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Consensus mostra que o tempo urge para o Brasil

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Seguindo os rumos do mercado de criptomoedas, a Consensus cresceu, ou melhor, explodiu. Aquela conferência realizada em Nova York que reunia “apenas” 2 mil entusiastas de criptomoedas, os early adopters e geeks de sempre, agora tornou-se um evento com 8.5 mil participantes – expositores institucionais e visitantes dos quatro cantos do planeta, todos ávidos por lançamentos e novidades feitos nos três dias (14 a 16 de maio).

Existia a expectativa de que a cotação do bitcoin e de outras importantes criptomoedas respondessem com alta aos anúncios realizados durante a Consensus, como já havia acontecido em edições anteriores. Essa expectativa não se concretizou, pelo contrário, o preço caiu. Ainda assim, afirmo com segurança que a Consensus é o divisor de águas para o mercado. Por exemplo, em 2017, trouxe a votação sobre o Lightning Network, o que provavelmente fez com que o bitcoin pela primeira vez ultrapassasse US$ 2700. No início do mês, antes do evento, ele estava na casa dos US$ 1400.

Muita coisa brilhou aos meus olhos nesta edição: tecnologias desenvolvidas a partir do blockchain que surgiram no ano passado estão mais consistentes e prestes a se tornarem escaláveis. Um exemplo é a solução de contratos inteligentes da Enigma, que vai revolucionar as áreas que necessitam de privacidade no blockchain, como o setor bancário e de saúde.

Também vi com alegria a presença de grandes investidores institucionais: Delloite, IBM, KPMG, Microsoft, SAP, Accenture estavam com grandes stands. Nos corredores, muitos rumores de que grandes bancos estão com os radares voltados para a aquisição de exchanges, ao passo que a bolsa de Nova York, a mais importante do mundo, desenvolverá uma plataforma que de alguma forma lide com criptoativos. É a nova economia despertando a atenção dos gigantes e tornando cada vez mais o blockchain e as moedas digitais um caminho sem volta.

Mas, até por conta da minha área de atuação, sem dúvida as discussões regulatórias foram o ponto alto da Consensus. Bermudas, pequena colônia caribenha do Reino Unido, de apenas 63,5 mil habitantes, quer tornar-se um hub global para fintechs. O país apresentou-se no evento como uma nação pró-cripto já desenvolveu e continuará desenvolvendo, dispositivos regulatórios para a realização de ofertas iniciais de moedas (ICO, na sigla em inglês), instalação de exchanges, serviços de carteira e provedores de pagamento.

E não é só Bermudas. Outros países da América Central, além de Japão, Suíça e muitos outros estão na vanguarda, criando legislações modernas, que fomentam a inovação e coíbem lavagem de dinheiro e demais tipos de crimes financeiros. Esse movimento é muito positivo, pois dá “musculatura” ao mercado global e cria benchmarks, mas, pensando como agente do mercado brasileiro, ver essas experiências positivas apenas evidenciaram como o Brasil está perdendo tempo.  Poderíamos estar atraindo todos esses investimentos e gerando esses novos empregos aqui.

O desafio não é apenas nosso. Em um outro painel que reuniu legisladores, Katherine Duveneck, membro da Casa de Representantes dos Estados Unidos (o que equivale a nossa Câmara dos Deputados) falou sobre os desafios que está sendo educar. E neste caso ele não está falando da população que é, claro, parte fundamental dessa equação, mas de uma etapa anterior. Aqui no Brasil ainda precisamos subir o primeiro degrau de uma longa escada, que é a de educar reguladores, legisladores e o poder executivo.  

A Consensus, mais especificamente este painel, ajudou a estabelecer qual deverá ser, a partir de agora, a primeira missão da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto). Não podemos perder mais tempo sob o risco de ficar definitivamente para trás.

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