. Em alguns momentos, trabalhadores perdiam tempo consolando essas pessoas quando seus sentimentos eram feridos e alguém “dizia uma coisa errada”.
“Quando as coisas estavam cor-de-rosa, todo mundo se dava bem. Quando as coisas começaram a parecer sombrias, as sensibilidades e o desalinhamento apareceram. As pessoas se concentraram em pequenas ofensas, problemas de primeiro mundo, em vez de nossa missão realmente grande e importante de ajudar bilhões de pessoas.”, disse o CEO.
Jesse definiu esses funcionários como “triggered” (pessoas que se sentem provocadas facilmente) ou “woke” (pessoas alertas sobre pautas progressistas). E, para livrar a empresa deles, ofereceu 4 meses de salário para quem sentisse que seus objetivos e cultura não estavam alinhados com a Kraken.
No Twitter, o empresário e entusiasta do Bitcoin esclareceu quais foram os principais temas de conflito que estavam interrompendo a produtividade saudável da corretora: diversidade, igualdade, inclusão, pronomes, supostas diferenças entre homens e mulheres, “palavras violentas”, etc.
Problemas de primeiro e terceiro mundo
O executivo por trás da Kraken chamou os temas relacionados à diversidade e uso adequado de pronomes, por exemplo, de “problemas de primeiro mundo”. Além disso, o principal objetivo da empresa está ligado à inclusão financeira, um problema do terceiro mundo.
Quanto à diversidade, ela já está ligada à empresa, pois ela possui funcionários de mais de 50 países trabalhando para criar produtos para cidadãos de mais de 190, de acordo com o CEO. “Diferentes perspectivas serão compartilhadas. Isso é diversidade. Nem sempre é fácil. Você precisa ser resiliente, humilde, aberto e altamente tolerante com as diferentes normas.”
Sobre o problema com alguns funcionários, Powell comparou a postura de alguns progressistas com ditadores:
“Eu entrei um pouco no debate porque tenho a mente aberta. Eu posso ser convencido. A equipe deve participar das políticas. O problema é que eu sou muito mais estudado nos tópicos de política, as pessoas são ‘provocadas’ por tudo e não podem se conformar com as regras básicas do debate honesto. De volta à ditadura.
Depois é sobre “silenciar” as pessoas. O engraçado é que os maiores ativistas têm a visão mais míope do mundo. Eles não percebem como são discriminatórios para os outros. Você quer ser “inclusivo” perguntando a um candidato saudita [que possui inglês como segunda língua] seus pronomes/gênero em uma entrevista de emprego?
A maioria das pessoas não se importa e só quer trabalhar, mas não consegue ser produtiva enquanto pessoas desencadeadas as arrastam para debates e sessões de terapia. A resposta para nós foi apenas apresentar o documento de cultura e dizer: concorde e comprometa-se, discorde e comprometa-se, ou aceite o dinheiro.”
Na thread no Twitter, Jesse informou que 20 funcionários já teriam aceitado a oferta de 4 meses de salário adiantado para sair. No momento da entrevista para TV, já eram 30.
Tudo isso foi divulgado em antecipação a alguma matéria negativa que poderia surgir na mídia sobre a Kraken, pois supostamente alguns funcionários estariam entrando em contato com jornalistas para denunciar as políticas internas. Pouco depois de sua thread no Twitter, o NY Times publicou uma matéria sobre o assunto e baseada em conversas vazadas do Slack da Kraken.
Veja também: