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“Sistemas descentralizados são muito democráticos” – segundo CTO da Ripple, sobre Solend

Mão depositando voto em urna

O CTO da Ripple, comentou sobre o caso da Solend, ao responder dúvida sobre possíveis mudanças no código da XRP, que alteraria o protocolo. Regras são imutáveis, até não serem mais.

O que aconteceu na Solend pode acontecer na XRP?

O caso da Solend está tomando as manchetes de plataformas de notícias relacionadas à finanças descentralizadas e aqui na redação do Cointimes preparamos uma matéria completa para você entender o que está acontecendo.

Saiba mais: A necessidade faz o ladrão: Solend rouba conta de usuário, mas volta atrás e devolve

Com as atenções voltadas para a mudança de código aprovada sob votação realizadas às pressas em momento muito emocional do mercado, muitos investidores passaram a se perguntar se algo parecido poderia ocorrer nos protocolos em que eles estão investidos.

Apesar da resposta ser bastante óbvia e o tema ser extremamente importante, muitas pessoas nunca nem mesmo pararam para pensar nessa possibilidade. Muitos outros ainda, por ingenuidade ou desonestidade, insistem em comunicar que protocolos cripto são imutáveis, mas não é bem assim que funciona.

Escrow da XRP poderia ser alterado

A distribuição da XRP, como na maioria das moedas e tokens, ainda não foi 100% realizada. O que significa que a quantidade de XRP em circulação aumenta gradativamente com o tempo, em uma inflação própria, controlada e programada por código. Que pode ser prevista.

Mais ou menos como acontece com o Bitcoin (BTC) ou Bitcoin Cash (BCH) através da mineração, ou com outras criptomoedas e tokens que também emitem novas unidades em um determinado espaço de tempo.

Cada moeda tem suas próprias regras e mecânica pré-determinada pelo criador original e pela comunidade de desenvolvedores e nodes que mantém a rede funcionando e trabalham todos os dias para melhorar a tecnologia.

No caso da XRP, o método escolhido foi a criação completa de todas as moedas em um bloco gênesis (diferente do Bitcoin, que as moedas são criadas gradualmente através da mineração), chamado por alguns de pré-mineração (pre-mine), e o travamento de 55% do supply em “Escrows” (cauções).

Este supply travado é liberado com o tempo, de forma programática e validado pelo consenso do protocolo.

Um usuário no Twitter, preocupado com o caso da Solend, perguntou se “(…) é isso que pode acontecer com o depósito de #ripple se eles decidirem começar a despejar ou agir de uma maneira que não seja do melhor interesse para o ecossistema #xrp?”, ao compartilhar a notícia do protocolo da Solana (SOL). Na sequência, um outro usuário disse que isso não era possível, mas que ele deveria ser corrigido se estivesse errado – o que demonstra que estava sendo honesto em sua resposta, e não querendo enganar alguém.

No entanto, ele está equivocado e o erro foi corrigido pelo CTO da Ripple, David Schwartz.

“Se você conseguir convencer a comunidade a fazer alterações nas regras, poderá alterar o código de qualquer maneira que eles aceitem. Nada é definitivo – sistemas descentralizados são muito democráticos porque não há como forçar a maioria a aceitar qualquer coisa com a qual eles não concordem.”

– David Schwartz
Fonte: Twitter – @JoelKatz

Nada é definitivo

Esta é a verdade pouco divulgada, inclusive por comunidades maiores e mais antigas, como a do Bitcoin. Não é difícil ver entusiastas (principalmente os auto-denominados ‘maximalistas’) repetirem o equívoco de que o código do Bitcoin é imutável e o supply de 21 milhões nunca e jamais poderia ser aumentado.

E a verdade é que todo código é imutável, até que ele não seja mais.

Conforme apontado por Schwartz, sistemas descentralizados são muito “democráticos”, já que sua validade e manutenção dependem unicamente do consenso entre os participantes da rede.

Esta verdade pode ser observada com as atualizações destes protocolos, como soft forks (SegWit ou Taproot no BTC), ou hard forks (como ocorreu no BCH em 2017), com alterações no código que podem, ou não, serem adotadas pelos nodes que mantém a rede funcionando.

Se um número suficiente de nodes aceitarem a mudança, ela é implementada para a rede formada por estes pares. Para os nodes que não aceitarem a mudança, em alguns casos (quando a mudança tem grande impacto), ocorre uma divisão na rede (fork) criando duas versões diferentes.

Existem mudanças que, por lógica, são mais difíceis de serem aprovadas, porque iria contra algumas premissas básicas, mas a percepção da comunidade pode mudar com o tempo, principalmente se a maioria dos participantes (ou daqueles que tem poder sobre o consenso) decidirem que a alteração vai beneficiá-los.

Foi isso o que aconteceu na Solend, onde os votantes não se importaram em roubar a conta de um outro usuário, já que este roubo iria beneficiá-los.

O mesmo poderia acontecer na XRP, no Bitcoin ou em qualquer protocolo com consenso descentralizado, desde que um número suficiente de usuários fosse convencido da mudança.

Eu abordei este assunto nesta matéria quando o Banco Central disse que o supply do Real Digital (CBDC brasileira) seria fixo, como o do Bitcoin. Provando que ele poderia ser alterado com facilidade a qualquer momento em um sistema mais frágil e vulnerável, onde o consenso depende apenas de uma entidade – o Banco Central / Governo.

Saiba mais: CBDC – História para boi dormir, BC diz que real será limitado

O Coeficiente de Nakamoto, por exemplo, é uma métrica que mede a quantidade de entidades que precisariam ser convencidas para conseguir dominar o consenso e aprovar mudanças significativas.

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