Os atentados de 11 de setembro de 2001 moldaram boa parte das decisões de política monetária dos EUA até agora. É fácil de identificar o boom econômico experimentado pela população americana até a década de 90, e após a queda das torres gêmeas, as estruturas econômicas do país revelando as rachaduras.
Durante a década de noventa, os habitantes do planeta viviam um período de unipolaridade. Com o fim da Guerra Fria, o liberalismo conquistou a hegemonia internacional.
Entretanto, após a queda das torres, o dólar começa a perder sua força e concorrer com a China, que estava se tornando mais uma potência em ascensão, e agora também o Bitcoin.
Como o dólar influencia nas criptomoedas
A influência do dólar nas criptomoedas vai muito além da cotação. Sendo uma das maiores moedas fiduciárias do mundo, utilizada em escala global como referência para a cotação de ativos financeiros tradicionais e para sistemas de pagamentos, é fundamental entender a dinâmica do dólar e como sua flutuação pode interferir no universo cripto, incluindo a cotação das criptomoedas em reais (BRL).
Diferenças
O Bitcoin é uma criptomoeda, que possui um código-fonte aberto e é totalmente descentralizada. Isso significa que ela é passível de ser comprada e vendida apenas no meio digital, que qualquer programador ou desenvolvedor consegue acessar o seu código pela blockchain e que ela não é regulamentada ou controlada por alguma entidade ou servidor central.
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O dólar, uma moeda que já foi lastreada ao ouro, hoje em dia é emitida pelo Banco Central dos EUA, o Federal Reserve. Ou seja, ela é uma moeda que é completamente centralizada, e que é regulamentada e controlada por uma única instituição financeira, o FED. Consequentemente, a emissão de dólares, função de controle do FED, não estipula um número limite de dólares em circulação.
Influência
O dólar influencia no cenário macroeconômico, que por sua vez influencia nas criptomoedas. Por isso, o Bitcoin, assim como a maioria das criptomoedas, é cotado globalmente em dólar – e muitas vezes, a variação das criptomoedas no Brasil pode simplesmente estar relacionada a uma variação do dólar aqui.
Um estudo da Chainalysis analisou os ganhos em Bitcoin por país em 2020. Os Estados Unidos foi o país que ficou em primeiro lugar, com US$ 4,1 bilhões de lucro, valor muito superior ao visto pela segunda posição, que foi a China, com US$ 1,1 bilhão.
Ou seja, de uma forma ou de outra, podemos concluir que o dólar movimenta as criptomoedas, seja através de investidores institucionais ou mesmo por pessoas físicas.
O fim da hegemonia do dólar ?
O trauma dos atentados de 11 de setembro de 2001 parou a economia americana. Durante meses a população americana diminuiu o consumo e as empresas diminuíram a produção.
Nas bolsas de valores, as ações despencaram com as expectativas ruins sobre a atividade econômica. O presidente do banco central norte-americano, na época Alan Greenspan, classificou o quadro de recessão, embora o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos não tenha chegado a registrar taxas negativas no período.
Para então estimular a economia, o Fed acelerou a redução dos juros básicos e manteve as taxas baixas até 2004. No lado fiscal, os Estados Unidos ampliaram os gastos militares com a guerra no Afeganistão e com a invasão do Iraque. O comportamento da política fiscal e monetária norte-americana nos anos seguintes aos atentados terroristas, de certa forma, influenciou a crise atual, mas sua contribuição foi decisiva.
Fim da Guerra Fria e início da Guerra ao Terror
Os anos 90 são anos de crescimento para os EUA, ninguém conseguiu rivalizar com a nação americana, na época. Até o final da década de 90 as reservas internacionais de todos os países eram majoritariamente em dólar. O Brasil fazia comércio com a América Latina e a China em dólar.
Em 2001 as contas públicas estavam em superávit. O endividamento era bem baixo – cerca de 60% do PIB. E com esse dinheiro todo os EUA conseguiram financiar sua “polícia global”, influenciando não só a cotação do Bitcoin (a partir da sua criação em 2009), mas também as políticas econômicas dos países emergentes e os territórios vigiados pelas suas forças militares.
Rachadura econômica
Após o 11 de setembro, os Estados Unidos colocam de fato suas botas em territórios inimigos – “Boots on the ground”. Aquele espetáculo de terror televisionado para toda a população dos Estados Unidos foi o primeiro ataque em território americano desde Pearl Harbor. Por isso, logo em seguida ao ataque, uma Guerra ao Terror foi iniciada.
A justificativa para os gastos militares na região do Oriente Médio foi a Guerra ao Terror. As políticas monetárias expansionistas incentivaram muito mais o consumo. A população americana não queria perder o status da década de 90, por isso enquanto os soldados americanos lutavam pela soberania dos EUA no Oriente Médio, o governo continuava sustentando artificialmente a ilusão de crescimento econômico.
Contudo, também após a crise de 2008, os EUA e a Europa quebram, a China ascendeu como potência e ainda mais um agente (não governamental) entra nessa batalha econômica global: o Bitcoin.
Surgimento do Bitcoin
Após a queda das torres, o dólar começa a perder sua força e hegemonia para outras potências, e nesse balaio, surge o Bitcoin como alternativa descentralizada aos sistemas monetários tradicionais.
Entretanto, o dólar ainda possui uma enorme vantagem econômica. Isso pois ele foi escolhido como a reserva de valor mundial após o acordo de Bretton Woods, status que se manteve mesmo após a quebra do acordo em 1971. Além disso, desde a criação do BTC os Estados Unidos são o país que mais movimenta a criptomoeda no mundo, como já mostramos.
Uma quarta etapa da história do dinheiro parece estar surgindo, a era Bitcoin. Esse evento criaria as bases para uma nova economia mais sólida e resistente, onde os juros correspondem às poupanças e a moeda não pode mais ser desvalorizada artificialmente. Resta saber se as bases do dólar vão sustentar o peso desse novo ciclo econômico.
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